10/06/2015 17:36
A arena política é o lugar do posicionar-se. Inexiste alternativa diferente. Isto porque até o ficar calado diante de quaisquer situações não deixa de ser uma forma de manifestação.
Portanto de posicionamento, e este é uma ação política. Tarefas de todos os sujeitos. Não apenas dos parlamentares, os quais reconhecidamente foram eleitos e são pagos para tomar partido, o da sociedade.
O ficar em cima do muro está longe de ser ‘uma boa‘, especialmente diante da crise que paralisa o país e atinge diretamente o bolso dos brasileiros. A tribuna da Casa, contudo, parece não ser o lugar preferido dos senadores mato-grossenses.
Mas eles têm concedidos entrevistas e assinados textos que são veiculados na imprensa, blogs e sites.
O Wellington Fagundes, por exemplo, defendeu a ampliação dos trilhos da via férrea, aproveitando o momento do anúncio de suposta parceria entre o Brasil e a China, com vistas à implantação da Ferrovia Bioceânica, que beneficiaria o Estado.
Antes dele, aliás, o também republicano Blairo Maggi já havia chamado a atenção para o ‘Mato Grosso do desenvolvimento‘.
São manifestações dignas de considerações. Mais ainda por se tratarem de senadores – representantes do Estado mato-grossense.
Ambos, porém, pecaram no que tange aos conteúdos tratados. Talvez, por lhes faltarem dados suficientes.
Ficaram, então, presos à periferia, sem adentrarem aos cômodos onde se alojam os reais problemas, e isso os fizeram buscar velhas e surradas frases de efeito, mas sem substância alguma, cujo objetivo é um só: mostrarem-se preocupados e se autoproclamarem trabalhadores.
Um trecho do artigo do presidente do PR/MT é bastante claro nesse sentido: ‘(…) trabalhamos insistentemente para remover os gargalos que entravam a duplicação da BR-163 e pela melhoria do padrão das outras rodovias federais que cortam nosso Estado‘. Mato Grosso, então, ‘começa a sonhar um novo sonho, que – uma vez realizado – representará um ’salto logístico’ sem precedentes na sua história‘.
Já o ex-governador se valeu do ‘Mato Grosso‘, o ‘celeiro do Brasil‘, para logo em seguida repetir o fato de que o ‘Estado carece de infraestrutura‘, até para ‘permitir o seu contínuo crescimento‘. A partir daí, ele apresenta alguns números da economia e da população regional.
Números necessários como componentes do cenário descrito por ele, porém apresentados de uma forma que pudessem supervalorizar o período em que esteve à frente da chefia do Executivo estadual. Isto fica claro quando se depara com a seguinte frase: ‘Em 2010, quando deixei o governo, contabilizávamos 533 escolas estaduais, contra 57 em 1980‘.
Para o leitor desavisado, pode parecer – e é este o objetivo do senador, ‘vender uma boa imagem‘ – que a gestão Maggi foi extraordinária, pois fora a que mais construiu prédios escolares (o que não é verdadeiro).
A mesma estratégia foi utilizada para marcar a evolução da economia regional, sempre tendo o começo dos anos 1980 como baliza inicial e o ano de 2010, como final.
Estratégias condenáveis. Tanto que diminuem a importância dos textos assinados pelos senadores Blairo Maggi e Wellington Fagundes. Ambos, propositadamente, fizeram confusão com duas palavras: crescimento e desenvolvimento.
Estas não são sinônimas, nem residem em casas de parede-meia. Até porque o Estado de Mato Grosso cresceu muitíssimo nas últimas quatro décadas, mas não se desenvolveu.
Lourembergue Alves – é professor universitário e articulista político em Cuiabá.
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