16/05/2014 12:33
O nível de atividade da economia brasileira iniciou o ano de 2014 com pequena aceleração, segundo informações divulgadas nesta sexta-feira (16) pelo Banco Central.
O Índice de Atividade Econômica do BC, o IBC-Br – um indicador criado para tentar antecipar o resultado do Produto Interno Bruno (PIB) – registrou aumento de 0,29% no primeiro trimestre deste ano, sobre os três últimos meses de 2013. Neste caso, a comparação foi feita pelo indicador dessazonalizado, ou seja, sem influência das variações por época do ano.
Na comparação com o primeiro trimestre de 2013, ainda de acordo com informações do BC, sem ajuste sazonal (considerado mais apropriado, neste caso, por especialistas), o avanço do IBC-Br foi um pouco maior: de 1,56%.
O resultado oficial do PIB do primeiro trimestre será conhecido somente no dia 30 de maio, quando será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O PIB corresponde à soma de todos os bens e serviços produzidos pelo país.
Apesar da alta no primeiro trimestre deste ano, os números do IBC-Br indicam que a economia brasileira teria desacelerado em março, quando o indicador teve retração de 0,11% frente ao mês anterior. Em fevereiro, houve pequena expansão de 0,02% (dado revisado) na comparação com o mês anterior. Em janeiro, por sua vez, o indicador avançou 1,47% (dado revisado), impulsionando o resultado do primeiro trimestre de 2014.
Números revisados pelo Banco Central sobre o IBC-Br do ano passado indicam que a economia brasileira poderia ter entrado em recessão técnica no fim de 2013, fenômeno que se caracteriza por dois trimestres consecutivos de queda do PIB. Entretanto, os números que poderiam “oficializar” a recessão são os do IBGE e não do Banco Central.
No quarto trimestre do ano passado, ainda de acordo com o banco, o IBC-Br registrou uma retração de 0,04%. Os números mostram ainda que, no terceiro trimestre do ano passado (entre julho e setembro de 2013), a economia brasileira também teria registrado contração – neste caso, de 0,24%.
A inflação mais alta e o menor crescimento dos salários retiram poder de compra das pessoas e dificultam a retomada do crescimento econômico. Veja a análise da colunista Thaís Heredia no vídeo acima.
O IBC-Br foi criado para tentar ser um “antecedente” do PIB. O índice do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos. Os últimos resultados do IBC-Br, porém, não têm mostrado proximidade com os dados oficiais do PIB, divulgados pelo IBGE.
Em 2012, por exemplo, o IBC-Br mostrou um crescimento de 1,6%. Posteriormente, o resultado oficial do PIB mostrou uma alta menor, de 1%. O mesmo aconteceu no primeiro, no segundo e no terceiro trimestres de 2013. Entre julho e setembro do ano passado, o indicador teve retração de 0,21%, mas o PIB caiu mais (0,5%).
O Banco Central já avaliou, em 2013, que o IBC-Br não seria uma medida do PIB, mesmo que tenha sido criado para tentar antecipar o resultado, mas apenas “um indicador útil” para o BC e para o setor privado. “Se o IBC-Br acertasse na mosca é que seria surpreendente”, afirmou o diretor de Política Econômica da entidade, Carlos Hamilton, no fim de 2012.
IBC-Br
Antes divulgado por estados e por regiões, desde o início do ano passado o indicador passou a ser calculado com abrangência nacional.
“A estimativa do IBC-Br incorpora a produção estimada para os três setores da economia acrescida dos impostos sobre produtos, que são estimados a partir da evolução da oferta total (produção mais importações)”, explicou o Banco Central.
Definição dos juros
O IBC-Br é uma das ferramentas usadas pelo Banco Central para definir a taxa básica de juros (Selic) do país. Com o menor crescimento da economia, por exemplo, teoricamente haveria menos pressão inflacionária. Atualmente, entretanto, os juros básicos estão em 11% ao ano, após nove elevações desde abril do ano passado.
Pelo sistema de metas de inflação que vigora no Brasil, o BC precisa calibrar os juros para atingir as metas preestabelecidas. Para 2014 e 2015, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Desse modo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país e medida pelo IBGE, pode ficar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida.
A expectativa do mercado financeiro é que os juros básicos da economia sejam mantidos inalterados no atual patamar de 11% ao ano. Isso porque o BC sinalizou, na ata da última reunião do Copom, que poderia interromper o ciclo de alta da Selic, percepção que foi reforçada por declarações do presidente do banco.
Fonte: G1