28/08/2015 14:43
No primeiro trimestre, economia teve queda de 0,7%, segundo IBGE. Investimentos tiveram a maior queda desde o primeiro trimestre de 1996.
O Produto Interno Bruto (PIB) registrou queda de 1,9% no segundo trimestre de 2015, em relação aos três meses anteriores, e a economia brasileira entrou no que os economistas chamam de “recessão técnica”. No primeiro trimestre do ano, o PIB caiu 0,7% (dado revisado).
Em relação ao segundo trimestre de 2014, a baixa foi ainda maior, de 2,6%. Em valores correntes, o PIB no segundo trimestre do ano alcançou R$ 1,43 trilhão.
Os números foram divulgados nesta sexta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A queda de 1,9% do segundo trimestre de 2015 é a maior desde o primeiro trimestre de 2009, quando também registrou recuo de 1,9%.
Neste trimestre, frente ao anterior, todos os setores registraram queda, puxada pela indústria, que teve retração de 4,3%, pela agropecuária, de 2,7% e pelos serviços, de 0,7%.
O Brasil voltou a ter dois trimestres seguidos de queda no PIB e, por isso, entrou em “recessão técnica”. Na prática, essa classificação serve como uma espécie de “termômetro” para medir o desempenho da economia. Isso porque, de acordo com economistas, não são apenas dois resultados negativos seguidos que indicam a recessão, mas sim um conjunto de indicadores negativos, como aumento do desemprego, queda na produção e falência de empresas.
No primeiro semestre de 2014, o país também entrou em recessão técnica. Antes disso, o Brasil também havia registrado uma recessão técnica no último trimestre de 2008 e primeiro de 2009, durante a crise econômica mundial.
No acumulado dos quatro trimestres terminados no segundo trimestre de 2015, o PIB recuou 1,2% frente aos quatro trimestres. No ano, de janeiro a junho, a economia registra contração de 2,1%, na comparação com o mesmo período do ano passado.
“Tanto pela ótica da produção quanto pela da despesa, a gente tem que os três principais setores do PIB apresentaram queda em relação ao trimestre anterior”, apontou Rebeca de La Rocque Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
Consumo e investimentos
A formação bruta de capital fixo (investimentos) sofreu uma queda de 11,9%, no segundo trimestre de 2015, frente ao mesmo período de 2014, a maior desde o primeiro trimestre de 1996, quando recuou 12,7%.
“Este recuo é justificado, principalmente, pela queda das importações e da produção interna de bens de capital, e também pelo desempenho negativo da construção civil.”
A despesa de consumo do governo caiu 1,1% em relação ao segundo trimestre de 2014 e os gastos das famílias, que também entram no cálculo do PIB, caiu 2,7% – o segundo recuo seguido.
“O resultado pode ser explicado pela deterioração dos indicadores de inflação, juros, crédito, emprego e renda ao longo do período”, informou o IBGE.
Expectativas negativas confirmadas
A expectativa do Banco Central era de que o PIB tivesse mesmo recuado de abril a junho deste ano. O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), que é uma espécie de “prévia do PIB”, indicava uma retração de 1,89% no segundo trimestre deste ano, frente aos três meses anteriores. Com isso, quando foram divulgados, em meados de agosto, os números já apontavam que a economia brasileira entraria em recessão técnica.
Já a estimativa do mercado financeiro para o ano todo, apresentada no início da semana pelo boletim Focus do Banco Central, indicava que a economia deverá ter uma retração de 2,06%, seguida por uma queda de 0,24% em 2016.
Como um país sai de uma recessão?
O fim de uma recessão só é constatado quando existe um movimento consistente de retomada em todos os indicadores econômicos, segundo o economista da FGV/IBRE Paulo Picchetti. Dados como taxa de desemprego, vendas no comércio, produção industrial e outros precisam mostrar de forma clara e conjunta que estão em recuperação.
Fonte.: G1