Mercado reage com suspensão de posse do PTista

17/03/2016 12:38

Suspensão de posse de Lula alimenta otimismo do mercado. Ibovespa sobe mais de 5% e sustenta 50 mil pontos e dólar segue em queda cotado a R$ 3,64.

O principal índice de ações da Bolsa de Valores de São Paulo aumentou os ganhos após o juiz federal Itagiba Catta Preta Neto pedir liminar para suspender a posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro da Casa Civil.

A notícia reforça o bom humor dos mercados após a divulgação de gravação de conversa entre a presidente Dilma Rousseff e Lula sobre o termo de posse. O áudio anima os mercados com o aumento da possibilidade de que Dilma não chegará a 2018 como presidente.

Na conversa, a presidente afirma que enviou “termo de posse” a Lula para utilização em caso de necessidade, o que abriu margem para a interpretação de que a nomeação foi uma manobra para proteger Lula de eventual pedido de prisão pela Polícia Federal. A oposição pede renúncia de Dilma, enquanto manifestantes vão às ruas pelo segundo dia.

“O rali do impeachment ainda está longe de acabar. Enquanto o Executivo pode ter jogado a última carta, os poderes Legislativo e Judiciário ainda estão segurando as suas melhores cartas, e podem fazer isso nas próximas semanas”, disse na quarta-feira (16) o analista para América Latina da Janus Capital, uma das maiores gestoras de recursos do mundo, Dan Raghoonundo. Ele se referia à nomeação de Lula ministro. O ex-presidente toma posse nesta manhã.

“Olhando para os precedentes históricos ao redor do mundo, a situação do Brasil não é atípica. Por exemplo, o escândalo Watergate nos Estados Unidos durou cerca de dois anos e teve muitas reviravoltas inesperadas ao longo do caminho”, diz Raghoonundo.

O rali do impeachment ganha vigor pelo avanço das cotações de commodities no exterior que favorecem papéis com grande peso no Índice Bovespa, como Petrobras e Vale. O preço do barril de petróleo subia e se aproximava de US$ 41 o barril. Já a cotação de minério de ferro teve valorização de 4,7%, cotada a US$ 56,09 tonelada.

No exterior as bolsas europeias recuam, assim como os índices norte-americanos. Na véspera, o Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) informou que passou a trabalhar apenas com dois aumentos do juro básico neste ano, contra perspectiva anterior de quatro aumentos. Isso significa mais liquidez para os mercados.

Por volta de 11h57, o Ibovespa marcava alta de 5,61%, aos 50.419 pontos.

Destaques

– Banco do Brasil saltava 16,14%, liderando os ganhos do Ibovespa e refletindo a avaliação entre investidores sobre os últimos desdobramentos na esfera política. Na esteira, BB Seguridade, que reúne as participações do Banco do Brasil em seguros e previdência, subia 8,17%.

– Petrobras mostrava as preferenciais disparando 13% e os papéis ordinários subindo 9,27%, também sensíveis ao noticiário político, tendo ainda como pano de fundo o avanço do petróleo no exterior.

– Itaú Unibanco avançava 8,91% e Bradesco subia 9,30%, reforçando a trajetória positiva no Ibovespa dado o peso relevante que ambos detêm no índice.

– Vale tinha as ações preferenciais de classe A com valorização de 4,92%, em meio à alta dos preços do minério de ferro. Também estava no radar reportagem do jornal O Estado de S.Paulo de que empresa pode reduzir à metade sua produção de minério de ferro em Minas Gerais.

– JBS subia 5,91%, em sessão volátil, com agentes financeiros também repercutindo resultado do quarto trimestre de 2015 da empresa de alimentos, com queda no Ebitda. A companhia disse ver manutenção de dificuldades na área de bovinos no primeiro trimestre deste ano.

– Suzano e Fibria ocupavam a ponta negativa do Ibovespa, com queda de 5,54% e 5,29%, respectivamente, na esteira da queda do dólar ante o real.

Câmbio e juros

O movimento dos juros futuros e do câmbio expõe o otimismo dos mercados domésticos diante do agravamento da crise política envolvendo o governo federal e também aprofundaram as perdas após a suspensão da nomeação de Lula.

Paira a dúvida sobre a legalidade da divulgação das conversas entre Dilma e Lula, mas o estrago político já está feito. “Independentemente da legalidade ou não da divulgação do diálogo entre o ex-presidente e a presidente, o fato concreto é que ele existiu, evidenciando o esforço para blindar o ex-presidente”, avalia Ricardo Gomes da Silva, superintendente de câmbio da Correparti Corretora.

“Estes episódios reforçam o nosso cenário básico de que a presidente Dilma não terminará o seu mandato, provavelmente pela via do impeachment”, afirma a LCA Consultores, em nota.

Neste contexto, o dólar à vista tinha queda de 2,61%, cotado a R$ 3,6440 depois de ter descido na mínima de R$ 3,6291. Silva não descarta volatilidade na moeda norte-americana ao longo do dia devido ao ambiente de indefinições políticas.

A taxa de juros negociada na BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros) com vencimento em janeiro de 2017 tinha queda de 13,77%, no fechamento do último pregão, para 13,76%. O contrato do juro para janeiro de 2018 recuava de 13,77% para 13,61% e a taxa para janeiro de 2019 caía de 14,24% para 13,94%.

 

Da Redação com informações da Agência Reuters