15/09/2011 16:21
Escrevo este artigo na madruga de segunda (12.09), antes de conhecer a decisão do governador Silval Barbosa sobre a nova crise da Agecopa. Seja o que for que tenha decidido (se é que já decidiu), não creio que tenha tocado no ponto central: A Agecopa nasceu pelos motivos errados, portanto, a única solução definitiva seria sua extinção.
Quando a concebeu, o ex-governador Blairo Maggi teve uma ideia de jerico, provavelmente influenciado pelos notórios jericos que o aconselhavam, de criar um território seu (um tipo de enclave) no governo que o sucederia – supostamente de oposição -, já que Blairo não acreditava que Silval ganharia as eleições.
O assunto foi debatido (mas já decidido) com o secretariado numa reunião realizada em julho de 2009 no Hotel Fazenda Sesc Porto Cercado. E, lá, hoje o sabemos, o jogo foi aberto: Blairo não poderia correr risco de perder a eleição e ficar de fora da Copa do Mundo que conquistou.
A partir desse vício insanável, como gostam de falar os advogados, se sucederam os demais vícios: nomear políticos para cargos que deveriam ser ocupados por executivos técnicos; desenhar uma estrutura de colegiado, mas com presidente; (com a saída de Sachetti) colocar um novo presidente que sofre de megalomania e egolatria crônicas e incuráveis.
Para tentar corrigir esses erros a Assembleia cometeu uma inconstitucionalidade de mudar a lei da Agecopa por iniciativa legislativa, que depois foi contornada com o envio de outro projeto do Executivo. Mas, em vez de sanar os vícios, criou outros ainda piores, ao dar carta-branca para um indivíduo sem limites. Não se pode dar um balde de gasolina e uma caixa de fósforos a um doido para ele acender uma fogueira. Ele vai, fatalmente, incendiar toda a floresta – como um Nero, só para replantá-la com espécies que mais lhe apetecem o espírito.
Desde a crise com Sachetti tenho acompanhado de perto o clima interno da Agecopa. A rigor, todos os diretores subalternos estão imensamente incomodados com o ‘estilo’ do novo presidente. Mais do que isso, todos estão esvaziados e não decidem nada. No máximo, quando o presidente está de bom humor ou quer fazer uma média, dá-lhes uma tarefa menor, que deve ser cumprida à risca, sob pena de levarem uma carraspana. Nem falar podem, pasme!
Fora dos microfones e em ambientes reservados, porém, rompem a mordaça e falam horrores que fariam as declarações de Carlos Brito na audiência pública da Assembleia Legislativa, no dia 2 de setembro, soarem como cantigas de ninar a embalar os sonhos do presidente.
Há dois casos mais emblemáticos que os dos demais. Carlos Brito e Roberto França eram deputados no exercício do cargo quando aceitaram o convite do presidente José Riva para compor a Agecopa, representando a Assembleia. Ambos tinham chances eleitorais objetivas para vencer as eleições de 2010 e continuar na Assembleia como deputados, mas dessa vez titulares. Renunciaram a esses projetos factíveis e ambos se sentem traídos e desonrados por terem sido submetidos às humilhações que se seguiram.
O problema é que o que foi criado para ser um enclave de Blairo num eventual governo de oposição virou um enclave sem dono (ou de um único dono) no governo de Silval Barbosa. A solução, portanto, é o Governo e a Assembleia corrigirem o erro capital, extinguindo a autarquia para transformá-la em Secretaria Especial da Copa, subordinada diretamente ao gabinete do governador.
A outra alternativa é os próprios diretores resolverem o problema: em nome de sua dignidade, de sua lealdade ao governador (que optou por delegar a quem delegou a condução dos preparativos da Copa – e devemos respeitar sua escolha, mesmo divergindo radicalmente dela) e, principalmente, por compromisso com Mato Grosso – já que estão sendo acusados pelo novo presidente de atrapalhar a Copa em Cuiabá -, devem entregar suas renúncias ao governador, deixando que o presidente escolhido por Silval toque as coisas do seu jeito, e arque com as responsabilidades. Mas, para isso, precisarão mais do que de coragem. Precisarão entender que situações extremas requerem medidas extremas.
Fora dessas opções, qualquer outra medida não resolverá o problema central, e depois dessa atual crise virão outras e outras, fazendo o relógio do tempo andar mais depressa. Se der errado, senhoras e senhores, não só uma mas dezenas de cabeças vão rolar, porque os envolvidos – inclusive os que se omitem em resolver a questão -, pagarão muito caro perante o tribunal da História, onde a justiça costuma ser mais implacável!
Por:KLEBER LIMA é jornalista e consultor de marketing em Mato Grosso, e diretor do site HiperNoticias. E-mail: [email protected]. Twitter: @kkleberlima