Opinião – E agora Cuiabá?

Precisamos distinguir candidaturas proporcionais de majoritárias, na prática o eleitor é muito mais atento e cuidadoso na escolha das candidaturas a cargos executivos. Escreve Suelme Fernandes.

19/03/2024 05:36

“As rodas de políticas e grupos de whats estão inflamadas com muitas análises”

Imagem Ilustrativa

Diante do descalabro que vive a administração pública da capital em todas as áreas e a insegurança gerada pelo afastamento do prefeito pelo judiciário e eventual cassação pela câmara municipal, as rodas de políticas e grupos de whats estão inflamadas com muitas análises sobre os possíveis candidatos a prefeito, posicionamentos (bandeiras) plataformas e estratégias eleitorais para tentar cativar os eleitores.

Ao contrário dos ventos favoráveis das cidades do agro e das finanças de Mato Grosso, a prefeitura de Cuiabá talvez esteja vivendo o pior capítulo financeiro de sua existência, com a possibilidade de ter o prefeito cassado pela primeira vez na história.

Com a definição de Botelho pelo União a Brasil e Ludio como candidato oficial do PT, o cenário eleitoral começa a desanuviar.

No momento temos 3 candidaturas postas: Abílio com apoio de Bolsonaro, Ludio com apoio de Lula e Botelho apadrinhado pelo governador.

Resta ainda saber como se posicionará Emanuel Pinheiro nessa disputa, se não for cassado até as eleições: lançará candidato e quem será? Ou subirá no palanque do PT numa possível coligação com MDB?  A conferir!

Pelos posicionamentos que acompanho pela imprensa todos os 3 players parecem buscar um persona político que se assemelhe com o gestor eficiente que Cuiabá precisa.

Ludio sinalizou assim ao afirmar num site que “buraco não tem ideologia”, tentando escapar da armadilha do Abílio que aposta todas suas fichas na polarização com ele.

Ao fazer essa afirmação, Ludio sabiamente desarmou uma bomba relógio, apostando que nas eleições municipais, ao contrário das estaduais, que são casadas com a nacionais, o cidadão vai querer saber é de quem será capaz de resolver os problemas de seu bairro e sua cidade e não dos temas da agenda dos costumes que mobiliza as bolhas  Bolsonaristas.

O próprio presidente Lula tem se afastado da agenda dos costumes para não dar comida para cachorro bravo.

E mais, Ludio ainda declarou que é “contra o aborto e a invasão de terras” fugindo de duas pautas que são vacas sagradas do bolsonarismo. Na mesma matéria falou que a cidade quer saber é de políticas públicas. Vamos ver se vai funcionar pois Abílio é reconhecido como perito em provocações.

Outro trunfo que usará em busca do voto útil é o possível alinhamento com o governo federal que é de seu partido para ajudar a levantar Cuiabá da crise em que vive.

Da mesma forma, como bolsonarista convicto, a grande aposta de Abílio é na vinculação de sua imagem a de Bolsonaro para capitalizar o prestígio do ex-presidente em Mato Grosso, pois o mesmo venceu em todas as urnas da capital nas eleições de 2022.

Inclusive terá na sua alegada de pré-campanha a presença do próprio ex-presidente no aniversário de Cuiabá dia 08 de abril. A ideia é aquecer a polarização.

No retruco, certamente Ludio dirá que Bolsonaro não fez uma obra em Cuiabá quando foi presidente.

Noutra direção, antenado nessa persona de bom gestor, Abílio se movimenta na construção de um plano pra cidade de Cuiabá, com agendas de reuniões e debates com especialistas tentando fortalecer uma de suas fragilidades da matriz FOFA, a inexperiência com executivo.

Aliás, Emanuel Pinheiro no auge dos escândalos do paletó derrotou Abílio no segundo turno carimbado na testa dele a pecha de “pior candidato da história de Cuiabá e despreparado”.

Preocupado com isso, Abílio tentará também entrar nesse personagem de mais preparado tecnicamente para assumir a prefeitura. Na segunda feira, dia 18/03 ele apresentará o Diagnostico Financeiro de Cuiabá com essa intenção.

Botelho também tem buscado colar sua imagem junto com Mauro Mendes que é reconhecido no imaginário cuiabano como bom gestor para tentar se afastar-se do perfil de político e de parlamentar articulado que traz na sua trajetória.

Tem afirmado que o apoio do governador será decisivo para tirar a cidade do buraco e que esse apoio será mais importante do que o de Lula ou Bolsonaro.

Essa seria uma aposta no voto útil, daquele eleitor mais pragmático que sabe que a prefeitura não dá conta de resolver todos seus problemas e que para ele tanto faz que partido ou ideologia tenha o candidato, desde que o governador e o prefeito tenham um bom alinhamento político e entre as máquinas prefeitura e estado. Essa será a sua tese principal: o candidato do Mauro Mendes.

Precisamos distinguir candidaturas proporcionais de majoritárias, na prática o eleitor é muito mais atento e cuidadoso na escolha das candidaturas a cargos executivos. Ele quer ouvir as propostas, o perfil do candidato e seus posicionamentos sobre os problemas paroquiais da cidade, como a falta de asfalto na rua de sua casa e sobre o funcionamento do posto de saúde.

Vi algumas pesquisas qualitativas no ano passado que apontam que o arquétipo do futuro prefeito em Cuiabá na cabeça do eleitor, está associado a essa persona o gestor que conhece a fundo os problemas de Cuiabá e como resolvê-los.

Nesse quesito experiencial no executivo, nenhum dos três candidatos possuem experiências no executivo nas suas biografias e por isso todos tentarão fechar essa lacuna. Ao menos foi isso que percebi ao analisar o discurso dos três até aqui.

E apesar das apostas na polarização municipal Lulistas X Bolsonaristas parece que os temas mais paroquiais da cidade que escolherá um novo síndico darão o tom do próximo pleito, ao contrário que previram muitos analistas.

Quanto mais o candidato mostrar preparado para resolver o enorme problema das dívidas e do sucateamento da prefeitura, mais apto ele estará para governar a cidade.

Ressaltamos que nãos será apenas uma eleição de dois turnos e sim duas eleições diferentes que demandará alianças no segundo turno. A forma com que se escolhe e enfrenta os adversários e os temas no primeiro turno pode determinar as alianças e votos do segundo. Todo cuidado é pouco!

Existem outras possibilidades de se analisar essa conjuntura sempre, por hoje é a fotografia que temos. Certamente existem outras leituras sobre esses cenários e amanhã essa conjuntura pode mudar tudo de novo!

 

 

 

 

 

Por Suelme Fernandes é analista político.