06/04/2014 11:56
A economia do país cresceu mais em 2013 que no ano anterior, segundo indicam dados divulgados nesta sexta-feira (14) pelo Banco Central (BC). O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), que é calculado pelo BC e busca ser uma espécie de “prévia do PIB” (Produto Interno Bruto), teve alta de 2,52% no ano passado – em 2012, o PIB cresceu 1%.
A estimativa do BC para o PIB ficou um pouco acima da última avaliação do mercado financeiro. A mediana da previsão dos analistas dos bancos, para a expansão do PIB de 2013, ficou em 2,24%. O próprio BC estimou, em dezembro, um crescimento de 2,3% para a economia no último ano. O número oficial do crescimento da economia em 2013, porém, será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) somente em 27 de fevereiro.
Recessão técnica
Apesar de ter registrado crescimento em todo ano passado, os números do Banco Central indicam que a economia brasileira pode ter entrado em recessão no final de 2013 – fenômeno que se caracteriza, tecnicamente, por duas retrações consecutivas do PIB em termos trimestrais.
Segundo o IBC-Br, que busca ser a prévia do PIB, houve recuo do PIB de 0,16% no quatro trimestre do ano passado, na comparação com os três meses anteriores. No terceiro trimestre, o PIB já havia registrado contração de 0,21%.
A economia brasileira, segundo dados oficiais do IBGE, não registra recessão desde o final de 2008 e início de 2009, momento no qual os efeitos da crise financeira internacional eram sentidos com mais intensidade em toda economia mundial.
Desacelerando no fim do ano
Os dados do BC também indicam que a economia brasileira terminou o ano de 2013 desacelerando. O índice mensal dessazonalizando, considerado mais apropriado para esta comparação, registrou recuo de 1,36% – o que igualou o resultado de maio de 2013 e foi o maior recuo desde dezembro de 2008 (-4,04%). Dezembro também foi o segundo mês seguido de retração do nível de atividade, que já havia caído 0,64% de outubro para novembro.
Resultados do IBC-Br x PIB
O IBC-Br foi criado para tentar ser um “antecedente” do PIB. O índice do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos. Os últimos resultados do IBC-Br, porém, não têm mostrado proximidade com os dados oficiais do PIB, divulgados pelo IBGE.
O resultado do IBC-Br de 2012, por exemplo, mostrou um crescimento de 1,6%. Posteriormente, o resultado oficial do PIB mostrou uma alta menor, de 1% no ano passado. O mesmo aconteceu no primeiro, segundo e terceiro trimestres de 2013. Entre julho e setembro do ano passado, o indicador do BC teve retração de 0,11%, mas o PIB caiu mais – 0,5%.
O Banco Central já avaliou, no passado, que o IBC-Br não seria uma medida do PIB, mesmo que tenha sido criado para tentar antecipar o resultado, mas apenas “um indicador útil” para o BC e para o setor privado. “Se o IBC-Br acertasse na mosca é que seria surpreendente”, afirmou o diretor de Política Econômica, Carlos Hamilton, no fim de 2012.
Definição dos juros
O IBC-Br é uma das ferramentas utilizadas pelo Banco Central para definir a taxa básica de juros do país. Com o menor crescimento da economia, por exemplo, teoricamente haveria menos pressões inflacionárias. Atualmente, entretanto, os juros básicos estão em 10,5% ao ano, após seis elevações em 2013 e uma alta no início deste ano.
Pelo sistema de metas de inflação, que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas preestabelecidas. Para 2014 e 2015, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Desse modo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pode ficar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida.
A expectativa do mercado financeiro é de que os juros continuem subindo em 2014 e atinjam 11,25% ao ano no fim do ano. Segundo analistas, a política de gastos públicos em alta e a valorização do dólar, entre outros fatores, tendem a continuar pressionando a inflação neste ano.
Fonte: G1