Opinião – Tucanos ignoram viés ideológico do PT

Enquanto ele fica no plano simbólico, das palavras, de uma frase impensada, causa algum prejuízo naquela dimensão das expectativas. Escreve Rodrigo Constantino.

02/01/2024 12:48

Puxa! Ainda bem que o PT raiz é só bravata e tem um “plano passageiro”.

Imagem ilustrativa.

Duas entrevistas no Estadão hoje, de economistas “liberais” que fizeram o L, mostram bem como os tucanos, em geral, ignoram o fator ideológico do PT. Para eles, Lula é “pragmático”; ideológico era Bolsonaro! Tanto Marcos Lisboa como Eduardo Giannetti estão preocupados com aspectos econômicos do atual governo, mas ambos desconsideram a real essência petista.

“A conta está chegando”, diz Lisboa, ex-secretário de Política Econômica e ex-presidente do Insper. “A preocupação era a médio prazo, mas agora está virando curto prazo. Houve um impulso fiscal muito forte em 2023 e isso está deixando desafios grandes daqui para frente.”

“Invariavelmente no Brasil, quando se tem uma folga fiscal, por alguma razão, isso acaba virando despesa permanente com salários e aposentadorias. É um traço brasileiro”, afirma. “Os números que estão saindo começam a preocupar bastante. Qual vai ser o tamanho do crescimento do gasto em 2024 e como é que vai se fazer esse ajuste?”, questiona.

O que Lisboa não questiona, pelo visto, são as verdadeiras intenções petistas. Para o economista tucano, o PT quer acertar na economia, e o perigo são os grupos de interesse. Ah, esses malvados gulosos que querem capturar o estado! E o PT lá, tentando acertar. Tecnocratas nunca levam em conta a ideologia petista na equação, e por isso suas análises são tão ingênuas e superficiais.

“Risco é querer fazer crescimento a ferro e fogo, como tentou a Dilma. E deu no que deu”, alerta Giannetti. Na avaliação do economista e filósofo, porém, economia brasileira termina o primeiro ano do terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva melhor do que começou. Duro é convencer o povo disso!

Sobre todas as falas irresponsáveis e autoritárias de Lula, Giannetti não tem muito a dizer, pois para ele são só palavras, pura retórica. Lula, no fundo, é “pragmático” e aparentemente bonzinho:

O Lula gosta de ser o árbitro. Ele quer ouvir, ele pondera. E, nos momentos críticos, apesar de muitas vezes, ele, na sua incontinência verbal falar coisas que não ajudam, no momento de decidir tem prevalecido o bom senso e o senso prático do que realmente o Brasil precisa.

Mas não é ruim esse ruído?, quer saber o entrevistador. Giannetti responde:

Enquanto ele fica no plano simbólico, das palavras, de uma frase impensada, causa algum prejuízo naquela dimensão das expectativas. Mas, na hora em que se percebe que aquilo não tem desdobramento, não tem duração, é um plano passageiro, causa mais espuma.

Puxa! Ainda bem que o PT raiz é só bravata e tem um “plano passageiro”. E pensar que poderia ser um projeto mais profundo e estrutural de longo prazo, para um poder totalitário, nos moldes desenhado pelo Foro de SP e já em estágio avançado na Venezuela do companheiro Maduro. Pura paranoia reacionária, não é mesmo?!

 

 

 

 

Por Rodrigo Constantino, Economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros, entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal.

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