Opinião – Viagens de Lula já consumiram 25 milhões: pagos até o último centavo por você

As viagens de Lula são, cada vez mais, um espetáculo apenas ridículo, onde a personagem que mais se exibe é a sua mulher. Escreve J.R. Guzzo.

14/09/2023 09:56

“Lula conseguiu gastar 25 milhões de reais – no mínimo, e segundo dados do próprio Governo, que não incluem os trajetos aéreos”

Lula, Janja e a comitiva presidencial chegam a Nova Delhi, Índia. Foto: Ricardo Stuckert / PR

O presidente Lula acaba de gastar 2 milhões, só de hotel, para passar um fim de semana prolongado na Índia. A escolha do hotel, como em todas as viagens do seu programa de volta ao mundo com a mulher, é feita pelo preço. Qual é o mais caro de todos? Então vamos ficar nesse. Carrega com ele, a cada vez que põe o pé fora do Brasil, uma comitiva de sultão, paga até o último centavo por você.

Como é possível em três dias, descontando o tempo que eles passam no avião, arrumar trabalho para tanta gente? É claro que ninguém faz trabalho nenhum – a maioria dos acompanhantes, para começo de conversa, não sabe falar inglês. Os 2 milhões são só de hotel, uma despesa que não dá para esconder; o resto, e põe resto nisso, é tratado pelo governo democrático, popular e transparente de Lula como segredo de Estado.

Em oito meses na Presidência, Lula já fez treze viagens ao exterior, fora as escalas em ilhas do Oceano Atlântico e uma visita ao Vaticano para tirar foto com o papa, e esteve em vinte países. Não há registro de nada parecido com isso na história dos presidentes do Brasil, e talvez do mundo. É também uma queima inédita de dinheiro público.

Nesses oito meses, segundo um levantamento do site Poder 360, Lula conseguiu gastar 25 milhões de reais – no mínimo, e segundo dados do próprio governo, que não incluem os “trajetos aéreos”. Dá, até agora, 3 milhões de reais por mês ou 100 mil reais por dia. É dinheiro que está sendo pago para o casal Lula ficar no exterior, sem fazer nada de útil para o interesse público. É verdade que ele também não faz nada quando está aqui – mas se tivesse feito só uma ou duas viagens nesse período, o que já estaria mais do que bom, a conta ficaria mais barata. Nada por nada, é menos ruim gastar menos.

A propaganda oficial do governo, talvez sentindo a necessidade de dizer alguma coisa a respeito, veio com uma peça de publicidade (que agora tem de ter obrigatoriamente o vermelho, junto com as cores nacionais) apesentando uma das fake news mais incompetentes que já foram produzidas neste país. Dizem ali que as viagens de Lula já renderam mais de 100 “bilhões de dólares” em “investimentos no Brasil”. É uma piada.

Investimento estrangeiro não sai nos comunicados do serviço de imprensa do governo – seu montante preciso e real está registrado no Banco Central, e ninguém no Banco Central, ou em qualquer outro lugar da administração, tem a menor ideia de que bilhões são esses. Dinheiro certo, mesmo, são os 2 milhões de reais que o primeiro casal gastou para ficar num hotel de dez estrelas da Índia – e os 800 reais que o governo federal diz que vai dar para as vítimas das últimas enchentes no Rio Grande do Sul.

As viagens de Lula são, cada vez mais, um espetáculo apenas ridículo, onde a personagem que mais se exibe é a sua mulher e a função de Lula é aparecer estático, como uma figura de museu de cera, em fotos ao lado de altos presidentes, reis e primeiros-ministros – como se ele tivesse capacidade para conversar de qualquer assunto sério nesses encontros. Ao mesmo tempo, tendem a ficar ainda muito mais caras do que já são.

Lula e sua corte de Terceiro Mundo viajam, hoje, num Airbus A-319-ACJ privado, mas o presidente e Janja não estão satisfeitos. Querem coisa melhor, um Airbus A330-200 com quarto privativo e cama de casal, banheiro com chuveiro quente, sala de reuniões e outras exigências de conforto só feitas por bilionários das Arábias. O novo avião está orçado, por baixo, em 70 milhões de dólares. Deve ser, com certeza, um dos compromissos com “os pobres” para os quais o governo diz, todos dos dias, que precisa de mais imposto.

 

 

 

 

Por J.R.Guzzo é jornalista. Começou sua carreira como repórter em 1961, na Última Hora de São Paulo, passou cinco anos depois para o Jornal da Tarde e foi um dos integrantes da equipe fundadora da revista Veja, em 1968. Foi correspondente em Paris e Nova York, cobriu a guerra do Vietnã e esteve na visita pioneira do presidente Richard Nixon à China, em 1972. Foi diretor de redação de Veja durante quinze anos, a partir de 1976. Nos últimos anos trabalhou como colunista em Veja e Exame.

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