19/02/2011 09:29
Começou a temporada de “caça” dentro do Partido dos Trabalhadores em Mato Grosso. Na sexta-feira(18), o grupo majoritário liderado presidente da sigla, Saguas Moraes, e do ex-deputado Carlos Abicalil, ingressou com representação junto ao Diretório Regional pedindo a expulsão dos filiados Juca Lemos, ex-vereador de Rondonópolis; Verinha Araújo, ex-deputada estadual; Lúdio Cabral, atual vereador em Cuiabá, e Serys Slhessarenko, ex-senadora. Motivo: alegam que eles desrespeitaram as regras partidárias nas eleições de outubro.
Em outras palavras: o grupo majoritário quer atribuir aos três o fracasso da derrota de Carlos Abicalil como candidato ao Senado na eleição de outubro. Juca Lemos e Verinha foram candidatos a deputado estadual e Serys, que era senadora e perdeu a condição de disputar a reeleição por conta de uma decisão do partido, tentou uma vaga na Câmara dos Deputados e acabou como primeira suplente.
Além desses quatro, considerados expoentes do PT, a representação pede também a expulsão de Juscimaria Ribeiro, a “Jusci da Eletronorte”, e de Eroisa de Mello, a “professora Eroisa”. As duas integravam o grupo liderado pela ex-senadora, e disputaram as eleições passada.
A representação contra Serys, Lúdio Cabral, Verinha e Juca Lemos – e ainda Jusci da Eletronorte e professora Eroísa – é assinada pelo sindicalista Júlio Viana, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Estado, e Maria Luiza Zaniratto, do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso. Viana foi candidato a deputado estadual e obteve apenas 2.929 votos. Na segunda-feira, a Executiva Regional se reúne para apreciar o pedido. Com maioria – e livrando qualquer membro de propor a expulsão, o que lhe garante voto – é certo que será aprovada a instalação da Comissão de Ética.
A justificativa apresentada pelos sindicalistas ligados ao grupo Saguas-Abicalil é de que durante a campanha eleitoral, os três não pediram votos para o candidato ao Senado, Carlos Abicalil em represália a atitude do próprio parlamentar de encaminhar o desejo de disputar o Senado. Certos de que poderiam fazer melhor, a sigla foi encaminhada a um duro embate interno – com a realização, inclusive, de prévias, cujo resultado até hoje suscitam dúvidas. Rachado, o PT teve o pior desempenho das ultimas eleições.
Após o resultado, os petistas ligados ao grupo iniciaram uma verdadeira instrumentalização dos procedimentos visando a expulsão de Serys e seu grupo político. Contudo, decidiram esperar até que ela terminasse o mandato, em 1º de fevereiro, para fazer o encaminhamento. Antes, o PT mudou de mãos: Carlos Abicalil renunciou a direção estadual para ocupar um cargo de terceiro escalão no Ministério da Educação. O partido passou a ser presidido por Saguas Moraes.
A representação a Comissão de Ética foi instruída pelo procurador Alexandre César, um dos esteios do grupo. Alexandre disputou a eleição passada a deputado estadual e ficou na suplência. Para materializar o “crime” do grupo a ser penalizado com expulsão, foi anexado material de campanha em que não constava no nome do candidato ao Senado. Eles também disseram que Serys usou o slogan “Vou de Táxi”, numa menção de apoio ao candidato José Pedro Taques, do PDT, que acabou eleito. Com a Comissão de Ética instalada, em prazos regimentais, os três deverão ser chamados a depor.