25/01/2011 09:07
Os empresários mato-grossenses, que estiveram na Índia na última semana, serão responsáveis por investir US$ 100 milhões na instalação de uma indústria de refinamento de óleo de soja naquele país, que por sua vez, trará ao Brasil empresas interessadas em atuar em diversos segmentos, não necessariamente ligados ao agronegócio.
As informações foram passadas pelo presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso), Glauber Silveira, que assinou na Índia um protocolo de intenção de cooperação para intensificar as relações comercial e tecnológica entre os dois Estados.
Após a visita dos empresários, que participaram de um encontro internacional em Gujarat e também visitarem empresas públicas e privadas na Índia, foi definida uma missão indiana ao Brasil após o carnaval. “Nós estivemos com vários empresários de lá debatendo sobre as possibilidades dessa negociação. Não assinamos nenhum acordo ainda. Essa foi apenas uma primeira visita. Agora eles virão para cá depois do carnaval, para conhecer a nossa estrutura, e quem sabe já firmam acordo”.
Segundo notícia veiculada no Diário do Comércio & Indústria, o acordo entre Mato Grosso e Índia faria com que os empresários brasileiros investissem US$ 100 milhões na instalação de uma fábrica para o refino de óleo na Índia, e os indianos aportariam a mesma quantia em alguma fábrica no país. “Eles estão mais interessados em trazer tecnologias, não necessariamente voltadas ao agronegócio, pode ser em informática ou em tratores isso ainda dependerá da visita que eles farão aqui. O importante é a troca por aquilo que nenhum dos países possui”, garantiu Silveira.
O presidente da Aprosoja disse que ao sondar a possibilidade do Brasil exportar milho e soja para a Índia, os empresários foram enfáticos ao negar qualquer viabilidade disso acontecer, alegando que o país consome muito menos do que produz. “Eles têm uma restrição à compra de soja e milho entre outros grãos. Mesmo porque o consumo do país é muito pequeno. E como também não consomem muita carne, nem para ração os grãos seriam usados”, afirmou ele.
Entretanto Glauber Silveira frisou que, caso a parceria seja firmada, e a fábrica instalada, as chances do Brasil enviar a soja para a Índia podem aumentar. “A indústria que o Brasil instalaria lá é para o fornecimento de óleo, mas dependendo do acordo não descarto a possibilidade da Índia importar soja do Brasil. Porém, ainda é muito cedo para pensar nisso”.
A missão, organizada pela Aprosoja, em conjunto com o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, e pela Câmara de Comércio Brasil-Índia, durou aproximadamente uma semana e mostrou como os indianos são práticos em seus negócios.
“As empresas indianas atuam em diversas áreas diferentes ao mesmo tempo. O empresário possui um posto de gasolina, um porto, um hotel, e por aí vai, elas não são segmentadas. Em momentos de crise isso pode ser uma vantagem”, disse, ao mencionar a agilidade nas negociações. “Os indianos são bastante agressivos, eles negociam muito rápido, e são bem práticos, diferente do Brasil”, comentou.
Por fim, Silveira mostrou-se bastante otimista em relação às negociações. “Queremos progredir com essa cooperação porque essa relação é importante para todos. Não tenho dúvidas de que essa troca será de ganha-ganha para indianos e mato-grossenses. E eles estão muito satisfeitos também”.