O Brasil exporta para a França uma ninharia: 40 mil toneladas de carne in natura. Isso dá dois milésimos do total que exportamos. Escreve Alexandre Garcia.
25/11/2024 06:09
“Eu acho que o nosso principal comprador talvez seja a China”
Está sendo mobilizado no Brasil um boicote contra o Carrefour. E não é apenas nas lojas do Carrefour, mas afeta também outras marcas do grupo, o que dá um total de 546 lojas.
Eu vejo o presidente da Frente Parlamentar de Agricultura, o deputado Pedro Lupion (PP-PR), apoiando isso; a Federação de Hotéis, Bares e Restaurantes do Estado de São Paulo (Fhoresp) apoiando isso; o governador de Mato Grosso pedindo isso… E por quê?
Porque o Carrefour da França, a matriz, pregou um boicote à carne brasileira em suas lojas no país europeu: “Não vamos mais comprar carne brasileira”.
O Brasil exporta para a França uma ninharia: 40 mil toneladas de carne in natura. Isso dá dois milésimos do total que exportamos. Eu acho que o nosso principal comprador talvez seja a China.
A alegação da França é protecionismo, mas o pretexto é dizer que “os pecuaristas brasileiros derrubam a floresta amazônica”. O pretexto é conversa fiada, então o Brasil está dando o troco. “Ok, não querem a nossa carne, não terão a nossa carne – nem na França, nem no Brasil!” É uma boa resposta.
Neste domingo (24), o chefe de governo da França, o Emmanuel Macron, publicou no X – e vejam só, olha a importância do X: é usado por chefes de Estado para fazer declarações para o mundo. Ele postou no X dizendo que não vai assinar o acordo com o Mercosul, porque seria muito ruim para a França.
Milei está projetando a Argentina nos trilhos certos. E quanto ao Brasil?
Argentina e Israel assinaram um acordo. O presidente Javier Milei estava presente, o embaixador de Israel estava presente, e a Câmara de Comércio Argentina-Israel estava presente. O acordo é para a defesa do país mais ameaçado do mundo, um acordo de economia, política e combate ao terrorismo.
É a Argentina estreitando relações com o país mais ameaçado do mundo e se situando como defensora do mundo ocidental, da nossa cultura judaico-cristã. E o Brasil, onde é que está na sua política externa? Contra Israel e do lado do Irã, que quer varrer Israel do mapa, do Jordão ao Mediterrâneo.
É incrível! Nós estamos contra nossas próprias raízes ocidentais e judaico-cristãs. Porque Israel é o fulcro de tudo – do Velho e do Novo Testamento e da cultura que se expandiu pela Europa: a cultura do cristianismo, que saiu de Belém, de Jerusalém.
Enfim, Milei segue projetando a Argentina.
Regularização de terras na Amazônia
E só para encerrar, quero lembrar que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) iniciou a Semana da Regularização Fundiária na Amazônia. Tomara que seja verdade, porque o que tem até agora é exatamente o oposto disso: a expulsão via força policial de pessoas assentadas lá, trabalhadores brasileiros, pobres, que trabalham, que plantam, que criam e estão sendo expulsos depois de terem sido assentados.
Será que vão regularizar? Eu fico em dúvida. Gostaria que sim, porque a Amazônia só é nossa se ela for ocupada por nós, brasileiros, de qualquer etnia: indígena, cearense, paraibano, seja lá o que for. Como Plácido de Castro, que veio do Rio Grande do Sul e fez do Acre um pedaço boliviano que se tornou brasileiro.
Por Alexandre Garcia, colunas sobre política nacional publicadas de domingo a quinta-feira.