04/10/2015 00:25
“No primeiro semestre deste ano, o ministro Armando Monteiro travou uma árdua batalha para melhorar as condições do comércio exterior brasileiro com o objetivo de incorporar nossa economia ao mercado global e impulsionar o desenvolvimento interno. A principal bandeira desse movimento foi a aprovação, em junho, do tão aguardado Plano Nacional de Exportações. Por longo tempo adiado, a despeito da necessidade do país e da demanda do setor empresarial, sua entrada em vigor significa um primeiro passo para sairmos da estagnação”. A opinião é de Henrique Rzezinski, diretor e ex-presidente da AmCham Rio (Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro).
Segundo o executivo, assusta perceber que as propostas do documento recém-lançado, essencialmente direcionadas à simplificação e à desburocratização, são apenas medidas básicas para que se estabeleça um ambiente saudável de negócios.
Em outras palavras, diz, reduzir prazos de entradas e saídas dos produtos do país, facilitar a abertura e fechamento de empresas, trabalhar com taxas de exportação equivalentes às do mercado internacional “são mudanças tão óbvias que fazem parte do conjunto mínimo de ações necessárias para que um país seja bem-sucedido em suas metas de importação/exportação em uma cadeia de valor global”.
Segundo ele, o Brasil teve um pequeno avanço, porém ressalta que a celebração de acordos comerciais com os Estados Unidos não é sinônimo de subserviência e exploração. Pelo contrário, significa ganhos comerciais, científicos, políticos e tecnológicos. “Temos bons negociadores em casa para atuar na defesa dos interesses nacionais e manter o retorno sempre maior que as perdas. E temos múltiplas áreas de interesse mútuo para cooperação”, ressalta.
Para Rzezinski, os Estados Unidos são hoje o único país com o qual temos uma pauta de exportação de manufaturados importantes, uma alternativa complementar ao mercado volátil de commodities. “Ter relações fortes de comércio com o país chefiado por Obama é decisivo para impulsionar qualquer economia no mundo e o Brasil não é imune a essa máxima”, destaca, acrescentando ainda existir um grande abismo entre os benefícios alcançados com uma negociação com os americanos e o retorno de um acordo com qualquer outro país do mundo.
Para ele, muito chão ainda há pela frente para que sejamos inseridos no mercado global e nós mesmos teremos que criar as bases internas para esse caminho. “Vencer a burocracia é somente mais um passo. Precisamos rever a política interna de subsídios ampliando o compliance com as regras da OMC; avançar na criação de um Ex-Imbank; ampliar nossa abertura para incentivar a competição entre as empresas e extinguir o protecionismo. A hora ideal de agir passou, mas sempre podemos correr atrás do prejuízo”, finaliza.
Fonte.: Guia Marítimo