11/03/2016 15:39
Como pequenas e médias empresas podem sair do vermelho na crise. Especialistas dão dicas e orientações de como administrar o acúmulo de dívidas e voltar a lucrar.
O país está passando pela pior recessão dos últimos anos. E, para pequenas e médias empresas, superar essa fase com dívidas acumuladas está cada vez mais difícil.
O consultor financeiro e sócio diretor da Global Trevo, Eduardo Peres, explica que nesse momento de crise as empresas estão passando por uma destruição de receita. “A manutenção do caixa em tempos assim é fundamental”, disse.
“Basicamente, você enxerga que tem um problema financeiro quando o caixa não fecha e começa a ter de recorrer a empréstimos e usar o limite. Uma forma de diagnosticar e controlar isso é ter uma visão panorâmica do resultado”, orienta o consultor financeiro do Sebrae, Wagner Viana.
A seguir algumas medidas que podem ajudar o empreendedor a virar o jogo e tornar sua empresa lucrativa de novo:
Identifique o problema
É importante descobrir o motivo de a sua empresa estar tão endividada — fazer um diagnóstico, por assim dizer. Essa é a primeira sugestão do consultor Wagner Viana. “Não se pode ter uma visão exclusiva de caixa, o quanto entra e sai, apenas com planilhas. É importante ter uma visão estratégica da causa da conta negativa e elaborar uma demonstração de resultados”, explica.
Esse demonstrativo subtrai do faturamento todos os gastos e despesas, separando-os em fixos e variáveis. Outro fator importante nesse demonstrativo é separar outros gastos, como: parcelas de pagamentos de empréstimos e financiamentos, aquisição de ativos, entre outros. “Itens que não são custos de despesa você elimina da apuração de resultados, para ter uma visão só da operação da empresa e quanto esses gastos comprometem o lucro”, explica Viana.
Tenha clientes rentáveis
Focar sua operação e produção em negócios rentáveis é crucial, “mesmo que isso implique numa diminuição de clientes”, segundo a avaliação de Peres. “Mantenha clientes rentáveis para a empresa”, orienta.
Saiba dos seus custos
Outro ponto considerável é verificar se seu quadro de funcionários está adequado para este momento de crise. “Queda de faturamento pode gerar redução de equipe. O empresário tem de saber se seus custos operacionais estão corretos, visando a manter o caixa fluindo dentro da empresa e reduzir ao máximo a exposição financeira”, avalia Peres.
Capital de giro
Pequenas e médias empresas são muito mais dependentes do capital de giro que as grandes, por isso o empreededor deve ter atenção redobrada a esse quesito. “Com o aumento do faturamento, é preciso injetar mais capital de giro, e, quando isso é feito sem planejamento adequado, há problemas no caixa”, explica o consultor do Sebrae.
Negociações
Se nada que for feito internamente for suficiente para tirar a empresa do vermelho, ainda restam as renegociações.
“Conversar com os fornecedores para alongar prazos de pagamento pode ser uma saída. É possível negociar com os bancos e oferecer garantias, como ativos e imóveis para tentar ampliar o prazo de amortização de dívidas, sugere o consultor da Global Trevo.
“Para o alongar o prazo das dívidas é importante avaliar quais contratos valem a pena serem renegociados. É preciso ter uma análise profunda em todas as linhas de crédito que a empresa tem antes de tomar uma decisão”, explica Peres.
Wagner Viana, do Sebrae, concorda. Para ele, esticar uma dívida trará um prejuízo menor que outras formas de refinanciamento. “As opções estão entre antecipação de recebíveis, utilização de limite, comprometimento de recurso para o capital de giro. Assim você prorroga a dívida e a ajusta para a capacidade da empresa. Não se pode comprometer 100% do lucro”, completa.
Por Giovanna Suto no site O Financista