07/08/2011 11:23
Se antes da turbulência e agravamento da tensão internacional a inflação brasileira era comparável a um animal selvagem; hoje, o cenário de inflação está mais parecido com um bicho doméstico. A analogia foi feita pelo ex-diretor do Banco Central (BC) e atual economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, ao comentar a inflação de 0,16% registrada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em julho, divulgada hoje pelo IBGE.
Ainda que represente, em 12 meses, uma inflação acumulada de 6,87% — a maior alta desde junho de 2005 —, a crise nos EUA e Europa poderá ser um aliado do governo, na sua batalha de trazer a inflação para o centro da meta, de 4,5%. “Num contexto internacional enfraquecido, os preços das “commodities”, que já começaram a cair, tendem a desacelerar ainda mais, o que acaba reduzindo a pressão sobre os preços no Brasil”, comenta Freitas, lembrando que, em julho, os preços destes produtos já caíram 3,34%, como apontou o Índice de Commodities Brasil, do BC.
Até o mês passado, a inflação já tinha acumulado alta de 4,04% no ano, acima dos 3,10% relativos ao primeiro semestre de 2010. A coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, considera que, apesar de o IPCA de julho ter ficado ligeiramente acima dos 0,15% de junho, a inflação está estável. “Apesar das taxas de junho e julho terem sido semelhantes, o perfil da inflação destes dois meses é diferente. A inflação de julho foi pressionada, sobretudo, pelos combustíveis. Só o etanol subiu 4,01% em julho”.
Entre os serviços, o salário doméstico foi o que mais pressionou. Os alimentos que engordaram o índice no início do ano estão em baixa. O preço do tomate caiu 15,32%, seguida da carne, que ficou 1,12% mais barata. Ainda que a redução dos preços dos alimentos tenha sido de apenas 0,34%, o recuo contribuiu para neutralizar o aumento dos preços dos combustíveis.
Há um consenso entre economistas de diferentes tendências de que a crise internacional vai ajudar o país a levar o IPCA para o centro da meta. Alguns, como é o caso do professor Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio, concordam com a projeção do presidente do BC, Alexandre Tombini, de que este objetivo será alcançado já em 2012. Outros, como Thiago Curado, da Tendências Consultoria Integrada, e o próprio Freitas, discordam. Curado acredita que a meta só será alcançado em 2013. A Tendências projetando inflação de 6,60% para este ano. (Rio e São Paulo/ AG)
Fonte:DiáriodoPará