24/08/2015 12:58
A PF já mostrou que a maior parte da cocaína que entra no Brasil vem da Bolívia e passa pelos dois Mato Grosso
O Secretário de Segurança, Mauro Zaque, viajou aos EUA para um curso ou coisa parecida entre 15 e 24 de agosto junto ao DEA.
É o departamento naquele país que combate o narcotráfico. Fala-se ainda que MT poderia estabelecer um acordo de cooperação com aquele órgão norte americano.
O DEA é que ajudava no combate à droga dentro da Bolívia. O atual presidente, Evo Morales, rompeu o acordo, alegando questão de soberania nacional.
A Bolívia, no caso, resolveu combater a produção e tráfico de droga sozinha.
A Polícia Federal já mostrou que a maior parte da cocaína que entra no Brasil vem da Bolívia e passa pelos dois Mato Grosso.
Mostrou também a quantidade de campos de pouso em MT para trazer droga daquele país. É quase impossível a Bolívia sozinha enfrentar grupos poderosos da droga.
Na Bolívia se usa a folha da coca para mascar e fazer chá, uma tradição que tem que se respeitar.
Sem entrar nos números, apenas citando o fato, a Bolívia, com Evo Morales, aumentou a quantidade de hectares plantadas com coca.
A alegação foi que duplicou a população do país. Mas estudos mostram também que os jovens não usam tanta folha da coca para mascar ou fazer chá como os mais velhos. Há um excesso de produção, portanto.
A dedução mais simples é que se produz mais coca e se consome menos nos costumes e tradições locais, há um excesso que deve estar indo para produção de cocaína. E a maior parte passa pela nossa fronteira.
Um acordo de MT (ou do Brasil) com a DEA quem sabe poderia trazer tecnologias novas, principalmente de satélites, para ajudar a tomar conta da fronteira.
Não é aquele esquisito carro que o governo Silval queria comprar na Rússia para ficar correndo para cá e para lá na fronteira. Seria algo mais sofisticado para tentar impedir a entrada de drogas.
O mais correto talvez fosse um acordo do Brasil com a Bolívia para que o nosso país ajudasse o governo boliviano a combater a droga lá dentro.
Um acordo que constasse também a ajuda tecnológica do DEA. Um trabalho conjunto dos governos da Bolívia, Brasil e EUA.
A Bolívia precisa de mais fontes de rendas. Tem duas alternativas, uma possível e outra complicada.
Primeiro a complicada. Evo Morales andou pedindo em foro internacional que o seu país pudesse vender chá de folha de coca pelo mundo.
Não sei se traz dependência, se não trouxesse quem sabe se poderia analisar essa ideia boliviana.
A outra alternativa é que a Bolívia quer renovar o acordo de compra de gás pelo Brasil.
Uma mão lava a outra. Renovamos mas eles permitam um combate lá dentro da droga e ajudado pela DEA.
Quem sabe, não custa nada sonhar, o secretário de Segurança traga algo mais substancioso da viagem aos EUA.
ALFREDO DA MOTA MENEZES é historiador e analista político em Cuiabá.
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