23/07/2012 09:35
Em janeiro de 2013, os cuiabanos poderão, finalmente, se deparar com a execução das obras específicas para implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) na Capital e em Várzea Grande. Isso é o que consta no cronograma da Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa).
Em entrevista ao MidiaNews, o assessor de Mobilidade Urbana da Secopa, engenheiro Rafael Detoni, afirmou que a estrutura do VLT está em fase de projeto básico e o segundo semestre deste ano servirá para aprovação e licenciamento de todas as etapas da obra.
Além disso, nas próximas semanas o Consórcio VLT Cuiabá, que venceu o processo licitatório para execução das obras do novo modal de transporte coletivo com a proposta de R$ 1,47 bilhão, deverá apresentar o “eventograma” – calendário com previsão das datas para a realização das intervenções nas vias por onde o VLT irá trafegar, como instalação de cada terminal e estação. “O que existia antes era apenas um anteprojeto. Agora estão sendo feitos os projetos básicos da via permanente, das estações de transferência, dos terminais de integração, do pátio de manutenção e oficina. Paralelamente a isso, já está sendo feita a compra dos trilhos e dos trens. Isso tudo vêm de fora do Brasil. Vamos começar a ver obras de estrutura do VLT apenas em janeiro”, explicou.
O assessor reafirmou a segurança do Estado de que as obras estarão concluídas antes da realização do Mundial de Futebol, que acontece em junho de 2014.
Para garantir a entrega do VLT e de todas as obras de mobilidade urbana necessárias para a implantação do modal e readequação do sistema viário da Capital e de Várzea Grande, o Consórcio VLT Cuiabá promete trabalhar em sistema de três turnos.
“O consórcio colocou como condição [no contrato] de que a obra fosse executada em três turnos, para dar tempo de cumprir o prazo previsto. Dará tempo de tudo ficar pronto antes da Copa”, disse.
Atrasos na execução das obras do pacote VLT também estão descartados pela Secopa, que não acredita que em possíveis interferências e obstáculos como os que foram encontrados pelas empresas que são responsáveis pelas obras de Travessia Urbana, que hoje acontecem ao longo da Avenida Miguel Sutil.
“A tratativa é diferente. Como as obras de travessia urbana são pagas pelo DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) nós tivemos que atender à algumas normativas do órgão. Por exemplo, nós tínhamos inserido na planilha da obra os custos com as remoções das interferências. O DNIT não aceitou e nós tivemos que retirar, para que o Estado se ocupasse dessas remoções das interferências”, explicou o assessor.
Segundo Detoni, como a contratação para execução das obras do VLT foi feita de forma integrada, foi inserida na planilha de custos, como obrigação do consórcio vencedor, todas as questões relacionadas às interferências encontradas e que demandassem remoção ou deslocamento.
“Na época da licitação, os consórcios procuraram as concessionárias de energia, abastecimento e telefonia para pegar os custos. Então, isso torna o processo muito mais rápido, porque o Estado não precisa mais fazer tratados de cooperação e as empresas privadas que vão cuidar disso. Na obra do VLT, não teremos esses empecilhos que podem gerar atraso”, garantiu.
Detoni argumentou ainda que a implantação do VLT não se resume à mais uma opção de transporte coletivo para a Capital e o município vizinho, mas reflete diretamente na reestruturação de todo o sistema viário. Na visão do assessor, as obras visam solucionar um problema na rotina de circulação da cidade.
“As interferências e os tratamentos de conflito que foram previstos para a passagem do VLT também vão atingir diretamente, de uma forma positiva, o transporte individual. As trincheiras e viadutos são para o VLT e para resolver os problemas de conflito viário”, afirmou.
Algumas das obras de mobilidade urbana que compõem o pacote do VLT já terão início em agosto deste mês, conforme o MidiaNews antecipou.
Detoni explicou que, como elas foram concebidas a dois anos atrás, já possuíam o projeto básico aprovado e o licenciamento aprovado. Como não houve necessidade de alteração alguma nos projetos quando da mudança do modal de transporte a ser implantado na cidade, o consórcio decidiu antecipar a execução dessas obras, visando à preparação do sistema viário para receber o VLT.
“Por exemplo, no caso da Trincheira do 0 km, eles vão executar a obra, construir a trincheira, as pistas laterais, a rotatória em cima, a pista de mergulho, tudo. E o canteiro de oito metros já vai ficar pronto para receber a infraestrutura de trilhos e tudo o mais que for necessário para o VLT. Quando a trincheira estiver pronta, libera para o tráfego normal, e depois eles vêm com a inserção da estrutura do modal em si”, exemplificou.
Interdições
De acordo com o assessor, um grupo de engenheiros de tráfego, contratados pelo Consórcio VLT Cuiabá, estiveram em Cuiabá e Várzea Grande por três dias, fazendo uma análise preliminar de como seriam feitas as interdições necessárias para a realização das obras de mobilidade urbana e implantação do VLT.
“Eles andaram das 6h às 20h, conhecendo ponto por ponto, medindo engarrafamento nas avenidas, tempos de viagem, pontos de congestionamento, estrutura do entorno viário, tudo”, disse.
As conclusões preliminares do grupo apontam para a necessidade de interdições parciais em algumas das principais avenidas que passarão pelas obras do VLT, uma vez que as rotas alternativas, que serviriam como desvios, não terem capacidade para absorver todo o trânsito da via principal. Esse é o caso da Avenida da FEB, em Várzea Grande.
“Na FEB, eles devem trabalhar com interdição parcial, porque o sistema viário do entorno é muito ruim e as ruas não s ervem para dar apoio de desvio para atender àquela demanda toda. Eles ainda vão confirmar isso, mas na FEB devem fechar apenas uma pista, que fica em serviço, e deixar a outra liberada, invertendo processo depois. Provavelmente não será feito o trancamento total”, explicou Detoni.
O assessor acrescentou ainda que, outra mudança no contrato feito com o Consórcio VLT Cuiabá, é que as empresas serão responsáveis pela montagem e execução das obras de desvio a serem usadas pelos motoristas que precisarem trafegar pelos trechos em obras. Isso também deverá ser um fator importante para a celeridade das obras.
“Faz parte da obrigação do consórcio fazer os desvios. As prefeituras de Cuiabá e Várzea Grande deverão analisar e aprovar os projetos de desvios, mas o consórcio executa. Recapeamento das ruas, sinalização, instalação de semáforos e faixas de pedestre, enfim, isso tudo é de responsabilidade do consórcio”, afirmou.
A obra
O VLT terá dois eixos, ligando a região do CPA ao Aeroporto e os bairros do Coxipó ao Centro da Capital – leia mais AQUI.
O modal será implantando nos canteiros centrais das avenidas Historiador Rubens de Mendonça, FEB, 15 de Novembro, Tenente-Coronel Duarte (Prainha), Coronel Escolástico e Fernando Corrêa da Costa.
Ao todo, serão instalados três terminais de integração e 33 estações, que terão uma distância média de 500 a 600 metros entre um ponto e outro.
A capacidade máxima de passageiros será de 400 pessoas por vagão e a velocidade de operação prevista é 60 km.
Ao longo dos 22,2 kms de trajeto do VLT, cinco viadutos serão edificados, bem como quatro trincheiras e três pontes – obras de arte especiais que também serão executadas pelo consórcio.
O consórcio VLT Cuiabá é formado por cinco empresas – Santa Bárbara, CR Almeida, CAF Brasil Indústria e Comércio, Magna Engenharia Ltda e Astep Engenharia Ltda.
Fonte: Midianews