05/08/2011 09:34
Os mercados de ações na Europa operam em forte queda nesta sexta-feira, dando continuidade ao movimento observado ontem nas bolsas do mundo todo. Investidores seguem retirando suas posições de renda variável em busca de ativos mais seguros, preocupados com uma recessão nos Estados Unidos e com a crise da dívida em países da zona do euro.
A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy – líderes das duas maiores economias da União Europeia – devem se falar ainda hoje para discutir uma possível saída para os problemas da região. Sarkozy também anunciou que entrará em contato com o primeiro-ministro espanhol, Jose Luis Rodriguez Zapatero.
Há pouco, o índice FTSE 100 da bolsa de Londres operava em queda de 2,15%, aos 5.277 pontos. Em Paris, o CAC 40 registrava baixa de 0,23%, aos 3.312 pontos. Em Frankfurt, o índice DAX recuava 1,73%, para 6.303 pontos.
Em sentido contrário, o FTSE MIB da bolsa de Milão operava em alta de 1,13%, aos 16.310 pontos. Segundo dados preliminares divulgados nesta sexta-feira, o país cresceu 0,3% no segundo trimestre em relação ao trimestre anterior e de 0,8% frente a igual período de 2010. A bolsa de Madrid também tinha alta, com o IBEX-35 subindo 2%, aos 8.861 pontos.
No mercado de câmbio, o euro operava com leve alta de 0,5%, negociado a US$ 1,416.
Ásia despenca
Nos mercados asiáticos, o dia terminou com forte desvalorização. Em Hong Kong, a bolsa fechou no menor patamar dos últimos 9 meses. O índice Hang Seng caiu 4,3% e encerrou aos 20.946,14 pontos, quarta queda consecutiva e o pior fechamento desde 2 de setembro de 2010.
Na China, as Bolsas também foram influenciadas por fatores domésticos, como as expectativas de alta na inflação de julho. O índice Xangai Composto caiu 2,2% e terminou aos 2.626,42 pontos, o pior fechamento desde 20 de junho – na semana, o índice acumulou queda de 2,8%. O índice Shenzhen Composto baixou 1,9% e encerrou aos 1.164,95 pontos.
O yuan se desvalorizou em relação ao dólar, após o Banco Central chinês elevar a taxa de paridade central dólar-yuan (de 6,4386 yuans para 6,4451 yuans) por conta do fortalecimento da moeda norte-americana nos mercados internacionais. No mercado de balcão, o dólar fechou cotado em 6,4404 yuans, de 6,4390 yuans ontem – a moeda chinesa se valorizou 6% em relação à unidade dos EUA desde junho de 2010.
No Japão, a Bolsa de Tóquio também teve forte recuo. O temor de uma recessão global paralisou o mercado e levou o Nikkei 225 a fechar em queda de 3,7%, aos 9.299,88 pontos. Em termos porcentuais, a queda foi a mais severa desde 15 de março, no pregão que se seguiu ao terremoto. Várias blue chips, como a Sony, caíram mais de 5%.
Pouco influenciaram as medidas do Banco Central japonês que, a fim de conter a valorização do iene ante o dólar, manteve a taxa de juros entre zero e 0,1%. O banco central japonês também aumentou o tamanho total do programa de compra de ativos em cerca de 10 trilhões de ienes, para 50 trilhões de ienes.
Na Austrália, a bolsa de Sydney teve a maior queda diária em dois anos e meio. O índice S&P/ASX 200 baixou 4%, o pior resultado desde 23 de janeiro de 2009, e terminou aos 4.105,4 pontos.
Mundo teme recessão
No Brasil, o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa, teve a pior queda entre principais bolsas globais na quinta-feira.
Na Europa, o índice de ações FTSEurofirst 300 encerrou a sessão com baixa de 3,33%, a 993 pontos. Foi a primeira vez que o indicador caiu abaixo da marca de 1 mil pontos em 12 meses.
Nos Estados Unidos, as bolsas despencaram mais de 4%, pior movimento em dois anos. O índice Dow Jones recuou 4,31%, o Standard & Poor’s 500 perdeu 4,78% e Nasdaq teve desvalorização de 5,08%.
Segundo economistas ouvidos pelo iG, os investidores internacionais estão tendo a percepção de que o mundo está demorando mais do que o esperado para se recuperar. “A sensação é de que tudo o que podia ser feito, já foi feito,” diz José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.
Na visão dos economistas, a economia norte-americana deverá desacelerar seu ritmo de crescimento, uma vez que precisará cortar gastos para reduzir suas dívidas, enquanto a Europa ainda não equacionou seus problemas de endividamento.
Fonte:IG