As coisas estão difíceis, a gente vê a fisionomia do presidente, parece que ele está incomodado, ou está triste, ou está cansado. Escreve Alexandre Garcia.
23/04/2024 05:30
“Todo mundo fala em diversidade, hoje é a palavra da moda.”
O presidente Lula ontem, no Palácio do Planalto, numa cerimônia pública, passou um pito geral em todos os seus ministros, inclusive no vice-presidente Alckmin, que é ministro também. Disse que o PT tem só 81 deputados em 513, que eles têm que conversar mais e citou nomes. “Haddad tem que conversar mais, tem que ler menos, tem que largar o livro e conversar. Alckmin tem que ser mais ágil. Rui Costa também. Wellington Dias também”, foi citando. E a gente sabe que também há queixas contra Alexandre Padilha, por parte de Arthur Lira. Chegou a se inspirar em Alexandre de Moraes quando, em 2018, Moraes, lá num julgamento, disse “quem não quiser ser satirizado, quem não quiser ser criticado, que fique em casa, não se exponha ao público”. O presidente Lula disse para seus ministros as seguintes palavras: “ou a gente faz assim ou não entra na política”. Ou seja, se vocês não quiserem conversar com o Congresso Nacional, tirem o time. Em outras palavras, foi isso. Enfim, as coisas estão difíceis, a gente vê a fisionomia do presidente, parece que ele está incomodado, ou está triste, ou está cansado.
Portugal
Enquanto isso, problemas aqui em Portugal também fizeram com que, pelas notícias que eu estou recebendo de Brasília, cancelassem a possibilidade de vinda aqui à Lisboa, comemorar o cinquentenário da Revolução de 25 de abril, que acabou com o período de Salazar. Ele, no ano passado, esteve aqui. Eu estava também e vi. Ele passou apertos e provavelmente não quer vir agora porque os apertos aumentarão. No resultado da eleição recente, do dia 10 de março, o Chega, que tinha 12, agora tem 50 deputados. A centro-direita fez maioria e agora talvez o presidente não queira se submeter à restrições e constrangimentos. Pelo que se diz aqui, ele não virá.
Elon Musk
E a diversidade de ideia? Pois é, grande problema. As ideias de um lado são punidas, tidas como mentira, e as do outro lado são tidas como verdade. Olha, se retirar das pessoas a possibilidade de elas decidirem por si próprias o que é mentira e o que é verdade, está tirando o poder, o arbítrio da pessoa que até Deus deu. A criação nos deu o poder do arbítrio.
Desde que Elon Musk entrou na briga interna brasileira contra a censura e pela liberdade de expressão, nos Estados Unidos o assunto está fervilhando. Inclusive, chamando a atenção das autoridades do partido Democrata, do governo Biden, pois isso pode acontecer com eles, se bem que a Suprema Corte americana é bem diferente. Não ficam dando entrevista, não se expõem, não antecipam vontades pessoais, essas coisas. Mas enfim, está acontecendo no Brasil o que já aconteceu em outros lugares do mundo, como União Soviética e Alemanha, no final dos anos 30. A pretexto de defender a democracia, restringe-se a liberdade de expressão. Isso está na história, está na literatura, está em George Orwell, no Franz Kafka, está até no Hans Christian Andersen, no “O Rei Está Nu”, que foi o que Elon Musk provocou, mostrou para o Brasil. É que sentem pessoas que tem natureza tirânica, de algum partido que não suporta a democracia, não suporta o pluripartidarismo e, sobretudo, não suportam a diversidade. Todo mundo fala em diversidade, hoje é a palavra da moda.
Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima
Por Alexandre Garcia, colunas sobre política nacional publicadas de domingo a quinta-feira.