Silval critica chefe do MPF e diz: “Falo com quem quiser”

20/07/2014 03:15

O governador Silval Barbosa (PMDB) classificou como “infeliz” a declaração do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em entrevista, sobre a possibilidade de haver novas prisões de investigados da Operação Ararath.

Durante visita a Cuiabá, no último dia 10, Janot afirmou que dois investigados da operação, que não podiam ter contato entre si, estavam mantendo conversas.

Segundo o procurador, se o caso for confirmado, o Ministério Público Federal (MPF) pode pedir a revogação de medida cautelar e de prisão preventiva. Ele não citou nomes.

“Primeiro, ele fala em investigados, mas não sei quem é investigado e não posso falar por analogia, quero trabalhar no fato concreto. Acho que essa é uma declaração infeliz. Ele vir aqui falar isso, não sei qual é o objetivo”, disse Silval, nesta sexta-feira (18).

A operação da Polícia Federal investiga um suposto esquema de lavagem de dinheiro e crimes financeiros em Mato Grosso.

Segundo Silval, que também é investigado no STF, não há nenhuma determinação para que ele não fale com outros investigados pela PF.

“Não estou proibido de falar com ninguém, falo com quem eu quiser. Quem tem alguma restrição de falar, por exemplo, é o deputado José Riva. Eu não tenho e, se quiser ligar para ele, posso ligar, não estou proibido de falar com ele, é ele quem tem essa restrição”, afirmou.

O governador voltou a dizer que foi vítima de “terrorismo” e “arbitrariedade” por parte do MPF, durante a quinta fase a Operação Ararath, em maio.

“Estou tranquilo em relação a todas essas investigações. Lamento o terrorismo que fizeram na minha casa. Foram lá e apreenderam uma arma que não tem nada a ver com o caso. Mas, confio nas instituições e quero crer que tudo isso vai ser esclarecido”, disse.

Nesta semana, Silval confirmou que foi arrolado como testemunha de defesa do ex-secretário Eder Moraes (PMDB) para depor na Justiça Federal, na ação derivada da Ararath.

O depoimento será entre os dias 24 e 25 de julho. Eder virá do Presídio da Papuda, no Distrito Federal, em uma avião da PF, para acompanhar as audiências em Cuiabá.

O ex-secretário é considerado um dos principais operadores do suposto esquema de lavagem de dinheiro.

Visita de Janot

A visita procurador Rodrigo Janot a Cuiabá, no começo do mês, provocou polêmicas no meio político do Estado, principalmente em função de suas declarações sobre a Operação Ararath e sobre a disputa eleitoral em Mato Grosso.

Oficialmente, Janot veio à capital mato-grossense para se reunir com a “força-tarefa” do MPF designada para atuar nas investigações da PF e para definir novas estratégias de condução da operação.

No entanto, para o advogado José Antônio Rosa, que faz a defesa do deputado estadual José Riva (PSD), a visita poderia ser sinal de uma possível “perseguição” ao seu cliente, candidato a governador.

Já Riva afirmou que Janot veio fazer campanha em favor de seu adversário na corrida pelo comando do Palácio Paiaguás, o senador Pedro Taques (PDT).

“Vocês viram o que é um procurador-geral vir a Cuiabá fazer campanha para um candidato. Foi isso o que aconteceu: o procurador Janot veio fazer campanha. Afinal, ele centrou suas declarações, em entrevistas, nos adversários do senador Pedro Taques. Inclusive, fazendo comentários sobre inelegibilidade. Uma vez que é dos quadros da Justiça, ele pode, mais tarde, ter que opinar sobre isso e, desde já, passa a ser suspeito. Ele já tem opinião formada”, afirmou Riva.

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