24/02/2011 08:20
Em pleno período de colheita, os produtores mato-grossenses estão de frente com a maior ameaça à soja: a ferrugem asiática. A doença, que no ano passado causou estragos às lavouras em várias regiões do Estado, voltou com força neste mês de fevereiro com a intensificação das chuvas. Resultado: o número de focos, que em janeiro era de apenas quatro, aumentou em mais de dez vezes, saltando para 42. Foram coletadas 1,5 mil amostras. A recomendação é de atenção redobrada, pois pode haver uma explosão de focos no próximo mês, conseqüência do clima quente e úmido em todo Estado.
Segundo o gerente técnico da Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja/MT), Luiz Nery Ribas, o município com a maior incidência de focos até agora é Sorriso (460 quilômetros ao norte de Cuiabá), com 25 casos confirmados no ciclo atual (2010/2011). “Mas em todo o Estado a doença já está presente nas lavouras”, lembra.
Na opinião do agrônomo, os focos se multiplicaram devido às chuvas seqüenciais que caíram sobre o Estado, nos últimos dias. “Já acionamos o sinal vermelho para os produtores”, disse, recomendando “monitoramento intensivo e permanente” nas lavouras por causa do tempo chuvoso, clima que pressiona o fungo e favorece o aparecimento da ferrugem. “Estamos recomendando atenção redobrada do produtor neste momento em que todos se voltam à colheita. As condições são propícias, considerando o clima quente e úmido comum neste período do ano”.
Nery alerta que a colheita aumenta a pressão sobre o fungo causador da ferrugem. “Como o plantio este ano foi concentrado nos meses de outubro e novembro, devido ao atraso das chuvas, corre-se o risco de haver uma explosão de focos no mês de março”. Ele diz que a situação é muito preocupante, “pois ainda temos muita soja para colher no Estado”.
No ano passado, as perdas atingiram principalmente a soja de ciclo médio. Nery Ribas aconselha o produtor a não descansar. “É necessário fazer o monitoramento da safra, acompanhar o sistema de alerta Antiferrugem, que está disponível no site da Aprosoja, e fazer a aplicação de fungicidas recomendados pelos profissionais da área. O produtor tem de fazer quantas aplicações forem necessárias, sem economizar fungicidas”.
De acordo com os técnicos, ano após ano vem aumentando a resistência da doença aos fungicidas, o que tem exigido maior número de aplicações. Ribas informou que os focos de ferrugem tendem a aumentar nos próximos dias.
Este ano, em decorrência do prolongamento da seca de 2010, os produtores terão de redobrar a atenção e fazer o monitoramento permanente da lavoura porque os ataques poderão ser mais agressivos.
CICLO 09/10 – Na safra passada, 623 focos foram registrados no Estado, com um total de 4 mil amostras colhidas. A média foi de três aplicações, mas algumas lavouras chegaram a fazer até quatro aplicações de fungicidas nas regiões mais críticas como Vale do Araguaia e leste mato-grossense, em função da realização de plantios tardios. (Veja quadro ao lado)
Em 2010, as condições climáticas – muito calor e alta umidade – provocaram a proliferação do fungo da ferrugem em várias regiões, gerando prejuízos aos produtores, já que a doença restringe a produtividade.
As regiões com o maior número de registros foram oeste, norte, sul e leste. Itiquira, Alto Taquari, Guiratinga, Pedra Preta, Sinop, Sorriso, Campos de Júlio, Campo Novo do Parecis, Sapezal, Tangará da Serra, Lucas do Rio Verde, Diamantino e Nova Ubiratã.