Defesa Civil – Coordenador exibe avanços no órgão na atual gestão

05/10/2015 18:47

Com a missão de proteger a vida nos momentos mais difíceis, a Defesa Civil de Mato Grosso, trabalha com o foco na prevenção. Com vinculação a Secretaria de Estado de Cidades (Secid) e suporte das forças de segurança do Estado, o órgão tem como superintendente o tenente-coronel BM, Abadio José da Cunha Júnior, que explica como tem sido o trabalho da Defesa Civil nos primeiros nove meses de governo.

Cunha também ressalta o programa de monitoramento que foi implantado no Estado, bem como a capacitação de voluntários para agir em situações de risco. O coordenador também fala da atuação da Defesa Civil durante o período de proibição das queimadas.

Sua primeira missão na Defesa Civil foi implantar um novo modelo de gestão, como foi isso?

Tenente-coronel BM Cunha – Sim, implantamos um novo modelo de gestão, de acordo com o plano de governo, que definiu que tínhamos que fazer o monitoramento e o mapeamento das áreas de risco. Nós criamos esse serviço dentro da Defesa Civil e fazemos isso em parceria com os municípios. Hoje nós estamos criando um banco de dados de todas as áreas que precisam ser acompanhadas por alguma situação que pode gerar um desastre, como: chuva e queimadas.

Em seguida, após o mapeamento, nós criamos um plano de emergência, de resposta para que as comunidades atingidas sejam atendidas. Criamos essa gestão inteligente da Defesa Civil, contamos com um corpo de voluntários em que você capacita a sociedade para o atendimento. Hoje, nós contamos com apoio do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar e da Sema, mas casos esses órgãos não consigam não deem conta, os voluntários são acionados. Por isso, criamos a capacitação de voluntários.

A Defesa Civil também atua nesse trabalho conjunto de combate às queimadas. Como tem sido organizado isso?

Diferente dos anos anteriores, quando a Defesa Civil estava atuando na resposta, nós passamos a atuar estrategicamente. Por exemplo, antes nós ajudávamos no combate a incêndio, agora nós repassamos os nossos equipamentos para fortalecer o Corpo de Bombeiros para que eles façam a respostas e reforçamos o nosso monitoramento dos focos de calor e temperatura.

Mas nós estamos reavaliando essa atividade, por meio da capacitação de brigadas de incêndio municipais e vamos voltar a esse tipo de procedimento porque vimos que ultrapassou a capacidade do Corpo de Bombeiros. Não vamos para o combate, mas vamos fortalecer os parceiros como prefeituras e Ongs.

Então conta com o apoio de voluntários, como foi esse chamamento e o treinamento dessas pessoas?

Fizemos um chamamento público, através da mídia, são todas pessoas maiores de 18 anos. Esse banco de voluntários não terá um término, está aberto o tempo inteiro. Diferente de outros estados, aqui em Mato Grosso nós fazemos um nivelamento de conhecimento de defesa civil. Neste curso a pessoa vai entender o que é a defesa civil, quais suas funções e noções de primeiros socorros, combate à incêndios, atendimento de emergência em casos de produtos perigosos, comunicação de emergência e construção de abrigos temporários. Despois disso a pessoa está apta a assinar o termo de voluntariado e está aptar a ser chamada pela Defesa Civil nos casos de emergência.

Esse chamamento ocorre dependendo do serviço de missão, no período, por exemplo, eles podem ser chamados para auxiliar no combate aos incêndios, por exemplo, não combatendo o fogo diretamente, mas auxiliando nos trabalhos do Corpo de Bombeiros.

Já no período de normalidade, o voluntário da Defesa pode fazer palestra em escolas, manutenção de prédios públicos e privados, além da coleta de alimentos, quando necessários.
Já temos 204 voluntários formados, isso do primeiro chamamento, eles foram divididos em quatro turmas sequenciais.

Essa iniciativa também acontece no interior do Estado?

Nós já conseguimos atingir algumas cidades do interior, na semana passada estivemos em Rondonópolis (212 km ao Sul) e em breve levaremos o curso para Tangará da Serra (239 km ao Médio-Norte).

Em 2012 e 2013 diversos municípios de Mato Grosso passaram por grandes enchentes, algumas cidades ficaram isoladas por conta das chuvas existe algum trabalho para que isso não aconteça novamente?

Primeiro é no fortalecimento da defesa civil municipal. Como disse anteriormente, é necessário mapear as áreas de risco, com a população que podem ser afetada com a questão da chuva e construir estoques para poder suprir as ausências da sociedade nesse momento, daí nós capacitamos os agentes do poder local para tomar frente disso.

Depois da capacitação tem o monitoramento, caso isso extrapole a capacidade, nós buscamos o apoio do governo federal, com a decretação de estado de emergência e do governo do Estado, com a comprovação de que o município não consegue suprir as suas necessidades. A gente faz capacitação, articulação e acompanhamento do processo.

Caso as chuvas ultrapassem o poder de resposta, daí concentramos no assistencial, com a doação de sestas básicas, material de limpeza, material de higiene, colchões e a remoção de famílias.

Há um trabalho para ajudar na organização dos municípios que se encontram em situação de emergência, visto que a burocracia impedia a liberação dos recursos pelo governo federal?

Neste ano nós já realizamos um curso de capacitação de prefeituras, o que chamamos de plano de resposta e de reconstrução. Atingimos 40 municípios, isso fortaleceu nosso contato com eles. É importante porque, basicamente, o processo começa nas cidades, eles precisam estar com o encaminhamento bem feito para conseguir a captação de recurso em Brasília. Capacitamos e vamos fazer o acompanhamento.

Pretendemos ampliar isso para 80 municípios ainda neste ano, um bom número para esse primeiro ano. Depois de capacitá-los, queremos estar sempre retroalimentando. Estamos trabalhando com as defesas civis, buscando a troca de informações e ampliando a capacidade de produção de documentos.

Qual o corpo físico da Defesa Civil?

Hoje nós somos em 27 pessoas e estamos partindo para uma regionalização. Contamos com o apoio do Corpo de Bombeiros, instituição que temos uma afinidade maior, estamos capacitando os bombeiros para que eles possam fazer essa orientação mais rápida aos municípios.

Alguns locais são monitorados constantemente, como isso acontece?

Esses monitoramento são feitos através das estações meteorológicas, que são automáticas e captam a humidade relativa do ar, chuvas, e o clima em geral, temos essas estações em parceria com a Agência Nacional das Águas (ANA) e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Esses mecanismos captam esses dados, passam para esses dois parceiros e fazemos o acompanhamento do nosso interesse.

Apesar de ter evoluído muito, nem todos os lugares do Estado estão mapeados, então precisamos ampliar a quantidade de estações meteorológicas em Mato Grosso. Estamos identificando esses locais para fazermos a aquisição de máquinas para essa finalidade.

Cito como exemplo os dados que recebemos da ANA, ela só monitora os rios e bacias de maior interesse. Aqui monitoram o Rio Cuiabá, Rio Araguaia e Rio Paraguai, ela não monitora os afluentes desses rios, os pequenos córregos. Nós já temos informações que esses pequenos rios extrapolam em alguns municípios. A nossa ideia é de ampliar esse sistema de monitoramento.

O mesmo também vale para os abalos sísmicos?

Abalo sísmico passa por uma situação diferente porque aqui no Brasil só tem um centro que coleta e faz monitoramento. Mato Grosso é o Estado brasileiro com o maior número de sismos registrados, mas geralmente são de baixo impacto e em regiões pouco habitadas. Fazendo esse acompanhamento junto a Universidade de Brasília (UNB).

O que a população pode esperar da Defesa Civil?

Estamos seguindo uma orientação da Organização das Nações Unidas (ONU) de trabalhar com comunidade resilientes, que é conhecer o problema e buscar uma solução, sem ter que esperar pelo poder público. Ela percebe sobre o problema e tem a capacidade de resolver. O curso de voluntários vem em função disso, de ampliar a capacidade de resiliência, porque sabe que existe um problema e não vai sofrer tanto com ele. Como exemplo, cito uma pessoa que mora em comunidade ribeirinha em que ela sabe que sempre vai encher, não adianta ficar esperando. A pessoa já vai tomando as medidas necessárias, subindo os móveis, levando os animais para outro lugar e buscando abrigo na casa de parentes.

A sociedade resiliente é isso, conhecer seus problemas e buscar soluções por si só. Precisamos reconhecer nossos problemas e aceitar isso. O Chile nos dá grandes exemplos nessa questão. Nos últimos dias eles enfrentaram um grande terremoto e em pouco tempo cidades foram quase que esvaziadas. Essa cultura precisa chegar e a população colaborar para diminuir os efeitos do desastre. Essa cultura de se precaver veio depois do tsunami da Tailândia, em 2006. As pessoas sabiam que a região era perigosa e quando o fenômeno veio, muitas vidas foram ceifadas.

Por THIAGO ANDRADE – Redação/Gcom-MT

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