Cenário Escuro – Economista projetam negatividade cada vez maior para 2016

24/09/2015 01:49

De acordo com o boletim Focus, do Banco Central (BC), o consenso de mercado para o déficit em transações correntes deste ano caiu de US$ 77 bilhões para US$ 73,5 bilhões no último mês. Para 2016, a previsão caiu de US$ 67,45 bilhões para US$ 65 bilhões no mesmo período. O principal motivo está em outra linha da tabela do documento do BC: o câmbio. A projeção dos analistas consultados pelo Focus para este ano já está em R$ 3,70 (era R$ 3,48 há quatro semanas) e para 2016 já é de R$ 3,80 (era R$ 3,60).

Mercado – Mas entre os economistas do mercado é possível encontrar números mais otimistas para o setor externo ­ e também mais pessimistas para o câmbio. O economista­chefe do Credit Suisse, Nilson Teixeira, também avista um ajuste importante nas contas do setor externo, sobretudo em 2016, ano para o qual ele prevê um déficit de US$ 30 bilhões, ou 2,1% do PIB e o dólar a R$ 4,50. Para este ano, Teixeira projeta déficit de 3,9% do PIB, com dólar a R$ 4,25.

Financiamento externo – Em sua mais recente revisão de cenário para a economia, divulgada após o rebaixamento pela Standard & Poor’s do rating soberano do país, a equipe econômica do Itaú Unibanco afirmou que a piora do ambiente econômico terá impactos importantes sobre a disponibilidade de financiamento externo nos próximos anos. Essa restrição, dizem os analistas, vai se refletir na taxa de câmbio, que deve encerrar 2015 em R$ 4 e subir ainda mais ao fim de 2016, para R$ 4,25. As previsões anteriores para o dólar em cada período eram de R$ 3,55 e R$ 3,90, respectivamente.

Ajuste mais rápido – Por outro lado, a depreciação mais expressiva do real provocará um ajuste mais rápido na conta corrente, na avaliação do banco. Por isso, a estimativa do Itaú para o déficit em transações correntes em 2015 foi revista de US$ 76 bilhões para US$ 71 bilhões. Para o próximo ano, a projeção passou de US$ 54 bilhões para US$ 45 bilhões.

Rombo – Como proporção do PIB, o Itaú prevê que o rombo nas contas externas vai recuar de 4% para 3% entre um ano e outro. “Acreditamos que essas projeções de câmbio devem levar a um déficit em conta corrente abaixo de 2% do PIB em 2017”, afirmam os economistas do banco.

Bradesco – Nas projeções do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depec) do Bradesco, o câmbio vai fechar este ano em R$ 3,70, e em R$ 3,80, em 2016. Considerando a forte contração que o banco espera para o PIB neste ano, de 2,7% (e de 1% no ano que vem), a avaliação do economista Octavio de Barros, diretor do Depec, é a de que isso levará a um “brutal ajuste externo”. Para ele, o déficit em conta corrente, que encerrou 2014 em 3,9% do PIB, pela metologia antiga, vai cair para 2,7% do PIB este ano e para 1,1% em 2016. Um ajuste de US$ 70 bilhões.

Recuo – Bráulio Borges, economista­chefe da LCA Consultores, afirma que, na nova metodologia, o déficit em transações correntes vai recuar de US$ 104 bilhões em 2014 para cerca de US$ 65 bilhões neste ano. A medida em relação ao PIB não terá redução tão drástica, diz Borges, porque o produto em dólares caiu bastante, e sairá de 4,5% para 3,7%. Para o próximo ano, o economista estima que o saldo negativo em conta corrente vai diminuir novamente, para 3,2% do PIB, ou US$ 50 bilhões.

Novas estimativas – As projeções da LCA foram reduzidas há duas semanas, quando a estimativa para o déficit em transações correntes estava próxima de US$ 80 bilhões para 2015, e entre US$ 65 e US$ 70 bilhões para ano que vem. Na revisão, foram levadas em conta as novas estimativas para o câmbio, de R$ 4 para dezembro de 2015, e de R$ 3,80 para igual período do ano seguinte.

Mais intenso – No início de agosto, a MCM Consultores revisou para baixo as previsões para o déficit em conta corrente, que estão mantidas desde então. “A expectativa de que o país demore mais para sair da recessão e a forte alta cambial devem fazer com que o ajuste nas contas externas seja ainda mais intenso do que o esperado”, afirmaram os analistas da consultoria, em relatório a clientes. Esse processo, na avaliação da MCM, deve prosseguir em 2016, uma vez que a atividade deve voltar a crescer apenas em 2017.

Saldo – Para a consultoria, o saldo em transações correntes deve ser negativo em 3,8% do PIB neste ano, déficit que deve se reduzir para 3,3% do PIB no ano seguinte. Em dólares, a previsão para este ano caiu de US$ 70 bilhões para US$ 66 bilhões, levando em conta que a taxa de câmbio chegará em R$ 3,50 ao fim de 2015.

Fonte.: Informe OCB

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