MT precisa de R$ 266 milhões em logística

21/08/2012 08:25

Obras em rodovias que exigirão ao menos R$ 266 milhões para recuperação e manutenção de 121 rotas que possuem o maior fluxo de cargas dentro do Estado. É o que aponta o estudo Corredores Estaduais do Agronegócio desenvolvido pelo Movimento Pró-Logística, que levantou 2,5 mil km ao longo de 21 trechos em todas as 12 regiões que deveriam ser as primeiras a receber investimentos de R$ 82 milhões do poder público estadual.

Algo semelhante foi feito em 1982 pelo Estado, explica o coordenador executivo do Movimento, Edeon Vaz Ferreira, responsável pela pesquisa, que foi desenvolvida entre abril e agosto, percorrendo parte dos trechos e usando como base de dados informações do poder público. Segundo o presidente do Movimento e da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Carlos Fávaro, as necessidades definidas no estudo levam em consideração a realidade atual, sem considerar mudanças de rotas como saídas para Santarém, no Pará. “São obras que garantem o crescimento do Estado. Não são boas só para os produtores, mas para toda a população”.

Uma das 21 rotas prioritárias do estudo dá acesso a Carlinda, (155 km da MT-320) até Nova Santa Helena. Estado de conservação dessa e de outras estradas da região encarece em média 10% o preço dos produtos que abastecem os comércios da cidade, estima Francisco Gomes Rodrigues, gerente comercial do Supermercado Kinfuku. “Apesar de pavimentado, esse trecho é pior que estrada de chão. Há 10 anos, a via só recebe serviços de tapa buracos, que são reabertos pelas chuvas todos os anos aumentando o número de acidentes na rodovia”.

Oitenta e sete quilômetros da MT 170, de Brasnorte ao entroncamento da BR 364, também constam como prioritários do estudo. Mas, para o presidente do Sindicato Rural de Brasnorte, Aldo Rezende Telles Júnior, o desenvolvimento da região depende da pavimentação de outros trechos que facilitem o escoamento da produção local para os portos do Norte e não do Sul como acontece hoje. “Soja do noroeste de Mato Grosso ia valer o que vale o do Paraná”, calcula Rezende, considerando que o frete pesará menos no custo da saca com a redução de mais da metade da distância.

Mudança no quadro produtivo de Vila Rica reforçou a necessidade de melhorias nas estradas de acesso ao município. Há 3 anos a pecuária respondia por 90% da economia da região e atualmente é de 70%. Agora, a partir do início da safra, com a valorização dos grãos, a perspectiva é que a diferença para a agricultura recue mais 10%. “Dá para tocar o gado como está, mas o grão precisa de rodovia. Progresso só chega em cima de estrada”, afirma o residente do Sindicato Rural de Vila Rica, Eduardo Ribeiro da Silva.

População de Juruena, onde o estudo identifica 3 trechos prioritários nas MTs 208 e 170, tem lições práticas dessa realidade. Antes do linhão de energia elétrica chegar à cidade, há cerca de 1 ano e meio, a comunidade dependia de um gerador, que por diversas vezes deixou as famílias às escuras por falta de óleo diesel. Carretas com o combustível não conseguiam chegar ao município por causa da situação das rodovias no período de chuva, lembra o pecuarista da cidade, Ademar Tavini, temendo que o frigorífico da região volte a paralisar por causa da falta de infraestrutura logística para retirar a carne, como já ocorreu em fevereiro deste ano. Região possui aproximadamente 300 mil cabeças de gado. “É um caos. No período chuvoso não tira boi, madeira e nem pessoas doentes. São 115 km de estrada de chão”.

Investimentos – Conforme o estudo do Movimento Pró-Logística, serão necessários R$ 40,7 milhões para obras de conservação nessas estradas e R$ 226,1 milhões para manutenção. Especificamente para conservação, cada quilômetro pavimentado custará em média R$ 6 mil e os trechos sem asfalto R$ 3 mil. Já para a manutenção, o custo fica em R$ 9 mil por quilômetro para as rodovias não pavimentadas e de R$ 50 mil para as pavimentadas.

Transporte – Somado à falta de infraestrutura nas rodovias e nos terminais de embarque e desembarque de cargas da ferrovia, o produtor vai ter que investir em armazenamento, já que o número de caminhões está menor que a demanda e não poderão mais servir de armazéns sobre rodas, afirma o diretor executivo da Associação dos Transportadores de Cargas de Mato Grosso (ATC), Miguel Mendes.

Com a regulamentação da profissão de motorista, que reduziu o tempo de circulação dos caminhoneiros nas rodovias durante o dia, os verdadeiros “vilões” estão aparecendo, diz Mendes, ao lembrar que o setor era apontado como culpado dos custos. “Não temos como absorver sem repassar para a alíquota do frete para o produtor que, consequentemente, vai para o consumidor. Se não fizer, deixa de ser competitivo no mercado interno”.

Fonte:Portaldoagronegócio

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