14/08/2011 08:23
O Estado ainda não tem estoque de pedras lapidadas para atender o mercado, mas o setor se prepara para avançar e, consequentemente, não deixar a oportunidade passar. Para ter uma ideia, a procura pelo Curso em Lapidação de Pedras Coradas, oferecido pela Companhia Mato-grossense de Mineração (Metamat), supera o número de vagas. São demandas que ultrapassam fronteiras, como as recebidas dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Bahia, além do montante de Mato Grosso.
“Está se consolidando uma cultura nova, que até pouco tempo não existia. Até mesmo o termo ‘pedras coradas’ já pegou. Qualificamos 13 pessoas na primeira turma, agora são 30 formandos. E temos a terceira turma praticamente montada”, explicou o coordenador do Curso em Lapidação, geólogo Wanderlei Magalhães.
A preparação das pessoas para atuarem em lapidação de pedras é o caminho para o Estado conquistar mercados interno e externo. A tarefa ainda é árdua, como pontua o consultor sobre comercialização e capacitação empreendedora dos lapidários, Charles Pantoja Esteves, mas “o dever de casa está sendo feito”.
Embora nada oficial, já existem grandes possibilidades de negócios. “Existem abertura para cerca de seis propostas, mas não temos estoque para atender clientes maiores. Alguns países querem exportar acima de 5.000 CT (equivalente a 1kg), isso demandaria dez pessoas trabalhando diariamente durante 15 dias. Os artesãos ainda estão montando oficinas em Mato Grosso. É preciso pensar em produtos minuciosos como pedras de uma grama, por exemplo. Cada país tem um perfil de mercado e busca pelo que é viável nesse sentido”, revelou Charles Esteves.
Com a capacitação oferecida gratuitamente pela Metamat, as expectativas mudam e vislumbram a Copa de 2014. “Produzir com qualidade eles já sabem. Agora é preciso pensar em quantidade de produção. Até o mundial da Copa, Cuiabá terá lojas de pedras para decoração e de pedras lapidadas”, acrescentou o geólogo.
Para o professor do Curso, Ednilson Martins Santos, com experiência de mais de 20 anos como lapidário, as pedras estão aqui, saindo em estado bruto. “Porque não agregar valor e não ensinar jovens, dando a eles uma oportunidade, evitando que fiquem ociosos e tracem caminhos sem voltas. Quero que sintam orgulho ao ver uma pedra de sua autoria na vitrine. Não é fácil lapidar uma pedra, mas a Metamat está ensinando a pegar a pedra e transformá-la em jóia”.
Multiplicares
O Núcleo em Lapidação de Pedras Coradas, onde é ministrado o Curso de Lapidação oferecido pela Metamat, se prepara para capacitar a terceira turma. Duas delas já receberam os certificados, sendo a última na sexta-feira (12.08). A procura por vagas superou as expectativas, são 40 para atender mais de 150 interessados.
Para Wanderlei Magalhães, a ideia é que após a conclusão do curso, os formandos atuem como multiplicadores e capacitem outras pessoas. Seguindo essa diretriz, três pessoas participantes da primeira turma, moradoras de Peixoto de Azevedo, estão atuando dentro da Cooperativa dos Produtores de Ouro do Vale de Peixoto, onde oferecem curso para 10 interessados.
Paulo Fernando Profeta da Cruz, também da primeira turma, está desenvolvendo um trabalho há três meses com moradores de Poxoréu, a convite do Sebrae-MT. “É muito gratificante e pra mim está sendo valioso, estou aprendendo mais. Na lapidação quanto mais à gente faz mais se aperfeiçoa”.
Outro exemplo é Tamires Nerli Ferreira dos Santos que trabalha por meio do Projeto Menor Aprendiz, como assistente do professor Ednilson Martins Santos, no Núcleo em Lapidação, mas de olho nas oportunidades.
Projetos tidos como fundo de quintal (pessoas que trabalham em casa), cooperativas e associações também estão em andamento em Cuiabá. Ou seja, aos poucos o mercado vai se estruturando.
fonte: secom