21/09/2011 09:33
A fatia da renda da família comprometida com operações de crédito, como empréstimos e financiamentos, aumentou nos últimos anos. E em julho, maior nível de comprometimento da série histórica, o consumidor tinha 21,1% do que ganhava destinados a essas transações. Entre 2009 e 2010, por exemplo, o percentual era próximo aos 19%. E em julho de 2005, margeava os 16%.
Os resultados foram divulgados ontem pelo Banco Central, por meio do último Relatório de Estabilidade Financeira. O documento faz um raio X sobre o setor financeiro nacional que é regulamentado e supervisionado pela autoridade monetária.
Na lista do comprometimento estão dívidas como as do cheque especial e do cartão de crédito, considerados como crédito rotativo, financiamentos habitacionais, leasing, empréstimos de cooperativas e parcelas de compras com incidência de juros.
O BC destacou que as medidas macroprudenciais que tomou, a partir de dezembro, para segurar o consumo interno e frear a inflação, diminuíram o ritmo de expansão do crédito no País. Essas manobras tornaram mais restritos os financiamentos, ou seja, houve aumento nas taxas de juros e dificuldade para as contratações com prazos longos.
“As medidas macroprudenciais foram eficazes para moderar a expansão do crédito em segmentos específicos, bem como para conter o alongamento dos prazos das operações de crédito ao consumo”, destacou o BC.
No entanto, a autoridade avaliou que o crescimento dos empréstimos, mesmo resfriado, foi superior ao aumento da renda do trabalhador e contribuiu para o maior endividamento. E destacou que o movimento mais acentuado de alta no comprometimento da renda junto ao Sistema Financeiro Nacional teve início em junho, o que “evidencia, em especial, a nova exigência de pagamento mínimo de 15% nas faturas de cartões de crédito”.
Naquela época, o BC determinou a fixação de percentual mínimo para o pagamento da fatura de 15% do valor. Assim, os consumidores endividados teriam menos chances de se enrolarem com o rotativo. A medida do BC também limitava o número de tarifas dos plásticos para cinco.
Levantamento da Universidade Municipal de São Caetano apontou que, em média, as famílias da região tinham pendências com cartões de crédito de R$ 523. O valor correspondia a 21% da renda média familiar da região, de R$ 2.490.
Brasileiro gasta mais com o cheque
Apesar de as transações com cartão de crédito corresponderem a 7,5 vezes a quantidade de operações com cheques, no primeiro semestre o brasileiro gastou muito mais com as folhas do que com o plástico.
Levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo apontou que o valor total acumulado no primeiro semestre em transações com os talões de cheques foi de R$ 511,6 bilhões. No mesmo período, o volume total movimentado com cartões de crédito foi de R$ 301,8 bilhões. As informações são da base de dados do Banco Central, informou a Fecomercio.
OPERAÇÕES – Em número de operações, entre janeiro e julho foram registradas 508,8 milhões de compensações de cheques. Por outro lado, os brasileiros realizaram 3,8 bilhões com o cartão de crédito.
Esses dados são corroborados pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor da Fecomercio, que registrou, no mesmo período, a liderança do cartão de crédito como o principal tipo de dívida.
A Fecomercio avaliou que o valor elevado de cheques decorre da emissão de folhas pré-datadas em parcelamentos, entradas ou aquisições de itens de grande valor, como automóveis. E poucas pessoas possuem limite alto no cartão de crédito para cobrir despesas elevadas.
O gasto médio com o plástico atingiu R$ 78,81, enquanto o valor médio de cada cheque compensado foi R$ 1.005,53.
Fonte:Reuters