04/09/2011 10:06
Pelo menos o valor equivalente à economia da Bolívia foi desviado dos cofres do governo federal em sete anos, de 2002 a 2008, informa reportagem de Mariana Carneiro, publicada na Folha deste domingo.
Cálculo feito a partir de informações de órgãos públicos de controle mostra que R$ 40 bilhões foram perdidos com a corrupção no período –média de R$ 6 bilhões por ano, dinheiro que deixou de ser aplicado na provisão de serviços públicos.
Com esse volume de recursos seria possível elevar em 23% o número de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família –hoje quase 13 milhões. Ou ainda reduzir à metade o número de casas sem saneamento –no total, cerca de 25 milhões de moradias.
O montante apurado faz com que escândalos políticos de grande repercussão pareçam pequenos.
Se colocados na ponta do lápis, os escândalos que habitam o noticiário político representam muito pouco do que o país perde cotidianamente para a corrupção. Na última década, estima-se que ao menos R$ 6 bilhões desapareceram por ano no caminho que leva os recursos federais de Brasília para os municípios, onde deveriam resultar em ações sociais e de infraestutura.
Leia depoimentos de de autoridades no assunto:
Um dos pontos mais vulneráveis à corrupção tem o aval da Constituição brasileira. Trata-se da possibilidade de nomeação de cargos públicos. A afirmação é de Claudio Weber Abramo, diretor da ONG Transparência Brasil.
Para Abramo, a distribuição de cargos é o maior gerador de corrupção no país, pois resulta na compra de apoio no Legislativo e evita, por fim, a fiscalização do governo.
Para o líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), o combate à corrupção no Brasil está fragilizado. Segundo Torres, as leis do país são insuficientes e a “cabeça dos juízes” está condicionada para soltar os criminosos.
O ministro-chefe da CGU (Controladoria-Geral da União), Jorge Hage, defende a aplicação da Lei da Ficha Limpa para todo ocupante de cargo público –mesmo os não eletivos.
Para ele, o excesso de recursos permitidos pela legislação penal no Brasil afasta o risco de punição dos corruptos.
Para, o ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega (1988-1990) avalia que a corrupção no Brasil se dá pelo fato de os corruptos não terem percepção de risco. O economista defende a ampliação da educação no país para tornar a sociedade menos passiva.
Segundo ele, o financiamento público das campanhas eleitorais não reduzirá a corrupção no Brasil.
“Um político que se inicia na vida política, começa as ‘bandalheiras’ no financiamento da campanha”, diz o senador Pedro Simon (PMDB-RS) no vídeo acima. Segundo ele, campanhas bancadas apenas por dinheiro público mudariam completamente a forma de fazer política no país.
Fonte:Correiodopovo