Opinião – É hora de fazer cada dia melhor

A agropecuária brasileira pode ser líder nesse novo conceito, mas é preciso comprovar isso (…) por isso, as certificações e processos de garantia são tão importantes. Escreve Luciano Vacari.

09/10/2023 05:17

“Mensurar, reportar e verificar o que ocorre antes e depois de utilizar tecnologias regenerativas”

O crescimento populacional mundial e necessidade de produção de alimentos em grande escala fizeram com que a agricultura passasse a adotar tecnologias e métodos de produção que visavam apenas o desempenho produtivo. Era necessário produzir cada vez mais para alimentar um planeta cada dia mais faminto.

Mas o modelo de produção de alimentos, fibras e energia passou nos últimos anos por uma verdadeira revolução no Brasil. Tanto a agricultura, como a pecuária, deram saltos de produtividade que seriam inimagináveis a algumas décadas atrás. Passamos pela revolução verde, multiplicamos a quantidade produzida por hectare, mitigamos gases de efeito estufa com as tecnologias de emissão de carbono e hoje avançamos rumo à agricultura regenerativa.

A arte de cultivar a terra, ou a agricultura regenerativa, é um conceito de atividade milenar, que através de um conjunto de técnicas, métodos e procedimentos que viabiliza a produção de alimentos garantindo não só a preservação, mas também a regeneração dos ecossistemas, ou seja, é a capacidade de produzir alimentos e matéria-prima oferecendo concomitantemente condições de recuperação à natureza.

Mas esse processo deve ser gradativo, constante e principalmente, com método. Temos que manter o processo evolutivo permitindo a regeneração dos ecossistemas, validando os estágios da unidade de produção e atestando sua transição de uma agricultura convencional para uma agricultura regenerativa.

É necessário manter todos os ciclos hidrogeoquímicos e não apenas o carbono no solo. É um conceito mais amplo. As tecnologias preveem que a produção de alimentos aumente, por exemplo, a quantidade de água disponível no solo e garanta a continuidade dos ciclos.

A utilização de biológicos, por exemplo, é um pilar estratégico, com uma trajetória que passa pela redução de produtos químicos para buscar soluções que aumentem a produtividade e literalmente imitem processos da natureza. São soluções baseadas na natureza.

Há ainda um outro pilar fundamental na agricultura regenerativa: as pessoas. Todo esse modelo produtivo deve, necessariamente, melhorar a renda das famílias, aumentar a produção de alimentos, sempre olhando para a segurança alimentar, criando conexões entre o campo e a cidade e melhorando a vida das pessoas.

A agropecuária brasileira pode ser líder nesse novo conceito, mas é preciso comprovar isso. Mensurar, reportar e verificar o que ocorre antes e depois de utilizar tecnologias regenerativas, por isso, as certificações e processos de garantia são tão importantes.

Essa prática milenar significa uma volta ao passado, buscando na natureza soluções e caminhos para a agricultura moderna. Manter a biodiversidade é fundamental nas paisagens agropecuárias. Isso se dá por meio da produção com conservação e aumento da fauna e flora nativa.

Parece um mundo perfeito e distante não? Mas é o que garantirá a continuidade da produção e produtividade nas próximas décadas. Já fizemos mais, mas chegou o momento de fazer cada dia melhor. Mais do que preservar, é necessário regenerar.

 

 

 

 

 

Por Luciano Vacari é gestor de agronegócios e diretor da Neo Agro Consultoria

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