01/09/2011 08:57
O Comitê de Política Monetária do Banco Central anunciou ontem, após dois dias de reunião, a redução de 0,5 ponto percentual a taxa de juros (Selic) agora em 12% ao ano. Esta é a primeira vez neste ano que os economistas reduzem suas projeções para o indicador.
Analistas econômicos consultados pela equipe do Diário disseram que esta queda está ligada à pressão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao elevar em R$ 10 bilhões o superavit primário e com isso anunciar que a inflação iria cair e por conseguinte a Selic deveria seguir este caminho.
A informação do BC foi de que o Copom diminuiu a taxa de juros, sem viés, por cinco votos a favor e dois votos pela manutenção em 12,50%.
“Reavaliando o cenário internacional, o Copom considera que houve substancial deterioração, consubstanciada, por exemplo, em reduções generalizadas e de grande magnitude nas projeções de crescimento para os principais blocos econômicos. O comitê entende que aumentaram as chances de que restrições às quais hoje estão expostas diversas economias maduras se prolonguem por um período de tempo maior do que o antecipado. Nota ainda que, nessas economias, parece limitado o espaço para utilização de política monetária e prevalece um cenário de restrição fiscal.”
Para o Copom, a transmissão dos desenvolvimentos externos para a economia brasileira pode se materializar por intermédio de diversos canais, entre outros, redução da corrente de comércio, moderação do fluxo deinvestimentos, condições de crédito mais restritivas e piora no sentimento de consumidores e empresários.
O comitê entende que a complexidade que cerca o ambiente internacional contribuirá para intensificar e acelerar o processo em curso de moderação da atividade doméstica, que já se manifesta, por exemplo, no recuo das projeções para o crescimento da economia.
Dessa forma, no horizonte relevante, o balanço de riscos para a inflação se torna mais favorável. “Um ajuste moderado no nível da taxa básica é consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012”, aponta o BC.
Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical, disse que a decisão é extremamente tímida e insuficiente. “O BC acertou no remédio, mas errou na dose. Com a medida o governo aplica um antídoto contra o crescimento. Infelizmente está prevalecendo uma maléfica simpatia da equipe econômica pelo mercado especulativo. Entendemos que há espaço para redução mais drástica, principalmente com o ajuste fiscal anunciado pelo governo”.
“Só uma forte diminuição de juros pode fazer com que o País mantenha o ritmo de crescimento, sem comprometer o controle dos preços. Hoje ainda temos no Brasil o que o resto do mundo não tem, a demanda interna. Podemos correr o risco de trazer a crise financeira para o País”, afirmou João Guilherme Ometto, presidente da Fiesp.
A CNI viu na redução importante passo para enfrentar as dificuldades que a economia brasileira começa a sentir com a nova fase da crise mundial. Para a entidade, o BC priorizou a sustentação da atividade econômica num momento de menor ímpeto da inflação.
Fonte:DGABC