Transtorno afeta crianças e adultos

19/09/2011 09:41

A Liga de Psiquiatria e Saúde Mental e o Departamento de Medicina Clínica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC)promove, de 29 de setembro a 20 de outubro, na Faculdade Christus, o IV Curso de Psiquiatria e Saúde Mental, tendo como tema central “A Psicofarmacologia que todo profissional de saúde deve saber”.

O transtorno bipolar será um dos assuntos abordados nesta edição. De acordo com Dr. André Ferrer Carvalho, professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina da UFC, a temática sugere muitos questionamentos, exiginuma série de discussões. Cada vez mais, um número maior de pessoas apresenta a sintomatologia, sendo um transtorno que provoca muitas inquietações pela dubiedade no comportamento dos portadores.

Fatores genéticos

Oscilar entre depressão e outra fase de mania é bastante complicado, tanto para quem atravessa o problema como para as pessoas de seu círculo de convivência. Ter um parente, amigo, empregado ou mesmo superior que transita entre a tristeza e seu polo totalmente oposto (na fase maníaca) com excitação, humor elevado e até força que normalmente não possui, comumente afeta profundamente o convívio.

Conforme o psiquiatra, há casos em que sucede um quadro mais brando de mania (hipomania), com humor irritável. Os questionamentos mais comuns são quanto as formas de compreender se o transtorno bipolar é hoje mais frequente e sobre a questão da hereditariedade.

“O transtorno bipolar afeta até 4% da população mundial. Logo, é um distúrbio muito comum. Afeta homens e mulheres em proporções semelhantes. É causado por elementos genéticos associados a fatores ambientais, contando de fato com forte componente genético”, informa o médico, reforçando que se um pai ou mãe tem transtorno bipolar, há até 20 vezes mais chances de o filho apresentar o transtorno bipolar.

Infância

André Férrer Carvalho, pesquisador nas áreas de neurociências e psiquiatria, revela que a bipolaridade a qual se expressa e tem sido tratada como um transtorno específico, tem sido cada vez mais comumente diagnosticada na infância. Quando se observar crianças que mudam de humor muitas vezes bruscamente, é importante buscar uma avaliação médica. “Essas crianças são muito irritadas. Podem ter prejuízo no rendimento escolar e no comportamento em casa e na escola”, afirma.

A possíveis consequências do transtorno bipolar, avalia o médico, normalmente surgem quando o problema não é identificado nem devidamente tratado. Nestes termos, é possível haver um risco aumentado de suicídio no acometido. Além do mais, revela Dr. André Férrer, diversos estudos demonstraram que pessoas que sofrem do transtorno apresentam um risco maior de doenças médicas, como enxaqueca, obesidade, diabetes e distúrbios do sono.

Não se justifica todo esses sofrimento, uma vez que o tratamento do transtorno bipolar conta com medicação e acompanhamento médico regular. O psiquiatra avisa que requer tanto o uso de remédios (chamados de estabilizadores do humor, ou seja, drogas que também são usadas para o tratamento da epilepsia), como o acompanhamento psicoterapêutico. O lítio, esclarece, é o fármaco com a efetividade mais comprovada, enquanto alguns antipsicóticos também têm se revelado muito efetivos na condução do tratamento.

Psicoterapias

No tocante ao tratamento psicoterapêutico, o psiquiatra confirma ser muito efetivo. “Uma técnica chamada psicoeducação pode ser muito efetiva. Os pacientes são educados sobre a natureza e as causas do transtorno. Aprendem a identificar sinais de alerta”, comenta o médico.

Já é entendido que um paciente, antes de entrar em estado de mania, pode começar a dormir menos e a aumentar sua atividade motora. De outro modo, um paciente que esteja próximo de deprimir, pode começar a abandonar atividades prazerosas e diminuir o apetite sexual. Conhecendo precocemente esses sintomas e sinais, os pacientes podem ser ajudados e evitarem tudo o que pode vir a agravar o quadro.

Como proceder

“O paciente com transtorno bipolar deve evitar o sedentarismo. O exercício aeróbico melhora o funcionamento do cérebro e tem efeito antidepressivo. O consumo excessivo de café pode ter efeitos negativos. Dormir mal é um veneno para quem tem transtorno bipolar. O consumo excessivo de álcool e drogas também pode agravar o transtorno. Os portadores devem procurar ajuda e abandonar o tabagismo, pois este pode tornar o distúrbio mais difícil de tratar”, ressalta o médico.

O psiquiatra orienta familiares e o próprio meio social sobre a melhor conduta frente a este problema. Segundo ele, deve-se entender que quem tem transtorno bipolar sofre de um quadro complexo com componentes tão biológicos quanto os de outras doenças crônicas, como o diabetes e a hipertensão.

Mediante observação e conhecimento das neurociências, hoje já se compreende a importância de se encorajar pessoas com transtorno bipolar a procurarem o tratamento para que levem uma vida mais próxima possível da normalidade. “Devemos estimular a queda do estigma e do preconceito. Encorajem seus amigos e familiares a seguirem o tratamento (que não deve ser suspenso inadvertidamente sem consultar um profissional de saúde qualificado”.

Fique por dentro

O que é ser bipolar?

Transtorno bipolar é um distúrbio que alterna episódios de depressão e de mania. A depressão é caracterizada por tristeza, perda ou aumento de apetite ou peso, choro fácil, perda de prazer, insônia, desesperança e dores físicas. Já a mania é um quadro com humor elevado (o indivíduo pode se achar poderoso e especial), pensamentos acelerados (ideias que mudam rapidamente sem controle), aumento da velocidade e da produção da fala (o indivíduo fala rápido e muda de assunto), necessidade diminuída de sono, gastos financeiros excessivos e aumento da sexualidade. Pode ocorrer um quadro de hipomania que é uma forma mais branda de mania e pode ter humor irritável.

Fonte:Correiodoestado

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