27/05/2011 10:37
Os aquecidos negócios visando a safra de soja 2011/12 do Brasil indicam que a nova temporada poderá apresentar um recorde de área plantada, com preços altos e produtores capitalizados pela ótima colheita em 2010/11, um cenário que poderá se converter em mais um ano de produção abundante no país se o tempo também colaborar, de acordo com especialistas.
Em 2010/11, o Brasil colheu a maior safra de sua história, oficialmente estimada em 73,6 milhões de toneladas, um aumento de quase 5 milhões de toneladas na comparação com a anterior, com produtores obtendo produtividades recordes por conta de condições quase ideais de clima e com um crescimento de 700 mil hectares na área plantada, para 24,15 milhões de hectares.
E no que depender de expectativa de aumento de plantio para 2011/12, a colheita do principal produto do agronegócio do Brasil poderá crescer novamente.
“Podemos ter o maior aumento de área dos últimos três anos, por uma mistura de preços altos e produtividades absurdas (obtidas na última safra). O produtor está bem capitalizado”, afirmou o analista Fernando Muraro, da Agência Rural, que participará na quinta-feira de um painel no seminário Perspectivas para o Agribusiness 2011 e 2012, promovido pela BM&FBovespa e pelo Ministério da Agricultura.
O especialista afirmou que a área crescerá principalmente nas novas fronteiras agrícolas, nos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, além do leste de Mato Grosso, o maior produtor de soja do Brasil.
O país poderá incorporar pelo menos 1 milhão de hectares para as lavouras de soja em 2011/12, segundo ele, para quem novas áreas não significam um plantio irregular do ponto de vista ambiental. “Se fosse assim, a área em Mato Grosso (Estado considerado o maior desmatador do Brasil) poderia crescer muito mais”, concluiu.
O analista ponderou que sua previsão de aumento do plantio está relacionada às condições de mercado, assim como a de outros especialistas ouvidos pela Reuters. Steve Cachia, da corretora Cerealpar, no Paraná, tem uma avaliação sobre o crescimento de área semelhante.
“A gente começa trabalhando com um aumento entre 3 a 5 por cento na área… Agora, obviamente, tudo vai depender do tamanho da safra norte-americana este ano”, disse Cachia, lembrando que os EUA já perderam o período ideal de plantio em meio a fortes chuvas que atingem as regiões produtoras, um dos fatores que está por trás dos elevados preços globais.
“Os Estados Unidos, com estoques apertados, não podem contar com nada menos do que uma safra cheia… uma safra menor vai dar um tiro pra cima no mercado e estimular o pessoal a plantar soja na América do Sul.”
O plantio de soja no Brasil só começa em meados de setembro e início de outubro nas principais regiões produtoras, mas a maior parte do fertilizante e sementes utilizados na nova safra já está comercializado.
“A novidade deste ano é que 2011/12 é uma safra bem antecipada quanto à tomada de decisão. Em fertilizantes e sementes, já rodou no mercado brasileiro 80 por cento (do total a ser comercializado)”, complementou Muraro. As entregas de adubo ao consumidor final entre janeiro e abril cresceram quase 15 por cento ante o mesmo período do ano passado, refletindo parte dessa antecipação, segundo dados da indústria.
Considerando uma safra com potencial para atingir entre 73 e 75 milhões de toneladas –acima da previsão do Departamento de Agricultura dos EUA de 72,5 milhões–, o analista da Agência Rural avalia que os produtores do país já venderam antecipadamente 5 por cento do total que esperam colher.
MILHO SE RECUPERA NO SUL
A safra de soja do Brasil, segundo produtor global, poderia crescer ainda mais se não houvesse a indicação de uma recuperação de área de milho no Paraná e Rio Grande do Sul (o cereal concorre em área com a oleaginosa nesses Estados do Sul, segundo e terceiro maiores produtores de soja).
O analista Leonardo Sologuren, sócio-diretor da Clarivi, lembrou que a relação de rentabilidade está mais favorável para o milho no Sul, o que pode levar parte dos produtores dessa região a optarem pelo cereal no verão em maior escala do que o registrado no ano passado.
“Todas as commodities estão com preços muito bons, vai ser um ano de escolha”, afirmou ele, ponderando que a soja conta com alguns fatores favoráveis, como a questão de ser um produto mais fácil de ser comercializado, além de contar com mais opções de financiamentos. No caso do Centro-Oeste, os produtores tendem a deixar para plantar o milho na segunda safra.
fonte: Potal do Agronegocio