27/10/2013 12:09
O músico Lou Reed morreu aos 71 anos, na manhã deste domingo (27), em Long Island, Nova York, nos EUA. O agente literário do artista, Andrew Wylie, disse à agência de notícias Associated Press que ele morreu em decorrência de problemas no fígado. O cantor passou por uma cirurgia de transplante de fígado em maio de 2013.
“Ele morreu em paz, com seus amados em volta dele”, disse o médico. “Fizemos realmente tudo o que podíamos. Ele realmente queria estar em casa”. Charles Miller também disse que o músico “lutou até o fim”. “Ele fazia exercícios de Tai Chi uma hora antes de morrer, tentando se manter forte”.
Reed já havia cancelado uma série de shows previstos para abril. Ele tocaria em abril no festival Coachella, nos Estados Unidos, além de algumas outras apresentações marcadas pela Califórnia.
Ele disse em junho que se sentia “uma vitória da medicina, da física e da química modernas”, depois do transplante de fígado a que foi submetido em um hospital de Cleveland, em Ohio. “Estou maior e mais forte que nunca”, declarou.
O cantor, guitarrista e compositor publicou em seu site, em junho, que esperava voltar em breve a escrever canções que toquem “o espírito e os corações” de seus fãs.
Uma imagem foi divulgada neste domingo (27) nos perfis oficial de Lou Reed no Facebook e no Twitter com uma foto do cantor colada em uma porta. A legenda diz apenas “The door” (a porta).
Trajetória
Lou Reed nasceu em 2 de março de 1942, em Nova York, nos EUA. Ele fundou em 1964, com John Cale, o Velvet Underground, uma das bandas mais influentes da história do rock.
O disco mais conhecido da banda é “The Velvet Underground and Nico”, de 1967. A capa foi desenhada pelo artista Andy Warhol, que adotou a banda e ajudou a divulgá-la.
Ele também lançou discos solo cultuados, como “Transformer”, de 1972, produzido por David Bowie, e “Berlin”, de 1973. A única música que Lou Reed conseguiu transformar em sucesso nas rádios dos EUA foi “Walk on the wild side”, de 1972.
Cinco décadas na história do rock
Nos final dos anos 60, Lou Reed começou a carreira à frente do Velvet Underground. Foram três discos naquela década, todos reconhecidos pela crítica como importantes para o rock e influentes no surgimento do punk em Nova York e do rock alternativo das décadas posteriores. Além da estreia de 1967, foram lançados “White Light/White Heat”, do ano seguinte, e “The Velvet Underground”, de 1969.
Com o Velvet, Lou Reed ajudou a colocar o experimentalismo e as narrativas sobre o submundo urbano, drogas e perversões sexuais entre as matérias primas do rock e do pop.
Os anos 70 foram os mais importantes da carreira solo. Os discos mais lembrados deste período são “Transformer”, de 1972, e o depressivo “Berlin”, de 1973. Ele também lançou, em 1975, o controverso “Metal Machine Music”, com uma hora de barulho quase incessante.
Nas décadas seguintes, Lou Reed estabeleceu sua reputação como figura fundamental no rock, apesar de diminuir o número de lançamentos importantes. Entre os trabalhos mais reconhecidos estão “Blue mask”, de 1982, e “New York”, de 1989.
O músico se casou em 2008 com a artista Laurie Anderson. Ela foi parceira em gravações feitas a partir do final dos anos 90.
O álbum mais recente lançado por ele foi a parceria com o Metallica “Lulu”, de 2011.
Reed visitou o Brasil em 2010, para shows com o Metal Machine Trio. Ele também divulgou seu livro “Atravessar o fogo”.
Entre os trabalhos solo, o mais recente foi “Hudson River Wind Meditations”, com músicas para meditação.
John Cale, ex-parceiro de Lou Reed no Velvet Underground, lamentou a morte do músico neste domingo. “O mundo perdeu um ótimo compositor e poeta… eu perdi meu ‘amigo de escola’”. Outro grande parceiro musical, David Bowie, disse que Lou Reed “era um mestre”. Vários outros músicos e artistas lamentaram a morte do artista.