Opinião – PT quer reviver rombo fiscal de Dilma para agradar barões da máquina estatal

Na vida real o dinheiro da dívida vai direto para o bolso dos condes, barões e marqueses da máquina estatal – esses que ganham a partir de 30 mil reais por mês. Escreve J.R. Guzzo.

 

14/12/2023 06:37

“Lula arrancou do Congresso e do STF uma permissão fraudulenta para gastar 170 bilhões a mais do que poderia em 2023”

Fernando Haddad tem sofrido críticas do PT por insistir na defesa do chamado “déficit zero”.| Foto: André Borges/EFE

O PT está vivendo mais um dos seus grandes momentos como PT – o partido eternamente fascinado em examinar os erros que cometeu no passado para repetir cada um deles no presente, em edição revista e piorada. A palavra “erro”, naturalmente, se aplica aos interesses da população brasileira, a quem o partido de Lula sempre escala para o papel do “mané” que perdeu e tem de sustentar, com seu trabalho e com seus impostos, a prosperidade dos gatos gordos da máquina estatal.

Para o PT, cada erro é uma alegria: o brasileiro quebra a perna, mas eles enchem o bucho. Está acontecendo mais uma vez agora, com a guerra que as lideranças do partido declararam ao projeto de déficit zero para o orçamento de 2024 – meta, pelo menos nos discursos, do próprio governo e do ministro da Economia, Fernando Haddad.

O Brasil já sofreu, no delírio do governo de Dilma Rousseff, os efeitos da hostilidade ao equilíbrio fiscal: recorde de desemprego, recorde de retrocesso e recorde de recessão – a pior da história econômica do Brasil. O PT, com seu ataque ao projeto Haddad, acha que está na hora de começar tudo outra vez. O lema que inventaram, agora, é: “Déficit é vida”. Vida para eles. Para o cidadão é suicídio.

Rombo fiscal, para quem está na fila do ônibus às 5 horas da manhã, significa só mais desemprego, mais inflação, mais recessão, juro mais alto, menos consumo. Não se pode esperar resultado diferente, porque a ideia do atual comando partidário se baseia numa mentira dupla – é mais uma dessas coisas que não dão certo porque não podem dar certo.

A primeira mentira é que o déficit vai se traduzir “em obras” para a população – o governo, segundo dizem, fica devendo, e com o dinheiro da dívida constrói casas para os pobres etc. etc. etc. Mas não se faz “obra nenhuma”, nunca. Anunciam que vão gastar com o “PAC” e outras miragens. Na vida real o dinheiro da dívida vai direto para o bolso dos condes, barões e marqueses da máquina estatal – esses que ganham a partir de 30 mil reais por mês e acham uma miséria.

A segunda mentira é que a redução do déficit público só interessa ao “mercado financeiro”. É exatamente o oposto. Desordem fiscal é juro alto, direto na veia; quanto mais o governo deve, mais caro os detentores de dinheiro vão cobrar para “rolar” suas dívidas. Por acaso algum banqueiro já reclamou, por uma vez que fosse, do déficit público no Brasil? Claro que não; acham que déficit “é vida”.

O ministro Haddad deu um argumento matador em defesa do déficit zero em 2024: nos últimos dez anos, o Brasil acumulou 1,7 trilhão de reais (isso mesmo, trilhão) em déficit, e o país não cresceu, não gerou mais emprego, não construiu mais obras e, acima de qualquer outra coisa, mantém o pobre tão pobre como sempre foi. Segundo o próprio Lula, há “33 milhões de pessoas passando fome no Brasil”. Mas o déficit público já não deveria ter acabado com esse horror? Pois é – não acabou. Nem seria preciso falar em 10 anos. Basta ver o que aconteceu neste ano em estamos vivendo.

Antes mesmo de começar seu governo, Lula arrancou do Congresso e do STF uma permissão fraudulenta para gastar 170 bilhões a mais do que poderia em 2023. Fez o que com essa montanha de dinheiro? Torrou em 15 viagens pelo mundo em onze meses, ficando em suítes de 500 metros quadrados. Sua mulher comprou lençóis, roupões de banho e sofás. O resto está na nuvem.

 

 

 

 

Por J.R.Guzzo é jornalista. Começou sua carreira como repórter em 1961, na Última Hora de São Paulo, passou cinco anos depois para o Jornal da Tarde e foi um dos integrantes da equipe fundadora da revista Veja, em 1968. Foi correspondente em Paris e Nova York, cobriu a guerra do Vietnã e esteve na visita pioneira do presidente Richard Nixon à China, em 1972. Foi diretor de redação de Veja durante quinze anos, a partir de 1976. Nos últimos anos trabalhou como colunista em Veja e Exame.

Tags: