Fica muito claro quem mobiliza multidões espontaneamente, de forma orgânica, natural, sincera, em qualquer canto, em qualquer situação. Escreve Luís Ernesto Lacombe.
06/05/2024 07:58
“Passada a eleição, continua havendo sempre uma justificativa para a falta de público nos eventos do Lula”
Nas últimas eleições municipais, em 2020, eles praticamente não apareceram. Sumiram completamente das capitais. Há quatro anos, pela primeira vez desde a redemocratização, o Partido dos Trabalhadores não elegeu nenhum prefeito de capital. E, hoje, aparece em décimo lugar na lista de partidos com mais prefeituras no país: pouco mais de 200 cidades têm à frente o PT. O Brasil tem 5.568 municípios.
Nas eleições legislativas federais de 2022, os petistas até apareceram em segundo lugar na disputa pelas 513 cadeiras da Câmara. Fizeram 68 deputados, só que 31 a menos do que o Partido Liberal. Na eleição para o Senado, o PT ficou em terceiro lugar. Elegeu quatro senadores, atrás do União Brasil, que conquistou cinco vagas, e do PL, que levou oito cadeiras.
Na campanha presidencial de 2022, o primeiro comício do Lula, no dia 16 de agosto, foi para operários de uma montadora do ABC Paulista. Um público que já foi cativo dele, uma audiência controlada. Em seguida, o petista pegou um avião para Brasília, foi acompanhar a posse de Alexandre de Moraes como presidente do TSE…
Em 20 de agosto de 2022, Lula fez comício no Vale do Anhangabaú, em São Paulo. De acordo com imagens aéreas, ele conseguiu reunir 4.200 pessoas. Os “pesquisadores” da USP, sempre generosos com o petista, contaram 9.580. O Partido dos Trabalhadores falou num público de 70 mil… Mentira deslavada que o próprio comando do partido entregou, lamentando que o evento tivesse sido marcado para um local tão grande.
Foi assim durante quase toda a campanha para a presidência. Lula não conseguiu reunir multidões. Mesmo quando foram oferecidos transporte, alimentação, brindes, camisetas, bonés, bandeiras, mesmo quando as centrais sindicais e o MST levaram suas turmas… Mesmo quando prefeitos amigos decretaram ponto facultativo e pressionaram servidores municipais a comparecer a atos do Lula. Esses comícios esvaziados serviram pelo menos como desculpa para que o petista não participasse do debate presidencial no SBT.
Passada a eleição, continua havendo sempre uma justificativa para a falta de público nos eventos do Lula. Na parada cívico-militar do Sete de Setembro de 2023, em Brasília, o imenso vazio significava a “despolitização do Dia da Independência”. Em fevereiro deste ano, em evento fracassado no Complexo do Alemão, no Rio, Lula disse que “foi muito em cima da hora, não deu tempo para organizar e reunir um número maior de pessoas”…
E o discurso foi o mesmo agora, no Primeiro de Maio em São Paulo… “Tinha mais bandeira do que gente”, disse até a imprensa amiga. Mesmo com verba da Petrobras e da Lei Rouanet para montar uma enorme estrutura, contratar cerca de vinte cantores e bandas musicais. O povo do Lula deve ser mesmo enorme, o que pega é a “comunicação ruim” do governo. Foi o que o petista disse no palco, antes de fazer campanha eleitoral antecipada: “O evento foi mal convocado”.
Dessa maneira, é só gastar R$ 700 milhões em publicidade federal, R$ 200 milhões com agências escolhidas numa suspeita licitação para cuidar das redes sociais do governo… Narrativas bem montadas vão convencer todo mundo de que os alimentos e os remédios não estão caros, o desemprego não subiu no primeiro trimestre, o déficit fiscal não existe, a Dívida Bruta do Governo Geral também não, o lucro das estatais nunca esteve tão alto, de que não há controle estatal de tudo, insegurança jurídica, a democracia foi restabelecida, o MST e o sindicalismo são tudo de bom…
Parece que sobra dinheiro para tentar fingir que está tudo bem, que todos os 38 ministros do Lula são técnicos competentes, pessoas certas nos lugares certos. Não, os casos de dengue não estão quebrando recordes, nem as mortes de ianomâmis, nem as queimadas na Amazônia e no Cerrado. A carga tributária, sempre altíssima, não está aumentando ainda mais. Os gastos do governo “são vida”… Quem acredita nisso parece mesmo estar num processo de desaparecimento.
As lives do Lula, também bancadas com o dinheiro dos pagadores de impostos, usando estrutura da EBC, apresentador “global”, foram um fracasso tão grande de público que tiveram que ser abandonadas. Na rede social X, o petista tem quase 9 milhões de seguidores; Bolsonaro, 12,5 milhões. No Instagram, Lula tem 13 milhões de seguidores; Bolsonaro 25,5 milhões. No Youtube, os inscritos no canal do petista não somam nem 1,4 milhão. Bolsonaro tem 6,6 milhões.
Fica muito claro quem mobiliza multidões espontaneamente, de forma orgânica, natural, sincera, em qualquer canto, em qualquer situação. E quem, mesmo torrando dinheiro dos pagadores de impostos, perdeu as ruas. É a defesa do atraso, daquilo que nunca deu certo que tem servido aos apoiadores do Lula doses cavalares de “chá de sumiço”. Está cada vez mais difícil encontrar os mais de 60 milhões de brasileiros que votaram no petista em 2022. E, em “condições normais de temperatura e pressão”, a esquerda radical ficará de vez sem o povo.
Por Luís Ernesto Lacombe é jornalista e escritor. Por três anos, ficou perdido em faculdades como Estatística, Informática e Psicologia, e em cursos de extensão em administração e marketing. Não estava feliz. Resolveu dar uma guinada na vida e estudar jornalismo. Trabalha desde 1988 em TV, onde cobriu de guerras e eleições a desfiles de escola de samba e competições esportivas. Passou pela Band, Manchete, Globo, Globo News, Sport TV e atualmente está na Rede TV.