Obama – Depois de Cuba, agora a Argentina

24/03/2016 10:47

Depois da histórica visita à Raul Castro, Barak Obama visitou Mauricio Macri. Ato leva credibilidade e a volta da Argentina aos mercados globais.

Barack Obama se tornou o primeiro presidente dos EUA a visitar a Argentina em mais de uma década quando Mauricio Macri busca uma reaproximação com a comunidade internacional depois de uma década de isolamento financeiro e diplomático.

Seu antecessor, George W. Bush, durante uma Cúpula das Américas realizada em Mar del Plata em 2005, foi esnobado pelo ex-presidente Néstor Kirchner e enfrentou o desprezo do então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e 30.000 manifestantes rejeitando sua defesa de um acordo de livre comércio regional. Macri, cuja vitória nas eleições de novembro terminou com 12 anos de governo de Kirchner e sua esposa, Cristina Fernández de Kirchner, está tentando reconstruir a reputação da Argentina no exterior, disse o Chefe de Gabinete Marcos Peña.

“Nosso primeiro objetivo é construir a confiança e claramente vemos como um voto de confiança que o presidente tenha vindo”, disse Peña em uma entrevista no palácio presidencial. O governo deve convencer os investidores de que desta vez “vai ser diferente do passado”.

A Argentina, que entrou em default em 2014 depois de se recusar a obedecer a uma decisão judicial de Nova York ordenando que pagasse o valor total aos holdouts de um calote de 2001 foi descrito pelo Tribunal de Apelações dos Estados Unidos em 2013 como “um devedor recalcitrante” e muitas vezes foi acusada de mudar as regras do jogo para os investidores.

Macri, que removeu os controles sobre o câmbio e as taxas de exportação da maioria dos produtos agrícolas, e está perto de fechar um acordo com os credores holdout liderados pela Elliott Management de Paul Singer, disse que espera que a mudança de direção da Argentina atraia US$ 20 bilhões em investimentos estrangeiros este ano.

Olhando para o norte

Obama vê Macri como um aliado depois de uma década em que os EUA foram ignorados em algumas partes da região pelo aumento do sentimento anticapitalista em países como Venezuela, Equador e Bolívia.

As relações com a Argentina eram tão ruins que em um ponto Cristina Fernández afirmou que havia planos para assassiná-la, dizendo que “se algo acontecer comigo, não olhem para o leste, olhem para o norte”.

“Para o governo argentino esta é uma visita que é transcendental para mostrar um perfil mais ocidental”, disse por telefone Juan Gabriel Tokatlian, professor de relações internacionais da Universidade Torcuato Di Tella, em Buenos Aires. “Também é transcendental para os EUA porque este é o primeiro governo na região a triunfar contra o que alguns têm apelidado de maré rosa”.

O sentimento anti-EUA na Argentina ainda é forte em meio à percepção de cumplicidade com a ditadura militar que governou o país de 1976 a 1983. Isso foi agravado pelo momento da viagem de Obama que cai no 40º aniversário do golpe militar. Em uma tentativa de amenizar a situação, o governo de Obama, a pedido do governo argentino, disse que vai desclassificar registros militares e de inteligência sobre o golpe.

Esperanças de negócios

A expectativa do governo argentino é de que a visita de Obama acelere uma onda de investimentos no país pode ser demasiado otimista, disse Tokatlian. Isso vai depender mais da capacidade de Macri de fechar o maior déficit fiscal em quase duas décadas e controlar a inflação de mais de 30%, disse ele.

A chanceler Susana Malcorra na segunda-feira procurou moderar as expectativas sobre a visita, dizendo que nenhum resultado imediato em termos de investimento deve ser esperado.

“A visita do presidente Obama é muito importante para nós porque mostra o interesse e a prioridade que o governo dos EUA colocou sobre o presidente Macri”, disse Malcorra em uma conferência de imprensa em Buenos Aires. “Eu sempre gosto de desmistificar essas visitas, porque não vai ser com a presença do presidente Obama que tudo será milagrosamente resolvido. É o começo de uma jornada, mas é um começo muito auspicioso”.

 

Da Redação com informações da Bloomberg News