28/03/2016 09:34
A semana será marcada pela decisão do PMDB deixar a base aliada do governo, aumentando ainda mais a tensão em Brasília como também dá novo ânimo aos mercados.
A crescente possibilidade da decisão do PMDB em deixar a base aliada do governo aumenta a tensão em Brasília e dá novo ânimo aos mercados. O diretório do PMDB no Rio de Janeiro, o maior e mais influente da sigla, já acenou para o desembarque na quinta-feira (24).
“Esse posicionamento é importante, pois o diretório carioca era o maior aliado da presidente Dilma, além de ser o maior em termos nacionais”, observa a LCA Consultores.
A reunião do diretório nacional do PMDB está marcada para esta terça-feira (29) e o vice-presidente Michel Temer cancelou uma viagem que faria a Portugal para manter reuniões com peemedebistas. O objetivo é buscar a unidade do partido em torno de uma decisão unânime sobre os caminhos que a legenda deve seguir.
“O resultado do diretório do PMDB será o próximo ponto-chave para o mercado, e pode dar mais um fôlego para a bolsa”, avalia o chefe de investimentos da gestora de recursos AZ Quest Investimentos, Alexandre Silvério.
Ao que tudo indica o partido deve romper com o governo, comenta o gestor, mas tudo também vai depender de como será essa saída. “Isso pode adicionar votos do partido na votação em plenário pela admissibilidade do processo de impeachment”, diz Silvério.
Com essa batalha praticamente perdida, o governo começou a oferecer cargos atualmente ocupados por peemedebistas para partidos menores, como PP, PR e PSD, na luta para conseguir os 171 votos necessários para barrar o impeachment na Câmara.
Nas contas de assessores da presidente Dilma Rousseff são aproximadamente 500 cargos que poderão ser utilizados nas negociações, segundo o jornal Folha de S.Paulo.
Além disso, também existe uma pressão para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assuma algum cargo de assessoria do governo para ajudar em toda a articulação.
Uma fonte ligada ao governo afirmou: “Vai ser varejo total, é balcão de feira. O governo vai facilitar a liberação de recursos e atuar com promessa de cargos na estrutura federal para tentar barrar o impeachment na comissão. E sabemos que quem tem voto são deputados e senadores. O foco do governo agora é ir em cima de quem tem voto. Seria gastar energia à toa trabalhar para desmobilizar o PMDB, porque a onda orgânica no partido está muito forte”.
A estratégia agressiva do governo é fundamentada. Até mesmo os líderes dos principais movimentos sociais já admitem, reservadamente, que a queda de Dilma parece inevitável, segundo informações da Folha de S.Paulo.
No mercado internacional, as bolsas chinesas devolveram os ganhos do começo do pregão com a queda de ações do setor imobiliário. Os preços do petróleo sobem.
As bolsas na zona do euro estão fechadas devido ao um feriado e os índices futuros norte-americanos têm leve alta, repercutindo a alta de 1,4% no PIB (Produto Interno Bruto) do quarto trimestre divulgado na sexta-feira (25). O resultado veio acima da expectativa de 1% e fortalece as apostas de um aumento de juros na reunião do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) em abril.
Na agenda do dia, destaque para os dados de renda e gasto pessoal dos Estados Unidos, divulgados às 9h30, e vendas pendentes de moradias, às 11h.
“Com a probabilidade cada vez mais forte do impeachment da presidente Dilma se concretizar, o dólar deve abrir em queda. Entretanto para a semana a volatilidade deve estar presente nos pregões com as notícias políticas de Brasília, números da economia brasileira e dados do mercado de trabalho americano, que podem dar novas pistas sobre os juros americanos”, afirma João Paulo de Gracia Corrêa, superintendente da SLW Corretora.
Da Redação com informações de Marcelo Ribeiro, Weruska Goeking e Gustavo Kahil