19/09/2011 10:55
A educação básica em nosso país passa por uma enorme tragédia. A escassez de professores parece querer colocar a educação em xeque-mate. Além disso, há problemas enormes com a qualificação de educadores que estão no mercado de trabalho em todo o país. Por exemplo: apenas 20,4% dos professores de Matemática são habilitados no Brasil; dos professores de Física que atuam na rede pública do país apenas 9% é licenciado e só 22% dos professores de Química possuem formação adequada. Só esses dados já nos mostram que o sistema educacional brasileiro vive em colapso. Tudo isso sem falarmos que faltam professores nos quadros da rede pública, obrigando as escolas a lotarem seus quadros com professores habilitados em uma área ministrando conteúdos de áreas em que não tiveram formação.
A situação caótica do ensino exige dos governantes cuidados especiais. Nos últimos 25 anos, os professores licenciados em Química e Física não seriam suficientes para atender à demanda de hoje. Faltam professores e essa situação nos deixa preocupados. Como podemos falar em qualidade de ensino, se não temos sequer professores capazes de ensinar? O pior é que os cursos de licenciatura nas faculdades continuam com vagas ociosas. O que fazer? Como resolver essa questão? O Estado tem incentivado jovens a preencherem essas vagas? Há incentivos? As perguntas são várias e as respostas… não temos.
O MEC vem discutindo a política educacional no Brasil, principalmente nos últimos 10 anos. A grande partida foi no governo de Fernando Henrique, cujo esforço maior foi a quebra de paradigmas cristalizados e a busca de um modelo educacional que fosse próximo ao modelo dos países de primeiro mundo. O ENEM é uma prova disso. A necessidade de melhoria do ensino levou o governo federal a criar uma avaliação externa nacional que, pelo menos em tese, faz uma radiografia da realidade e obriga as escolas a melhorarem o seu desempenho. O mesmo ocorre com a “Provinha Brasil” e com a avaliação de desempenho das escolas públicas municipais com o IDEB. Mas há muito o que se fazer ainda; estamos apenas engatinhando.
Há uma opinião generalizada entre os estudiosos de educação em diversas partes do mundo de que a formação inicial e o aperfeiçoamento dos professores são importantíssimos para a qualidade da educação. Por isso, não podemos dissociar a ideia de melhoria na educação aos avanços necessários na qualificação e valorização do profissional da educação. Mas isso não é tudo! Precisamos avançar, e muito! É preciso que a escola pública passe por uma profunda reforma em sua organização. Precisamos dar ao modelo educacional brasileiro um “tom mais político” nas demandas das gestões escolares. Ocultar a natureza política do ato educativo é renunciar a uma das mais importantes dimensões para se buscar fazer uma educação comprometida com a comunidade. Educar é sim um ato político, e os educadores têm que se comprometer com o discurso e a prática verdadeiramente revolucionária que a política impulsiona.
A questão de uma educação pública de qualidade não está apenas na qualificação dos professores nem só pela valorização desses profissionais; passa, também, pela questão da gestão escolar. Sinceramente, o gestor faz a diferença. Conhecemos em todo o país projetos fantásticos de custos baixos que só se desenvolveram devido ao empenho e à capacidade de mobilização do diretor. Ele é a força catalisadora, capaz de unir comunidade escolar e comunidade social. Ele é capaz de gerar dinamismo que tirem a escola da inércia. É capaz de promover sinergia que transforme o espaço-escola que administra. Essa é a força transformadora de que a escola necessita para apresentar-se à comunidade em que está inserida não só como um lugar onde se ensina, mas, e acima de tudo, como um lugar onde se produzem condições reais que contribuem para mudar a sociedade. É isso… Escola para mim é isso!
Por: José Romero Nobre de Carvalho é colunista ojornalweb.com