O que significa a entrada do Brasil no seleto clube dos parceiros da Alemanha

20/08/2015 11:43

Pouco mais de um ano após visitar o Brasil para ver sua seleção campeã do mundo, a chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel, está de volta ao país com objetivo de estreitar as relações entre as duas nações.

A visita conta com uma comitiva de sete ministros e cinco secretários de Estado e inaugura um processo de “consultas intergovernamentais” entre os dois países.

Dessa forma, o Brasil entra para um seleto grupo de parceiros mais próximos da Alemanha – a maior economia europeia só mantém esse tipo de relacionamento com oito países: França, Itália, Espanha, Polônia, Israel, Rússia, China e Índia.

A partir de agora, a previsão é que a cada dois anos uma comitiva de peso de um dos países visite o outro. Ou seja, o plano é que em 2017 a presidente brasileira vá a Berlim acompanhada de alguns ministros. Nesses encontros, deve ser discutido o plano de cooperação entre os dois países em diversas áreas.

A comitiva alemã chega na noite desta quarta-feira e participa de um jantar no Palácio do Alvorada com a presidente Dilma Rousseff e ministros brasileiros. Ao longo da quarta-feira haverá mais de 20 encontros entre as autoridades dos dois países.

Segundo o diretor do departamento da Europa no Itamaraty, Oswaldo Biato Júnior, o fato de o governo alemão estar vindo em peso ao Brasil em meio a um momento delicado para os dois países reforça a importância do encontro.

“Não só a visita acontece num momento difícil para eles, com negociações extremamente complexas sobre a Grécia, como a comitiva vem só para isso”, afirmou, destacando que Merkel e seus ministros não aproveitarão a viagem à América Latina para visitar outros países na região.

Biato observou que os alemães não são “marinheiros de primeira viagem” – os investimentos no país já têm um século e atravessaram outros momentos difíceis, como as crises dos anos 1980 e do governo de Fernando Collor de Mello (1990-1992).

“Se não acreditassem no êxito do governo, não estariam vindo. Teriam cancelado meses atrás. Isso demonstra que há realmente um interesse estratégico, de longo prazo (no Brasil)”, reforçou.

Os países têm interesses comuns em diversas áreas, como meio ambiente, reforma do Conselho de Segurança da ONU, privacidade da internet, ciência e tecnologia, direitos humanos e investimentos produtivos. Porém, a expectativa é de que a visita não resulte em anúncios bilionários, como ocorreu na passagem do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, em maio.

“Esse não é o estilo alemão. Eles atuam de forma mais discreta e com visão de longo prazo”, nota Roberto Abdenur, embaixador em Berlim por seis anos durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).

Saiba quais as principais áreas que devem ser destaque na relação mais póxima entre Brasil e Alemanha nos próximos anos.

Meio ambiente

Área de colaboração histórica entre os dois países, a questão ambiental terá especial importância durante a visita de Merkel a Brasília, quando é esperado um comunicado conjunto das duas presidentes sobre a Conferência do Clima, a COP21, que acontece no final do ano em Paris.

Segundo o Greenpeace, a cooperação na área ambiental se consolidou no início dos anos 90 com a criação do Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais (PPG7), visando o desenvolvimento e a criação de áreas protegidas no Brasil. A Alemanha foi o principal parceiro e investidor do programa, tendo contribuído também para outras iniciativas como o Fundo Amazônia.

Fonte.:  BBC Brasil

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