Opinião – EUA na guerra contra o Hamas? 2200 fuzileiros estão indo em direção a Israel

O Pentágono tem dito que a presença do maior porta-aviões do mundo próximo à costa de Israel é meramente uma postura de dissuasão. Escreve Daniel Lopes.

24/10/2023 08:02

“Movimentos de militares dos EUA no Mediterrâneo colocam o mundo em alerta máximo”

O presidente americano Joe Biden em encontro com o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu.| Foto: Reprodução Redes Sociais/IsraeliPM

O Pentágono tem dito que a presença do maior porta-aviões do mundo próximo à costa de Israel é meramente uma postura de dissuasão, ou seja, para garantir que outros atores (como Hezbollah e Irã) não decidam participar do conflito entre os israelenses e o Hamas. Porém, uma movimentação recente de tropas norte-americanas tem levado especialistas a supor que as intenções de Washington estão além de demonstrar apoio a Tel Aviv: poderia ser uma preparação para o confronto direto.

De onde veio essa ideia? Recentemente, soldados da 26ª Unidade Expedicionária de Fuzileiros Navais – que estão a bordo de três navios da Marinha dos EUA – seguiram em direção às proximidades de Israel. Duas destas embarcações deixaram o Golfo Pérsico em direção ao Mar Arábico. Um terceiro navio deixou a Espanha e se dirigiu para o leste do Mediterrâneo. Ao total, são 2200 fuzileiros navais se aproximando da região onde acontece o atual conflito.

A mensagem oficial do Pentágono é que não há interesse nenhum em atuar diretamente no conflito. Eles justificam essa postura afirmando que as duas embarcações que estão no Mar Arábico estão ali apenas como parte de sua atuação regular no Oriente Médio. A terceira embarcação que se dirigiu para o leste do Mar Mediterrâneo apenas estaria na região, segundo eles, porque precisou passar por reparos na Espanha, e não teria nenhum interesse em se dirigir para o Mediterrâneo Oriental, onde fica a costa de Israel.

O problema é que, na última terça-feira (17), Washington afirmou que o efetivo está sendo deslocado para esta posição para que pudesse ser acionados em caso de necessidade, uma vez que uma das embarcações que está no Mar Arábico começou a se deslocar para o Mar Vermelho. Segundo o Pentágono, esses navios apenas seriam utilizados para evacuar norte-americanos da região caso houvesse uma escalada do conflito.

Porém, o secretário de Defesa Lloyd Austin declarou que o posicionamento dessas tropas na região tem como objetivo também deixá-las em PTDO, em inglês, “Prepare to Deploy Orders”, ou seja, preparação para ser implantados. Isso significa que, em vez de um intervalo de tempo convencional de 96 horas, eles estariam prontos para agir em apenas 24 horas.

O Pentágono tentou tranquilizar os americanos defendendo que os homens ali enviados não fazem parte de tropas de combate, mas apenas especializados em atividades alternativas, como, por exemplo, defesa aérea, segurança, logística, suporte médico, inteligência, vigilância, reconhecimento e transporte. O problema é que o USS Ford estava retornando para os EUA após uma atuação de seis meses no Mediterrâneo. Porém, nesta terça-feira (17), foi informado que seu retorno foi cancelado, de modo que sua presença no Mediterrâneo agora acabou de ser prorrogada por tempo indeterminado.

É importante lembrar que o USS Ford, na condição de maior porta-aviões dos EUA, é capaz de transportar 75 aviões. Além disso, o Eisenhower consegue levar 60 aeronaves. Ou seja, são 135 aeronaves de combate posicionadas muito próximas à região do conflito. Pode ser que realmente o objetivo seja dissuadir o Hezbollah e o Irã. Mas as coisas podem mudar muito rapidamente. Lembrando que, também nesta terça-feira (17), o perfil da embaixada do Irã na Síria publicou uma mensagem enigmática em seu perfil no X (antigo Twitter), dizendo: “O tempo acabou”. A autoria da mensagem foi atribuída ao ministro das Relações Exteriores iraniano, Hossein Amir Abdollahian, que culpou as forças de Tel Aviv pelo “massacre de mulheres e crianças inocentes” numa ataque contra um hospital de Gaza, que deixou centenas de mortos. Ainda é um mistério a autoria dessa explosão. Mas o ocorrido levou o conflito a um nível ainda maior de tensão.

Por enquanto, as aeronaves norte-americanas estão apenas fazendo levantamentos de inteligência sobre o que está acontecendo na região. Mas o objetivo é deixar claro para o Hezbollah e o Irã que os F-35, F-16 e A-10 podem ser colocados em batalha a qualquer momento, caso necessário. Diante disso tudo, permanece ainda um mistério se EUA, Líbano, Síria e Irã entrarão na guerra. O nível de tensão é muito elevado agora. Mas tudo pode mudar, para o bem ou para o mal.

Na sua opinião, haverá uma escalada do conflito na região? Deixe sua reposta nos comentários.

 

 

 

 

Por Daniel Lopez é jornalista, formado pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É doutor em Linguística (UFF), mestre em Linguística (UERJ), bacharel em Teologia (UMESP) e licenciado em Letras. Tem especialização em Teoria da Arte, Crítica de Arte, Filosofia, Sociologia e Antropologia. Foi professor nas áreas de Filosofia da Educação, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e de Linguística, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). É pastor na Igreja Bola de Neve Sede, na cidade de São Paulo, desde 2014. É escritor, tradutor e professor universitário. Mantém o canal no YouTube “Daniel Lopez” e o site www.daniellopez.com.br.

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