As empresas precisam adaptar-se as novas exigências, criando um ambiente que valorize a produtividade e o bem-estar e a identidade dos colaboradores. Escreve Andre Purri.
19/03/2025 05:29
“21% dos trabalhadores brasileiros priorizam um ambiente descontraído”

Foto: Marcello Casal Jr./ABr
Nos últimos anos, o mercado de trabalho brasileiro passou por uma profunda transformação e fatores como a pandemia, e a crescente valorização do bem-estar impulsionaram uma mudança de mentalidade entre as pessoas, especialmente os mais qualificados. Não basta apenas um bom salário ou benefícios tradicionais; os profissionais agora buscam um ambiente que atenda às suas novas expectativas. Uma pesquisa da Aon aponta que quase 68% dos brasileiros consideram mudar de emprego nos próximos 12 meses, demonstrando que a retenção vai muito além da remuneração.
Ainda que 61% considerem seus salários justos, a insatisfação persiste. O motivo? A valorização de aspectos como equilíbrio entre vida pessoal e profissional, afinal, após a Covid-19, trabalhadores do mundo inteiro repensarem suas prioridades, e passaram a buscar mais tempo com a família, flexibilidade e qualidade de vida. Esse cenário desafia as empresas a irem além do financeiro e criarem ambientes de que promovam realização emocional e psicológica.
O conceito de “work-life balance” nunca foi tão relevante. O estudo da Aon mostra que ele está entre os benefícios mais valorizados pelos trabalhadores, atrás apenas de planos de saúde e folgas remuneradas. As organizações que ignoram essa demanda correm o risco de perder talentos para concorrentes mais atentos às novas necessidades do mercado. Mais do que uma tendência passageira, esse equilíbrio se tornou um fator essencial para a satisfação e o engajamento dos profissionais e pode levar trabalhadores a quererem mudar de emprego.
Além disso, os colaboradores buscam benefícios mais flexíveis e personalizados. Os números revelam que 73% dos brasileiros estão dispostos a negociar pacotes de vantagens que atendam suas necessidades individuais, um dado indica que o modelo tradicional de benefícios pode estar ultrapassado. No entanto, para as empresas, surge o desafio de oferecer flexibilidade sem comprometer a sustentabilidade financeira do negócio.
esperem que suas empresas promovam bem-estar, apenas metade das companhias implementou programas nesse sentido. Muitas vezes, os recursos até existem, mas os funcionários não sabem como acessá-los ou não compreendem seu real valor. Assim, além de oferecer melhores condições de trabalho, as empresas precisam aprimorar a forma como comunicam esses diferenciais.
Por fim, a cultura organizacional desempenha um papel central na retenção de talentos e evita que os profissionais queiram mudar de emprego. O estudo aponta que 21% dos trabalhadores brasileiros priorizam um ambiente descontraído e 20% buscam alinhamento entre seus valores e os da empresa. Isso reforça que a retenção vai além do dinheiro: profissionais querem sentir propósito no que fazem. Para garantir sua relevância no mercado e evitar que seus funcionários queiram mudar de emprego, as empresas precisam adaptar-se a essas novas exigências, criando um ambiente que valorize não apenas a produtividade, mas também o bem-estar e a identidade dos colaboradores.
Por Andre Purri, administrador de empresas, é CEO e cofundador da Alymente.