É um país com tanta inversão moral, num faroeste espelhado, em que os bandidos perseguem os mocinhos, que até mesmo José Dirceu reapareceu no Congresso para discursar. Escreve Rodrigo Constantino.
03/04/2024 09:29
“O desafio do ano, quiçá do século, será resgatar a decência em nosso país…”
Não chega a ser o último teorema de Fermat, claro, mas o neto de Lula lançou ao país todo um desafio e tanto: provar que seu avô é ladrão. Segundo o rapaz, cujo nome estava num dos pedalinhos do sítio que “não” era do seu avô, todo mundo repete, mas ninguém prova a culpa. Um “moleque” desafia, então, em busca de provas, diz ele.
Imbuído desta missão impossível, preparei meus instrumentos de Sherlock Holmes, limpei as lentes dos óculos, e mergulhei numa busca implacável tal qual Indiana Jones procurando a joia do Nilo. Não foi nada fácil, evidentemente. Mas, após 18 segundos de Google, do conforto de minha cadeira, eis algumas coisas que encontrei:
Tivemos, no governo Lula, o mensalão e o petrolão, e um simples gerente da Petrobras chegou a devolver aos cofres públicos cem milhões de dólares. Lula foi condenado por nove juízes e desembargadores em três instâncias, com “provas sobradas”.
Nem mesmo o STF, agindo como uma espécie de puxadinho petista, inocentou o companheiro. Na verdade, com base em malabarismos supremos e o pretexto do CEP da investigação, Lula foi “descondenado”, a coisa voltou à estaca zero e Sergio Moro foi considerado o único juiz suspeito do país, por “juízes” que são políticos e próximos do PT.
Além das provas concretas, podemos citar as constatações de gente acima de qualquer suspeita. Por exemplo: Geraldo Alckmin. O atual vice-presidente de Lula já disse que o ladrão queria voltar à cena do crime. Ministros supremos também já admitiram que o PT lulista agiu como uma quadrilha, que houve farta corrupção. Barroso foi um deles, mas não o único.
O Brasil todo chama Lula de ladrão pelo fato simples de que houve o maior esquema de corrupção da nossa história em seu governo, e ele mesmo se beneficiou dos esquemas com empreiteiros.
O desafio, como podemos ver, era mais fácil do que parecia. No fundo, a única coisa relevante nisso tudo é a falta de pudor do netinho de Lula ao lançar tal “desafio”. Isso sim, diz muito sobre a situação em nosso país. Seguro de que o vovô voltou com tudo à cena do crime e, desta vez, controla a imprensa quase toda e até militares, o rapaz se sente à vontade para tentar reescrever a história e criar um avô diferente do real.
É um país com tanta inversão moral, num faroeste espelhado, em que os bandidos perseguem os mocinhos, que até mesmo José Dirceu, anos depois, reapareceu no Congresso para discursar. E saiu em defesa da “democracia social”, aquela que tira dinheiro dos mais ricos – menos ele e Lula, milionários. O Brasil voltou! Dirceu é a cara disso no Senado. E o neto de Lula cobrando provas da corrupção do avô também. O desafio do ano, quiçá do século, será resgatar a decência em nosso país…
Por Rodrigo Constantino, economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros, entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal.