12/10/2015 16:49
As Nações Unidas ressaltam que a taxa “é significativamente inferior à média de 4% dos anos pré-crise” e reflete “uma ligeira aceleração nas economias desenvolvidas, uma desaceleração moderada nas economias em desenvolvimento e um declínio mais acentuado nas economias em transição”.
Países desenvolvidos – No caso dos países desenvolvidos, a previsão é de crescimento de 1,9% este ano (ante 1,6% em 2014), puxada pela demanda doméstica mais forte. O consumo das famílias será impulsionado pela energia mais barata e preços mais altos dos imóveis residenciais. A manutenção das políticas monetárias com taxas de juros baixas em todas as regiões desenvolvidas e programas de expansão monetária lançados na zona do euro e no Japão influenciam a taxa de crescimento desses países.
Inflação – “Mesmo assim, a inflação deve se manter abaixo das taxas almejadas na maioria dos países desenvolvidos, em parte porque o crédito bancário estagnou e os salários permanecem em níveis moderados”, diz o documento, apresentado no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Insuficientes – Na avaliação das Nações Unidas, porém, nenhum desses fatores parece capaz de alavancar crescimento robusto. Para o secretário-geral da entidade, Mukhisa Kituyi, oito anos após a crise financeira, o mundo ainda não descobriu como mudar a marcha “para alcançar o desenvolvimento econômico global, inclusivo e sustentável”.
Aumento – Para Unctad, os países ricos precisam aumentar a despesa pública, salários e a demanda por bens e serviços para evitar a desaceleração da economia global. A entidade alerta que “há pouca percepção de que as grandes forças em jogo, vêm restringindo a demanda dos consumidores e afetando o investimento privado”, decorrência do declínio dos salários (cerca de 10 pontos percentuais, em média, desde 1980) e da crescente desigualdade na distribuição da renda.
Instrumento fundamental – De acordo com o órgão, o investimento público é instrumento fundamental para enfrentar a estagnação nos países desenvolvidos, uma vez que “os aumentos nas despesas públicas (como em infraestrutura) têm efeitos multiplicadores positivos nas economias em estagnação”. Segundo a Unctad, salários mais elevados reduzem a pressão financeira sobre os regimes previdenciários e permitem que as famílias aumentem os gastos com consumo sem elevar as dívidas. “Há evidências de aumento nos níveis de atividade e de emprego, o que, por sua vez, fomenta o aumento da produtividade, criando um círculo virtuoso de expansão da demanda e da oferta”, diz o relatório.
Endividamento – O relatório também constata que a queda dos preços das commodities, o aumento das taxas de juros, as depreciações cambiais e a lentidão do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global têm dificultado a capacidade de pagamento dos países desenvolvidos. De acordo com a Unctad, os empréstimos do setor público nas economias avançadas lideram o processo de endividamento. No entanto, as dívidas dos países em desenvolvimento – tanto pública como privada – também estão crescendo, “até porque, depois de 2008, as economias em desenvolvimento e em transição tornaram-se o destino mais atraente para os capitais privados em busca de retornos financeiros positivos”.
Emergentes – O relatório destaca que a dívida corporativa externa nos mercados emergentes triplicou, desde 2008, para mais de US$ 2,6 trilhões. “O fácil acesso ao crédito por parte das empresas privadas desses países, ao lado do acompanhamento ineficaz, por parte dos credores, pode se transformar rapidamente num problema bastante sério, caso haja uma mudança de sentimento dos investidores em relação a esses mercados”, alerta.
Financiamento – No relatório, a Unctad defende ação governamental para que os países em desenvolvimento tenham mehores condições de acessar financiamentos internacionais de longo prazo. “Esta tarefa não pode ser confiada exclusivamente aos mercados financeiros. Em vez disso, instituições e mecanismos públicos especializados, projetados especificamente para esta finalidade, serão cruciais”, diz o documento.
Combinação – O secretário-geral do órgão, Mukisha Kituyi, lembra que “os mais bem-sucedidos períodos de investimentos massivos (big pushes) conseguiram combinar com eficiência, de uma forma ou de outra, iniciativas públicas e privadas. Assim, em um sentido muito básico, o financiamento do desenvolvimento é sempre misto. As grandes questões são: quem está fazendo a combinação, como e com que fim?”, questiona.
Bancos de desenvolvimento – Na avaliação das Nações Unidas, os bancos de desenvolvimento, criados especificamente para compensar em curto prazo os fluxos de capitais privados e dos mercados, devem ser fortalecidos. “Nos âmbitos internacional e regional, esses bancos lograram acumular habilidades e conhecimentos extensos ao longo dos anos, mas seu alcance é restringido por sua capacidade limitada de empréstimo”, acrescentando que essas instituições devem ter como foco o apoio a pequenas e médias empresas e os setores da agricultura e inovação.
Fundos – Conforme o relatório, os fundos de riqueza soberana, detentores de mais de US$ 7 trilhões na forma de ativos – dos quais US$ 6 trilhões pertencem a países em desenvolvimento – têm privilegiado projetos nos países desenvolvidos. “Enquanto mais da metade de todos os fundos soberanos investem em infraestrutura (principalmente energia, transportes e telecomunicações), o alvo está muitas vezes em países desenvolvidos, não em países em desenvolvimento”.
Regulação financeira – A Unctad defende uma regulação financeira ousada e um sistema monetário internacional estável e diversificado como forma de controle mais efetivo das finanças globalizadas. Na avaliação dos líderes, é preciso transformar regras financeiras e os acordos monetários existentes, em vez de apenas introduzir ajustes modestos. Para Mukhisa Kituyi, “o relatório destaca o impacto negativo sobre o investimento produtivo dos fluxos de capitais de curto prazo e especulativos”. Segundo ele, o documento propõe “reformas e políticas que, no contexto da nova agenda de desenvolvimento, poderão ajudar a mitigar as recessões e extinguir turbulências financeiras locais antes que elas ameacem engolfar a economia global”.
Adequação – “Níveis de adequação de capital mais elevados e novas medidas para os bancos sistemicamente importantes são iniciativas bem-vindas, mas que ainda permitem uma alavancagem excessiva, ao mesmo tempo que desestimulam os empréstimos para as pequenas e médias empresas”, ressalta a publicação.
Ação – Segundo a Unctad, a ação mais ousada começa com uma estrita separação entre banco comercial e de investimento, inclusive no âmbito internacional, bem como o monitoramento e a regulação do sistema bancário paralelo. Para Kituyi, “uma melhor opção para os países em desenvolvimento talvez seja a de buscar de forma proativa uma série de iniciativas regionais e inter-regionais com os objetivos de promover a estabilidade macroeconômica e financeira regional, reduzindo a necessidade de acumulação de divisas, e fortalecendo a capacidade para lidar com crises de balanço de pagamentos”.
Fonte.: Agência Brasil