Diante do aumento da judicialização, empresas e cidadãos que adotam essa estratégia deixam de depender da incerteza do tempo. Escreve Renata Nilsson.
27/03/2025 07:25
“Em um cenário de tantas indefinições econômicas, os nossos planos não podem mais esperar.”

Divulgação/reprodução
Nos últimos anos, o Brasil tem registrado um grande crescimento na judicialização de conflitos. Ou seja, empresas e cidadãos recorrem cada vez mais à Justiça para resolver questões que vão desde disputas contratuais até a cobrança de dívidas. O resultado? Milhões de processos aguardando decisão e valores consideráveis retidos em demandas judiciais. Mas, enquanto muitos encaram essa situação como um problema, ela também abre espaço para uma estratégia financeira bem interessante: a monetização de créditos judiciais.
Os créditos judiciais são os valores que uma parte tem a receber depois de uma decisão favorável da Justiça, podendo incluir precatórios, indenizações trabalhistas e outras condenações. O problema é que, na grande maioria dos casos, o tempo para o pagamento efetivo desses valores pode ser muito longo, especialmente quando se trata de dívidas do setor público. E a impossibilidade de acessar esses recursos é bem negativa, é claro, para quem espera, gerando dificuldades financeiras, acúmulo de dívidas e até a perda de boas oportunidades.
Nesse contexto, a venda de créditos judiciais surge como uma solução estratégica. Por meio dela, empresas e cidadãos podem ceder seus direitos a terceiros, recebendo um valor imediato e eliminando a incerteza sobre quando (ou se) esse pagamento virá. Isto significa que ela se torna uma operação especialmente vantajosa em cenários de crise econômica, por exemplo, onde a previsibilidade e a liquidez financeira são ainda mais essenciais.
Além disso, o mercado de aquisição de créditos judiciais tem crescido justamente por essa possibilidade: a de transformar valores bloqueados em capital de giro para empresas ou em recursos financeiros para indivíduos, reduzindo também os custos com a manutenção desses litígios e ainda evitando o desgaste dos longos processos.
Outro ponto relevante é a segurança dessa operação. Empresas especializadas na aquisição direta de créditos judiciais garantem um processo estruturado, ágil e transparente. Assim, o credor não só evita riscos relacionados à inadimplência da parte devedora como ganha previsibilidade financeira.
Diante do aumento da judicialização e da morosidade do sistema, empresas e cidadãos que adotam essa estratégia deixam de depender da incerteza do tempo e passam a contar com valores imediatos para investir, quitar suas dívidas ou realizar novos projetos, transformando processos na chave para novas oportunidades. Porque afinal, em um cenário de tantas indefinições econômicas, os nossos planos não podem mais esperar.
Por Renata Nilsson, é advogada e CEO da PX Ativos Judiciais, com especialização em Direito Empresarial, e membro ativo do Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP). Especialista no mercado brasileiro de créditos judiciais.