18/08/2015 10:56
O fim do governo e uma onda de transformações parecem caminhar mais depressa agora do que até então
Esperava-se alguns milhões de jovens nos manifestos deste domingo nas ruas em todo o Brasil.
Curiosamente, o número não chegou a um milhão, mas aumentou para cerca de 270 cidades em todos os estados. Mas desta vez não foi um manifesto de jovens. Foi um manifesto de adultos.
Possivelmente, os adultos que foram às ruas no domingo em todo o país tenham sido os “cara-pintadas” da era Collor, em 1992, que nas ruas disseram ao país que não queriam a desordem então vigente no governo federal.
Hoje a desordem no país tanto política quanto econômica é muito maior, até porque o país cresceu, sua economia cresceu e as pessoas estão mais politizadas e mais bem informadas agora.
Em manifestos anteriores neste ano conversei com jovens que admitiam a pouca fé em qualquer mudança num país comandado por caciques políticos espertos e malandros.
Talvez isso explique que nos manifestos deste domingo tenha diminuído consideravelmente o número de jovens. Mas aumentou em proporção relevante o de adultos.
O que explicaria mais adultos do que jovens nas ruas? Aqui acho que o governo Dilma deve começar realmente a se preocupar.
Os adultos, ao contrário dos jovens, sabem que podem mudar um governo pela pressão das ruas. Segundo, os adultos são realmente os financiadores da maioria dos jovens que antes protestaram.
São eles quem pagam a escola dos jovens, pagam suas despesas, compram, abastecem e pagam os impostos dos carros, pagam telefones caros, energia elétrica proibitiva, pagam a conta da incompetência governamental e os pesados impostos.
Traduzido em linguagem clara, os adultos que pagam a maioria das contas se cansaram de pagar tanto e foram às ruas.
Portanto, havia mais consciência de maturidade política nas ruas neste domingo do que o ímpeto juvenil das manifestações anteriores.
Outro ponto a se considerar é que os adultos são empresários, profissionais liberais, gestores públicos e membros de entidades como maçonaria, federações, sindicatos, etc.
São os efetivos formadores de opinião dentro da sociedade. São os geradores da riqueza nacional.
Os jovens estão na sua maioria em fase de construção profissional e ainda não chegaram a esse estágio de amadurecimento, embora sejam capazes de fazer mais barulho do que os adultos.
O que este domingo mostrou, foi que a presidente Dilma, o Congresso, o Judiciário e as demais instituições públicas, incluindo os apodrecidos partidos políticos, estão na mira da sociedade adulta que, efetivamente, paga todas as contas.
O fim do governo e uma onda de transformações parecem caminhar mais depressa agora do que até então.
Por mais que o governo e a presidente Dilma queiram demonstrar uma tranqüilidade que sabem não existir. Cada dia a pressão aumenta mais.
ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso.
[email protected]
www.onofreribeiro.com.b