O relógio do impeachment girando mais rápido

14/03/2016 11:11

O relógio do impeachment começou a girar mais rápido em Brasília depois das manifestações que levaram número recorde de pessoas nas ruas de todo o país.

A percepção de maior apoio da população à saída da presidente Dilma Rousseff deve acelerar as estratégias do Planalto para se manter no governo e, do outro lado, a oposição deve pressionar – e ser pressionada – a dar andamento ao processo de impeachment. Com o aumento da possibilidade de interrupção do governo, os mercados devem reagir com o otimismo observado nos últimos dias.

Em Cuiabá, cerca de 50 mil pessoas estiveram nas ruas da cidade se concentrando ao final da caminhada na praça 8 de Abril.

Em Cuiabá, cerca de 50 mil pessoas estiveram nas ruas da cidade, se concentrando na praça 8 de Abril.

De acordo com dados do G1, portal da Globo, com base em dados das polícias estaduais, as manifestações reuniram 3 milhões de pessoas por todo o país no domingo (13). São Paulo teve a maior manifestação política já registrada pelo Datafolha, superando até o movimento pelas Diretas Já em abril de 1984. Cerca de 500 mil pessoas foram às ruas da capital paulista ontem, mais do que o dobro do ano passado.

Cerca de 2km da avenina tomada por manifestantes por cerca de 500 mil pessoas na Avenida Paulista

Cerca de 2km da avenina tomada por manifestantes por cerca de 500 mil pessoas na Avenida Paulista

 

Oposição em baixa

Embora o desânimo da população com a política seja generalizado, com membros da oposição sendo vaiados, como o senador Aécio Neves (PSDB) e o governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), o governo de Dilma é o foco principal do descontentamento e a tradicional reunião de coordenação política das segundas-feiras ganhou um novo peso.

Depois de divulgar apenas uma nota oficial defendendo a liberdade da população de se manifestar em democracias, a cúpula do governo deve traçar uma estratégia para acalmar os ânimos em semana decisiva para o andamento do pedido de impeachment e tentar não perder o apoio que ainda tem no Congresso.

Um dos principais aliados, o PMDB, aprovou em sua convenção no sábado (12) uma moção que proíbe membros do partido de assumir cargos no governo federal nos próximos 30 dias. O partido decidirá nesse período se mantém o apoio ao governo.

Mas esse movimento pode já ter se iniciado nos bastidores. Segundo a colunista da Folha de S.Paulo, Mônica Bergamo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi avisado na sexta-feira (11) que o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB) já deixou de apoiar o Planalto, ainda que negue.

Entre as estratégias do Planalto para reforçar o governo reside na possibilidade de Lula assumir um ministério. Na semana passada, pessoas próximas à Lula disseram que ele daria sua resposta à Dilma nesta segunda-feira. No entanto, para a cúpula do PMDB, isso não resgata o governo da crise. “Nada muda se não mudar a economia”, disse o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira,em entrevista ao Valor Econômico.

O Planalto vê outras maneiras de Lula ajudar o governo. Segundo a coluna Poder, da Folha de S.Paulo, o Planalto reconhece a adesão aos protestos como expressiva, mas aposta nas manifestações pró-governo no dia 18, com a participação do ex-presidente, para mostrar resistência.

 

Impeachment

Enquanto isso, o relógio do impeachment corre. O senador Romero Jucá, vice-presidente do PMDB eleito no sábado (12), afirmou que os protestos devem acelerar o andamento do processo no Congresso. O STF (Supremo Tribunal Federal) decide na quarta-feira (16) o rito a ser adotado pela Câmara para analisar o pedido de impeachment acolhido pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB), que prometeu dar continuidade ao processo tão logo o STF se pronuncie sobre o rito.

 

Pressão em BSB

O MBL (Movimento Brasil Livre) deve ir ao Congresso nesta terça-feira (15) para pressionar parlamentares para acelerar o andamento do processo.

Neste contexto, os mercados internacionais ficam, mais uma vez, relegados ao segundo plano. As bolsas chinesas encerraram em alta com investidores animados com as garantias dadas pelo principal regulador do mercado local que aliviaram os receios de uma enxurrada de ofertas públicas iniciais de ações.

 

Mercado Financeiro

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As bolsas na Europa operam em alta diante da expectativa de que os bancos centrais dos Estados Unidos e do Japão manterão suas políticas monetárias expansionistas nas reuniões marcadas para esta semana.

Os índices futuros norte-americano têm leve queda enquanto os preços do petróleo recuavam mais de 1% nesta manhã.

“A elevada adesão da população nas manifestações contra o governo e o PT neste domingo aumentam as chances de impedimento da presidente. Assim, os ativos domésticos devem manter a tendência dos últimos dias”, afirma a LCA Consultores.

Vale lembrar que a partir desta segunda-feira, o pregão regular do segmento à vista da Bovespa retoma o horário das 10h às 17h.

O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica) do Banco Central, espécie de sinalizador do PIB (Produto Interno Bruto), recuou 0,61% em janeiro ante dezembro, para 135,85 pontos, em dado com ajuste sazonal. O resultado veio melhor que a expectativa do mercado de queda de 0,20%, segundo a Bloomberg News.

 

Da Redação com informações da Agência Estado, O Financista e Diário do Poder.