16/11/2011 08:58
Com mais de 2,7 milhões de habitantes e 740 mil veículos, Salvador sente forte a deficiência nos sistema de transporte. E, para ampliar a mobilidade urbana, a prefeitura iniciou um processo de mudanças estruturais em diversos pontos da cidade.
De acordo com o prefeito João Henrique, o investimento será de R$ 1,3 bilhão e a intenção é criar novos retornos e fazer conexões entre pontos importantes para promover maior dinâmica ao sistema viário. As obras ocorrerão em locais de tráfego intenso e estão vinculadas aos projetos que envolvem a implantação de novas modalidades de transportes. Elas serão realizadas mediante parceria entre as esferas federal, estadual e municipal.
A administração municipal identificou 24 pontos críticos de congestionamento e elaborou cronograma de intervenções. As medidas visam basicamente a desafogar vias que registram grande fluxo de veículos, como nas avenidas Mário Leal Ferreira e no trecho suburbano da avenida Afrânio Peixoto.
Os projetos de melhorias apresentados para a mobilidade urbana são, no entanto, observados com cautela por especialistas em trânsito e transporte. Para a pesquisadora da Universidade Federal da Bahia, Ilce Freitas, os investimentos não podem ficar restritos apenas para a Copa do Mundo. “Já que existe toda uma exigência por parte da organização do evento, é preciso investir em um sistema integrado de transportes que contemple as necessidades após o evento, afirmou. Segundo ela, o sistema de transporte da cidade está muito baseado no modo individual e isso tem saturado o sistema viário. “É preciso investir em modais de grande e média capacidade para atender às demandas da cidade”, disse.
Para Denise Ribeiro, especialista em transporte da UFBA, o sistema viário da cidade não atende as necessidades da população. “Salvador só tem integração ônibus a ônibus em apenas duas estações que não cobrem toda a cidade. Os outros modais, como ciclovias, não têm estrutura adequada”, criticou. Uma melhor integração entre os sistemas de transporte é vista pela especialista como meio de reduzir o uso do transporte individual.
Metrô: obras há 12 anos
A linha 1 do metrô, há 12 anos em construção, sob responsabilidade da prefeitura, ainda nem entrou em atividade, mas seu prolongamento já foi decidido: o trecho Lapa-Acesso Norte será estendido até a Estação Pirajá.
De acordo com a Secretaria de Transportes e Infraestrutura (Setin), as obras civis da metade da linha já foram concluídas, os trens já se movimentam sobre os trilhos. De início, Salvador operará com quatro trens, com capacidade para transportar 1,2 mil passageiros, por viagem. Segundo a Setin, os testes finais estão previstos para dezembro deste ano.
No início de 2012, o metrô será aberto à população, sob regime de tarifa assistida. Ou seja, os passageiros terão um período de gratuidade, para que possam conhecer e se habituar à cultura do sistema metrô em Salvador. Para custear a tarifa assistida, a União assegurou recurso de R$ 28 milhões. A Secretaria afirma que até agora foram investidos R$ 571 milhões para os seis quilômetros iniciais.
Linha 2
Até 31 de dezembro, o governo estadual contratará uma empresa ou consórcio responsável para a construção da linha 2 do metrô (Aeroporto – Acesso Norte).. Além disso, por ser uma obra prioritária, segundo a Seplan, haverá fluxo de recursos, abertura de várias frentes de execução e o efetivo controle institucional, o que possibilita a entrega até a Copa de 2014.
Já o governo estadual prevê para janeiro de 2012 o início da construção de um corredor central estruturante de metrô de superfície, passando pela avenida Paralela que ligará Lauro de Freitas e o Aeroporto até o Acesso Norte (Rótula do Abacaxi), com 22 km de extensão. No total, a capital contará com 34 quilômetros de transporte sobre trilhos.
O sistema, segundo a Seplan, trabalhará com modais complementares e alimentadores sobre pneus, tendo como prioridades as avenidas 29 de Março, ligando a Paralela à BR-324, e a conclusão da avenida Gal Costa. Está prevista a ligação Iguatemi-Pituba e Retiro-Calçada, que integrará o trem suburbano recuperado e ligado ao sistema. No entanto, entre os modais complementares, a Seplan não afirma se haverá BRT (ônibus com corredores exclusivos).
As intervenções são estimadas em cerca de R$ 3 bilhões. Do total, R$ 570 milhões, já disponíveis pelo Ministério das Cidades através do PAC Copa, e até R$ 1,6 bilhão do PAC da Mobilidade Urbana, e o restante aportado pela iniciativa privada. A obra pretendida será uma Parceria Pública Privada (PPP).
“Cidade bicicleta”
Com 18 km de ciclovias, Salvador deve ganhar mais 206 km, ligando a capital baiana e Lauro de Freitas, Região Metropolitana. De acordo com a Companhia Estadual de Desenvolvimento Urbano (Conder), o projeto Cidade Bicicleta tem como uma de suas características a transversalidade, além de uma efetiva contribuição sobre o sistema viário, contemplando meio ambiente, a saúde e a educação.
O plano visa, principalmente, a integrar as ciclovias a serem criadas com outros meios de transporte (ônibus, metrô, ferry-boat, trens) que servem à zona suburbana e do sistema que vier a ser escolhido para a avenida Paralela. O projeto contempla três etapas. A primeira inclui a orla da cidade e integra Salvador a Lauro de Freitas, onde serão implantados 60 km de ciclovias, sem dependência da ligação com outros modais de transporte.
Esta etapa inaugural deixaria Lauro de Freitas e seguiria por toda a borda de Salvador até o bairro da Ribeira, na Cidade Baixa, prevendo-se, paralelamente, a requalificação da estrutura já existente para os ciclistas, além de ciclovias com ciclofaixas e bicicletários. A segunda parte abrange o Centro Histórico de Salvador, onde se estuda a implantação de um plano piloto de bicicletas públicas, a exemplo do que existe em Paris, na França, e em Santiago do Chile. Já a terceira e última etapa do projeto segue da avenida Paralela ao centro da cidade.
Dessa forma, será assegurada a integração das principais estações de transbordo da capital, (Iguatemi, Lapa, Pirajá e Mussurunga), como também os pontos de acesso ao metrô, com o sistema cicloviário. Alternativa para a Copa, o projeto tem investimento previsto no valor de R$ 40 milhões, sendo R$ 22 milhões oriundos do PAC da Mobilidade e R$ 18 milhões do plano plurianual estadual. A previsão é que as obras efetivamente comecem no início de 2012 e sejam concluídas antes de junho de 2014.
Fonte: Portal 2014