Opinião – O Brasil se tornou cúmplice dos crimes de guerra cometidos pelos aliados de Lula

O Ministério dos Direitos Humanos, por fim, conseguiu ficar em silêncio quase absoluto diante do pior crime contra a humanidade. Escreve J.R. Guzzo.

13/10/2023 09:58

“Lula, em nenhum momento, conseguiu dizer: “Hamas”. É como se os ataques a Israel, que ele “lamenta”, tivessem vindo de Marte”

O Itamaraty, sob a gestão de Lula, não mencionou o Hamas em nenhum momento, nem se referiu a ele como grupo terrorista. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.

O governo Lula está enfiado até a cabeça em mais um espetáculo público de hipocrisia, contrafação de ideias e estelionato deliberado contra a boa-fé dos brasileiros. Como em tantas outras ocasiões, quer tirar proveito, ao mesmo tempo, de duas coisas que são opostas entre si. Diante dos ataques terroristas mais selvagens que seus aliados do Hamas já lançaram contra Israel, acha que a esperteza mais eficaz ao seu alcance é fingir que tem uma posição neutra.

Quer ficar a favor dos agressores, porque apoia automaticamente as ditaduras. Mas como fazer isso é arriscado nesse momento, achou mais seguro “lamentar” a perda de vidas etc. – e ficar nisso. Quer também vazar a sua eterna carga de rancor contra Israel. Mas como tem medo de falar o que pensa numa hora dessas, quando o mundo inteiro assiste às chacinas, os sequestros de crianças, o assassinato a sangue frio de jovens (inclusive brasileiros), as torturas e os estupros cometidos contra os israelenses por seus parceiros do Hamas, pede que os ataques cessem. Acha que assim ajuda os terroristas e não se alia abertamente com eles.

É uma fraude mal pensada, malfeita e mal acabada. Nenhum país de respeito levou a sério essa neutralidade falsificada; fica tão na cara que o governo Lula está contra Israel e a favor do Hamas, com seus comunicados enganosos, seus silêncios e suas declarações de duplo sentido, que o Brasil se tornou cúmplice dos crimes de guerra cometidos pelos aliados do presidente.

Lula, em nenhum momento, conseguiu dizer: “Hamas”. É como se os ataques a Israel, que ele “lamenta”, tivessem vindo de Marte. Quatro dias depois do início da tragédia, pediu a liberdade para as crianças sequestradas pelos terroristas. Mas, exatamente ao mesmo tempo, pediu que Israel “cesse os bombardeios” contra o núcleo dos seus inimigos em Gaza. O crime hediondo de sequestro, com essa declaração, é equiparado às ações de legítima defesa do país atacado; para recuperar suas crianças, não pode mais se defender. É exatamente para isso, a propósito, que o Hamas fez o sequestro: para chantagear Israel, na tentativa de não sofrer bombardeios depois dos massacres que praticou.

Toda a linguagem do governo é pró-terrorismo e anti-Israel. O Itamaraty soltou uma nota oficial chamando de “falecimento” o assassinato brutal de um jovem brasileiro pelo Hamas. O consórcio PT-Psol-PCdoB, que já assinou manifestos irados em favor da organização criminosa que controla os territórios da “Palestina”, se recusa a condenar os atos terroristas contra Israel. O MST e outras estrelas do regime fizeram um comício (com 150 pessoas) para apoiar a agressão.

O Ministério dos Direitos Humanos, por fim, conseguiu ficar em silêncio quase absoluto diante do pior crime contra a humanidade já ocorrido desde a sua fundação. Soltou uma notinha tão burocrática e vacilante que seria melhor não ter dito nada. Acha que os participantes do quebra-quebra do 8 de janeiro são “terroristas” que merecem 17 anos de cadeia por quebrarem vidraças em Brasília. Mas não diz nada sobre quem assassina centenas de inocentes. É o respeito à vida no Brasil de hoje.

 

 

 

 

Por J.R.Guzzo é jornalista. Começou sua carreira como repórter em 1961, na Última Hora de São Paulo, passou cinco anos depois para o Jornal da Tarde e foi um dos integrantes da equipe fundadora da revista Veja, em 1968. Foi correspondente em Paris e Nova York, cobriu a guerra do Vietnã e esteve na visita pioneira do presidente Richard Nixon à China, em 1972. Foi diretor de redação de Veja durante quinze anos, a partir de 1976. Nos últimos anos trabalhou como colunista em Veja e Exame.

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