BC teme uma crise financeira global

16/02/2016 17:08

Quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidiu não subir a taxa de juros, há três semanas, não foi discutida em todas as dimensões a hipótese de uma crise financeira global. O que parecia estar no horizonte era uma deflação mundial

Leitura – Tudo pode mudar de uma hora para outra nos mercados internacionais, mas hoje uma leitura que se ouve dentro da instituição é que, infelizmente, poderemos ter tanto uma crise como uma onda deflacionária.

Diferença – Para o Brasil, pode fazer uma grande diferença a natureza dos eventos que afetam os mercados. Uma onda deflacionária poderá, em tese, ajudar os esforços do BC para cumprir a meta em 2017. Uma crise financeira, dependendo de sua evolução, pode atuar na direção contrária.

Petróleo – A queda da cotação do petróleo, segundo uma fonte ouvida pelo Valor, teria uma transmissão limitada para a economia brasileira, já que a situação financeira da Petrobras atrapalha a redução dos preços dos combustíveis no mercado interno.

Melhor cenário – O melhor cenário para o Brasil seria uma desinflação global que levasse a políticas monetárias acomodatícias em economias avançadas, sobretudo os Estados Unidos. As indicações mais recentes da presidente do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), Janet Yellen, são de que os juros não subirão mais como previsto.

Política acomodatícia – A política monetária acomodatícia nos Estados Unidos provavelmente derrubaria o dólar no mundo todo, inclusive no Brasil. Um real mais forte poderia, tudo mais evoluindo positivamente, contribuir para fortalecer o cenário de cumprimento do teto de inflação de 2016 e do centro da meta em 2017, que o BC reafirma que são seus únicos objetivos.

Dólar mais barato – Um dólar mais barato não está nas contas de ninguém, nem do próprio BC nem do mercado financeiro. Na ata do Copom, as projeções usam um dólar estável em R$ 4,00. O Top 5 de médio prazo, que reúne as projeções dos cinco analistas que mais acertam as suas previsões, aponta um dólar a R$ 4,41 em 2016 e de R$ 4,74 em 2017.

Abaixo dos R$ 4 – Se a moeda americana cair bem abaixo dos R$ 4,00, devolvendo uma parte das altas do ano passado, o cenário de cumprimento da meta de inflação em 2017 tende a se fortalecer. O cenário de uma eventual crise financeira internacional poderia ser menos favorável, porque no limite impactaria a taxa de câmbio negativamente.

Peso – Para a política monetária, o que conta é como esses fatores internacionais vão pesar no cenário inflacionário. O Copom colocou, em sua última reunião, a taxa de juros “on hold” e não estabeleceu um horizonte preciso de tempo para avaliar o quanto o quadro internacional afeta a inflação dentro do Brasil.

Diagnóstico – Hoje, já existe o diagnóstico dentro do BC de que, dada a enorme importância desses eventos globais, a realidade é que ter aumentado ou não a Selic em janeiro não mudaria muito o comportamento dos mercados ­ salvo expectativas um pouco menos desancoradas.

Avaliação – O BC segue avaliando como as incertezas no cenário internacional, que se aprofundaram nos últimos dias, afetarão o balanço de riscos para a inflação e, sobretudo, o quanto poderá contribuir para fortalecer a trajetória de cumprimento da meta de inflação, de 4,5%, em 2017.

 

Da Redação com informações da Informe OCB