Opinião – Da inviabilidade  eleitoral da Direita

Somente seremos livres se nossas escolas passarem a ensinar todos os brasileiros a serem capazes de cuidar de si e não depender eternamente do Estado. Escreve Stephen Kanitz.

16/02/2024 05:29

“A luta é muito mais simples”

A direita jamais será eleita no futuro do Brasil.

E se a direita for eventualmente eleita por um lapso da história, como ocorreu com Collor e Bolsonaro, jamais será reeleita.

Como de fato não foram Collor e Bolsonaro.

E ambos foram proibidos de se reelegerem no futuro, afastados do poder.

Verdade seja dita em ambos os casos, a direita foi um vencedor improvável e inesperado, e nem os liberais nem os conservadores brasileiros os apoiaram inicialmente.

A razão pela qual a direita nunca mais será eleita é a mesma que ocorre em Cuba, Rússia, Albânia, Coreia do Norte, Vietnã etc.

Após 50 anos de governos de esquerda, o povo esquece a maioria das competências e necessidades para viver em liberdade ou numa democracia liberal.

No Brasil, o povo não sabe mais como escolher bons médicos, porque quem decide os médicos é o Estado.

Não saberiam escolher psicólogos, porque é o Estado que escolhe quando são necessários, independente da linha de terapia ser freudiana, rolfiana, centrada no paciente ou kleiniana.

Não sabemos nem precisamos escolher as escolas e os professores de nossos filhos nem a filosofia educativa a ser empregada. É tudo igual do Oiapoque ao Chuí.

Quem está no Bolsa Família há 10 anos já esqueceu sua profissão e não acompanhou as inovações do período. Vai depender de bolsas para o resto da vida.

Brasileiros não sabem aplicar seu FGTS, é o Estado que decide.

Não saberíamos como aplicar os 28% que nos são retirados em impostos da previdência, garantindo assim uma aposentadoria de fato.

Nossos liberais erram já de início ao lutarem por liberdade, porque não saberíamos como usar essa liberdade de escolha mesmo que a tivéssemos.

Tanto é que o povo brasileiro é conservador, mas vota na esquerda porque já não sabe cuidar de si.

O mundo poderá até estar caminhando lentamente para a direita, mas os eleitores votarão na esquerda porque não sabem viver em outro tipo de regime.

Por isso, a estratégia dos liberais e conservadores não deveria ser querer serem eleitos, para depois perder as eleições.

A luta é muito mais simples.

Lutar para que aqueles que queiram escolher seus médicos, administrar seu FGTS, aplicar pessoalmente suas reservas previdenciárias, escolher a escola de seus filhos, entre outros, possam fazê-lo.

Quem quiser renunciar a uma aposentadoria do Estado, estaria livre para aplicar os 28% de contribuições previdenciárias num fundo de pensão de sua própria escolha, por exemplo. Idem com o FGTS.

Somente seremos livres se nossas escolas passarem a ensinar todos os brasileiros a serem capazes de cuidar de si e não depender eternamente do Estado.

 

 

 

 

Por Stephen Kanitz, é um consultor de empresas e conferencista brasileiro, mestre em Administração de Empresas da Harvard Business School e bacharel em Contabilidade pela Universidade de São Paulo.

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