Opinião – Quais as suas expectativas para a manifestação de 25 de fevereiro?

Não está sendo fácil ver o país sendo governado por uma corja não apenas incompetente, mas também má. Sobretudo má. Escreve Paulo Polzonoff Jr. .

23/02/2024 09:32

“Não está sendo fácil manter a esperança”

Manifestação na avenida Paulista. Não a de 25/2. Outra. Foto: EFE

Como em política princípios são raros e os arranjos são feitos de acordo com a conveniência, tudo muda muito rápido. Outro dia mesmo Lula parecia estar por cima da carne seca e Bolsonaro, prestes a ser preso. Mas aí Lula foi demonstrar lealdade aos terroristas do Hamas e caiu em semidesgraça, enquanto Bolsonaro viu a manifestação de 25 de fevereiro ganhar força. Por isso anda cada vez mais difícil fazer qualquer tipo de análise pretensamente objetiva. Só a imaginação salva.

Estou curioso para saber o que vai acontecer no domingo. Ou amanhã, se você estiver me lendo no sábado. Ou hoje, caso você esteja me lendo no domingo mesmo. Ou no dia 25 de fevereiro de 2024, na hipótese de você ser meu leitor num futuro remoto. E sou capaz de imaginar vários cenários, desde os mais catastróficos (aqueles que não sou nem louco de compartilhar aqui) até os mais otimistas. De um otimismo que beira a loucura, mas mesmo assim.

Antes, porém, quero lhe confessar que ando borocoxô. Desanimado mesmo. E, por isso, no momento sou incapaz de pensar em algo mais leve para retratar o nosso cotidiano. Cogitei até aposentar o Athayde Petreyze. Pra você ver…! Foi, aliás, cogitando isso que me surgiu a ideia de pôr o Lula para assistir ao filme “A Lista de Schindler”. Uma maneira não de rir do que não tem graça mesmo; uma maneira de expressar raiva com um mínimo de criatividade. Ainda assim, raiva.

De volta à vaca fria, só porque adoro essa expressão, confesso que minha expectativa para a manifestação de 25/2 não é nem das melhores nem das piores. Muito pelo contrário. Consigo imaginar tanto a Avenida Paulista esvaziada, com os comentaristas da GloboNews se matando de rir, quanto a Avenida Paulista lotada, com os ministros do STF se matando de rir. Da nossa cara, claro.

Imagino mais. Imagino disputas quanto ao público estimado. Nossos olhos vendo uma coisa e o DataFolha dizendo outra. Imagino closes específicos em cartazes os mais agressivos, tudo para transformar a manifestação num ato de extremistas. Imagino alguma confusão entre a direita dividida, assim como imagino que possa haver vândalos infiltrados. Imagino também a paz e a ordem que não comovem. Só não imagino Lula ou os ministros do STF se deixando impressionar pelo povo nas ruas.  Mais uma vez, desculpe. Ando borocoxô, já disse. É fase. Vai passar.

Enquanto não passa, porém, permita-me bancar o velho sábio que evidentemente não sou para sugerir a você a leitura deste texto que também é sobre antissemitismo e os ataques de Lula a Israel, mas que é principalmente sobre a estupidez das análises geopolíticas que não levam em conta o imaginário das pessoas simples (no melhor dos sentidos!), para as quais Israel é a Terra Santa e estamos conversados, ponto final, não tem discussão.

Vou ficando por aqui, na esperança de começar a semana um pouco mais animado ou no mínimo mais leve. Porque, olha, vou te contar. Não está sendo fácil – como diria a Kátia. Não está sendo fácil ver o país sendo governado por uma corja não apenas incompetente, mas também má. Sobretudo má. Não está sendo fácil optar pelo martírio ou pela omissão. Não está sendo fácil manter a esperança.

Mas eu tento. E é por isso que, antes do beijo do gordo, aproveito para informar os distraídos que nesta semana engoli o choro e disfarcei a melancolia para voltar a dar as caras no vídeo. Ainda estou um pouco enferrujado, reconheço. Mas daqui a pouco as coisas voltam ao normal. Seja lá o que for isso.

Beijo do gordo,

 

 

 

 

 

Por Paulo Polzonoff Jr. é jornalista, tradutor e escritor.

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